Canadá reforça patrulhas aéreas, preocupado com reivindicações russas
O primeiro-ministro canadiano, Stephen Harper, declarou-se hoje "preocupado" com a atitude da Rússia no Árctico, nomeadamente as suas patrulhas aéreas, afirmando que isso o levou a tomar medidas para reforçar a sua soberania no Norte.
Harper era questionado durante uma sessão de campanha para as eleições legislativas de 14 de Outubro sobre uma recente declaração do presidente russo, Dmitri Medvedev, anunciando que Moscovo ia fixar os limites do seu espaço marítimo no Árctico, região que se presume ser rica em hidrocarbonetos.
"Estamos preocupados não apenas com as reivindicações russas(...) mas também com as incursões que testam o nosso espaço aéreo e outras indicações, assim como as acções da Rússia noutras partes do mundo que podem indiciar um desejo de trabalhar fora do quadro internacional", disse, numa alusão à situação na Geórgia.
"Essa é a razão que nos leva a tomar uma série de medidas, incluindo medidas militares, para reforçar a nossa soberania no Norte", acrescentou.
A Rússia retomou nos últimos tempos as suas patrulhas com bombardeiros estratégicos com um longo raio de acção no Grande Norte.
Quarta-feira, o presidente russo, Dimitri Medvedev, anunciou que Moscovo vai fixar os limites do seu espaço marítimo no Árctico e pediu que fosse preparada uma lei para "traçar a fronteira exterior da plataforma continental" russa.
O primeiro-ministro canadiano sublinhou que as reivindicações sobre a plataforma continental do Oceano Árctico devem ser feitas no âmbito de um "processo internacional", na ocorrência a Convenção da ONU sobre o Direito do Mar.
"Vamos prosseguir as investigações (científicas) necessárias para apoiar as nossas reivindicações e continuar a trabalhar no quadro deste processo internacional", prosseguiu, acrescentando: "Esperamos que a Rússia faça o mesmo".
Na quinta-feira, também a Noruega sublinhou que as reivindicações no Árctico deviam decorrer no quadro estrito do Direito do Mar.
"Seria pouco sensato utilizar outros meios que não o que o Direito do Mar nos dá", disse a chefe da diplomacia norueguesa, Jonas Gahr Stoere.
Cobiçados pelos cinco países que confrontam o Árctico (Estados Unidos, Rússia, Canadá, Noruega e Dinamarca), os seus fundos marinhos podem esconder 13 por cento das reservas de petróleo e 30 por cento das reservas de gás natural por descobrir do planeta, segundo os serviços geológicos dos Estados Unidos.
No poder desde o início de 2006, o governo conservador de Stephen Harper fez da defesa da soberania do Árctico e do reforço da sua presença, nomeadamente militar, nesta região, um dos seus cavalos de batalha.
Manobras militares decorreram o mês passado no Grande Norte Canadiano.
Lusa