Já confessei anteriormente a minha dificuldade em entender o raciocinio de Saramago.
Neste ultimo caso, o problema não tem nada a ver com Portugal, mas o que se pode por em causa nos posicionamentos de Saramago sobre a Biblia, é que eventualmente ele tenha sequer tido o trabalho de ler.
Quem não for cristão ou católico, ou mesmo que não tiver religião alguma, poderá sempre olhar para a Bíblia e ver aquilo que na maior parte das vezes eu também vejo:
Um relato sobre determinado período da História. É aliás praticamente o único e um dos mais importantes relatos históricos sobre um periodo em que não se escrevia.
Sendo em grande medida um livro de História, como é que alguém pode achar que tal livro não pode conter uma quantidade de horrores, traições, infidelidades e violências ?
Como é que alguém pode olhar para um livro de História e achar que é um mau livro que não se deve aprender ?
É História por amor de Deus, não pode ser boa, nem má, é o que os autores consideram como factos.
Devemos queimar os livros de História do século XX, porque estão cheios de relatos de guerras, de campos de concentração de Gulags ?
(neste último caso, estou certo de que o Saramago preferia que não se falasse...)
Mas do meu ponto de vista, o mais significativo das palavras de Saramago, foram as suas declarações em que afirma que o livro é impróprio e que deveria ser escondido.
Em 1933, subiu ao poder na Alemanha um senhor que tinha ideias muito parecidas.
Primeiro dizem que os livros não deveriam ser mostrados, depois proíbem os livros, e mais tarde acabam por fazer uma fogueira.
Se alguém tivesse algumas dúvidas sobre quem é realmente Saramago, estas tristes declarações tratariam de desvanecer as duvidas que restassem.
Resta a Saramago acusar todos os que não estão de acordo com ele, de burros, de estúpidos e de gente de vistas curtas.
Resta acusar quem não leu o livro.
E não ler o livro, é afinal o problema de Saramago com a Bíblia.
Problema que teria sido evitado se Saramago a tivesse lido como ela deve ser lida por quem não for religioso: Como um livro de História.
Para criticar a igraja, Saramago está num óptimo país para o fazer. Para criticar os crimes da igreja, Saramago poderia, se fosse um homem honesto, que não é, começar por criticar a igreja católica espanhola, a mais criminosa organização de terror que alguma vez existiu na peninsula.
Mas Saramago não pode arriscar-se a criticar a voz do dono.
Cumprimentos