Caros amigos:
Uma correcção sobre a Operação Barbarossa. Fui consultar o Beaver ("Estalinegrado"), bastante credível, e ele aponta para 3.050.000 soldados alemães mais cerca de 1 milhão de outros países do Eixo (Roménia, Hungria, Itália, Bulgária e divisões SS "colaboracionistas" de quase todos os países europeus ocupados e até a Divisão Azul espanhola onde andaram muitos portugueses (Spínola ?)... Portanto, 4 milhões de homens no total, de facto a maior invasão da história. A média de cada divisão era pois de 20.000 homens.
Sobre as perdas catastróficas dos russos no princípio da guerra: o principal culpado foi Estaline, que nos anos anteriores decapitou o Exército vermelho executanto dezenas de milhares dos seus oficiais, e que não acreditou até ao fim nas informações seguras dos serviços secretos que até indicavam a data da invasão alemã...
A grande novidade militar dos nazis foi a Blitzkrieg, guerra de movimentos rapidos dos blindados que penetravam profundamente nas posições inimigas deixando para trás bolsas com milhões de homens que se viam cercados e cortados de abastecimentos num abrir e fechar de olhos... A França só resistiu a essa tactica um mês. Guderian rompeu em Sedan as suas linhas como já tinha acontecido em 1870 e foi o fim (lembremo-nos que todos estavam ainda habituados à guerra imóvel das trincheiras da I Guerra...) E os "valentes" ingleses só não tiveram a mesma sorte (foi vê-los a fugirem como coelhos em Dunquerque...), por causa da sua vantajosa situação insular e de Hitler ter preferido atacar a leste e não a GB...
Sim, os russos tiveram milhões de baixas, mortos ou prisioneiros, nos catastróficos primeiros meses de guerra. A sua salvação é que Estaline (o maior criminoso da História) não tentou dirigir pessoalmente as operações (como fez Hitler) e deixou alguns bons militares sobreviventes (Joukov) trabalhar à vontade...
Sim , os russos pediam desesperadamente, sobretudo antes de 43, a abertura de uma segunda frente no ocidente para aliviar a pressão esmagadora da besta nazi (toda a Europa, à excepção de 4 neutrais, Suiça, Suécia, Espanha e Portugal, e da insular e neutralizada GB, era então nazi, aliada ou ocupada por estes, e todo esse peso foi suportado apenas pela Rússia durante anos e anos. Daí as baixas enormes...
Mas os EEUU, que nunca gostaram de arriscar homens no terreno, preferindo atacar dos céus e mandar outros combater por eles estavam perfeitamente satisfeitos com a situação de ser os russos a pagarem o grosso da factura e limitaram-se a ajudá-los logisticamente através de Murmansk (material ferroviário, alimentos, camiões, etc.). Quando vieram à Europa, a vitória já era certa (os russos já tinham invadido a Prússia...) e foi sobretudo para evitarem que os russos chegassem ao Atlântico e impusessem o comunismo em toda a Europa (aí a sua intervenção foi altamente positiva...).
Quanto à "táctica" russa de não olhar a baixas. Cada um explora o seu forte. E, pelo menos até 43, a inferioridade táctica , de armamento e moral dos russos era catastrófica. Restava-lhes as reservas humanas dos Urais e Sibéria e um território imenso para recuarem. Foram empurrados milhares de Km em todas as frentes, cidades inteiras foram arrasadas, milhões capturados e mortos à fome em em campos de concentração. O colapso total parecia impossível de evitar. Mas os alemães apesar de falarem em "cruzada bolchevista" não queriam libertar os russos. Queriam esmagá-los, exterminá-los, como sub-homens (Untermenschen). Lembra o Iraque de hoje e o slogan da "democratização"... Por isso, se a princípio foram acolhidos como libertadores, sobretudo na Ucrânia, as barbaridades que cometeram, cedo viraram toda a população contra eles e a resistência na retaguarda engrossou. Note-se: a resistência foi da Mãe Pátria Rússia e não do comunismo... Os heróis do passado (Alexandre Nevsky e Suvorov vencedores dos Cavaleiros teutónicos e de Napoleão) eram celebrados...
Os soldados sobreviventes que recuavam contavam histórias terríveis da superioridade alemã, que esmagava tudo à passagem, fosse qual fosse o heroísmo dos defensores. Chegou-se a um ponto que para evitar o colapso moral das tropas, era preferível que morressem no posto do que retirar um só metro. Houve coisas terríveis, como unidades dizimadas (passadas em revista e de dez em dez um soldado era abatido com um tiro na cabeça), A NVKD, polícia política, seguia as tropas com a missão de fuzilar sumariamente todos os que recuassem, comandantes vencidos eram obrigados a suicidarem-se, etc.
Em Estalinegrado a relação de forças começou a equilibrar-se (a luta casa a casa e não em campo aberto, permitia-o...) e quando os combates na cidade propriamente dita estavam quase perdidos (restavam três pequenas bolsas na margem ocidental do Volga, onde se dintinguiu a divisão Rodintsev, a mais heróica de todas), Jukov conseguiu, num extraordinario golpe de rins, pela primeira vez fazer aos alemães o que estes tantas vezes tinham feito: fechar as tenazes e encerrá-los na "caldeira". O moral das tropas subiu imenso e as tenazes continuaram a apertar até fins de Janeiro de 43 quando o marechal Von Paulus, 18 generais e os sobreviventes do VI Exército se renderam... A sorte das armas, até aí, totalmente do lado nazi, virou então definitivamente e a longa e sangrenta caminhada até Berlim começou ...
Hoje na Colina Mamaya que domina Estalinegrado (Volgogrado), e onde a terra está mais empapada de sangue que em qualquer outra parte do mundo (foi tomada e retomada várias vezes) ergue-se a maior estátua do mundo, a Mãe Rússia, de espada desembaínhada...
Kursk foi mesmo a maior batalha de blindados da história. Na guerra dos 6 dias, além de o número de blindados no Sinai ser inferior, não houve batalha de blindados. Depois de numa hora ter destruído no solo a aviação egípcia num ataque surpresa, seguiu-se o "tiro aos patos" da aviação israelita às forças e blindados egípcios no deserto no Sinai... Como se sabe, no deserto e sem cobertura aérea...
Sobre a batalha de Berlim em que morreram 250.000 russos: não me parece que os alemães entregassem alguma vez a cidade sem luta aos russos. A ordem era para resistir até ao fim. Hitler só se suicidou quando os russos estavam já a 200 metros do seu bunker... e desde as juventudes hitlerianas (mesmo com 12 anos...) até velhos de 70 anos todos foram obrigados a pegar nos Panzerfaust... Se os americanos quisessem conquistar Berlim (ainda não tinham a "cobarde" bomba atómica...) teriam que pagar o mesmo o preço de sangue. Cada rua, casa, cada janela foi conquistada com sangue. É certo que muitos alemães preferiam render-se aos ocidentais, mas no leste a luta era até ao último cartucho...
Quanto à minha posição política: sou liberal, anti-comunista e europatriota, além de anti-neoconservador ou anti-buSSho-SSharonesco. No fórum do Expresso sou o "euroliberal" e antes era o "anticomuna"... Tudo claro ?
saudações europatrióticas