Vamos ver se consigo sintetizar a questão, sem perder a paciência... :roll:
Quem lesse isto, poderia partir do principio de que a França desenha agora os submarinos nucleares, com base nos estudos do Scorpéne. :roll:
Old -> Em primeiro lugar, o Scorpéne é o submarino que os franceses desenharam, juntando as características dos submarinos Agosta, com novas técnicas e design de casco desenvolvidos com os subs nucleares franceses.
O Scorpéne é um navio, ou melhor, um projecto de navio que os franceses desenharam, e cuja construção obedece a um contrato entre duas entidades. A Navantia e a DCN.
A partir de aí, há duas realidades:
Realidade 1: O Scorpéne "100% espanhol" (chamado S-80)
Realidade 2: O Scorpéne 100% francês (chamado Marlin)
A diferença, são as alterações pontuais que permitem do ponto de vista legal apresentar o submarino com outro nome e obedecendo a regras comerciais diferentes.
Os franceses, evidentemente não gostaram que os espanhóis tivessem agarrado no projecto e começassem a colocar-lhe sistemas completamente diferentes, nomeadamente contratando com os americanos o fornecimento do sistema de combate.
¿Sabe usted cual es la diferencia entre un Dafne o Agosta y un Scorpene?
Se la explicare: Los primeros son submarinos Franceses y el Scorpene es un Submarino Franco/Español o hispano/frances
Eu creio, que quem não "pesca" nada do assunto caro old, é você.
Não é por o participante "old" do forum defesa estabelecer essas diferenças que elas passam a ser reais.
Primeiro, o old vai ter que convencer a Jane's, o RUSI, os editores de sites como o Defense Industry, Mer et Marine, Global Security, FAS, e muitos outros.
Não é ao pessoal do Fórum Defesa que você tem que dizer isso. Tem que explicar isso a praticamente toda a gente no planeta terra que trata com assuntos de defesa, porque só os espanhóis (e mesmo assim poucos) é que afirmam que o Scorpéne espanhol, não é de facto um Scorpéne.
El S80 ya es un Submarino español, bajo licencia española. A esos pequeños pasos se les llama desarrollo o progreso o independencia. No se obtiene de un dia para otro y ahi esta la historia para demostrarlo.
Mais uma vez, é o old quem afirma isso.
O que sabemos, é que o Scorpéne espanhol, baptizado (S-80), terá um projecto 66% francês (para ser lisonjeiro para com os espanhóis), motores alemães, sistema de combate americano, mastros e periscópios fabricados na Itália, um sistema AIP desenvolvido nos Estados Unidos, e o próprio metal do casco terá que ser importado.
A Espanha entra com a mão de obra, que será provavelmente espanhola...
E com o dinheiro, claro.
Isto não tem nenhum problema, muitos países o fazem e muitas vezes com sucesso. Mas a realidade objectiva, nua e crua, é a que é. Os atrasos existem, evidentemente. E são os atrasos que estão a provocar os problemas e as dúvidas, porque os atrasos podem fazer o projecto atingir preços astronómicos.
A Itália tinha planos nos anos 80/90 para construir uma nova classe de submarinos, mas os engenheiros italianos concluíram em 1995, que não conseguiriam produzir o submarino em tempo útil, pelo que optaram por comprar os direitos de produção do U212 e entraram em negociações com a Alemanha.
Custe a quem custar, a Itália tinha uma experiência no fabrico de submarinos que data do inicio do século.
A Espanha não tem a mesma experiência, e portanto está perante o mesmo dilema.
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Já agora, e uma vez que infelizmente os participantes espanhóis estão algo por fora do assunto, o que é no mínimo estranho, embora não surpreenda, acrescento uma nota importante:
O problema principal dos espanhóis, neste momento é o AIP.
Eles andaram a fazer estudos durante muito tempo sobre o sistema AIP e não conseguiram chegar a lado nenhum. O tempo de investigação nestes assuntos é muito grande e a Alemanha, demorou 20 anos para fazer o que os espanhóis queriam fazer em três ou quatro.
Foram forçados a contratar o desenvolvimento do sistema AIP aos americanos.
Há no entanto uma questão que ainda se levanta para os espanhóis, e que seria resultado de dores de cabeça infindáveis para qualquer projectista.
Ao contrário dos AIP dos alemães, que levam as células de combustível e a bordo transportam o oxigénio e o hidrogénio, os espanhóis querem tentar dar um passo em frente, fazendo o mesmo que os alemães estão a tentar fazer, ou seja:
Muito por alto, procura-se criar um sistema que permita converter Etanol em Hidrogénio, e produzir o Hidrogénio à medida que é preciso para alimentar as pilhas PEM.
Ora é aqui que neste momento está a dor de cabeça dos espanhóis.
Eles não estão a conseguir grandes progressos nesta questão, e se não andarem suficientemente depressa, a única solução que têm é a de recorrer ao transporte de Hidrogenio (como no caso dos U-214)
O problema, é que para transportar Etanol, o Scorpéne está preparado (O sistema MESMA, queima Etanol e Oxigénio) e por isso o submarino está preparado para o transportar.
MAS, se os espanhóis não conseguem resolver o problema de transformar Etanol em Hidrogénio com grande grau de pureza, então o Scorpéne, não tem lugar para colocar os tanques de Hidrogénio, e para se colocar os tanques, o navio tem que ser redesenhado.
Há quem diga, que a Navantia não tem os técnicos suficientes para desenhar um submarino quase de raiz, e que por isso a situação está preta.
Os estudos de estabilidade do Scorpéne, feitos pelos franceses, consideram a necessidade de transportar o Etanol, e não há espaço no navio para colocar tanques pesados na parte inferior. O que quer que se faça de diferente, levará à possibilidade de desequilibrar todo o navio. É uma alteração estrutural tremenda.
Se os espanhóis tivessem capacidade para de facto desenhar um Scorpéne novo, este problema não se colocava. Mas como a Navantia está "agarrada" ao projecto do Scorpéne, ela não pode fazer mais nada que não seja esperar que o sistema de produção de hidrogénio saia rapidamente.
Portanto:
Além do problema do atraso nos estudos dos sistema AIP, o outro problema dos espanhóis, é o módulo que tem que converter Etanol em Hidrogénio.
Um não funciona sem o outro, e sem eles, o Scorpéne espanhol terá como hipóteses ou sair sem AIP, ou então optar pelo MESMA.
Não sei se fui suficientemente esclarecedor, mas estas são as informações mais fidedignas que consegui encontrar e cruzar.
Se houver alguma informação em contrário, ou algum dado publicado na Internet que possa contribuir para confirmar (ou não) estes dados, agradeço que alguém diga.
Mas aviso desde já:
Se continuarmos neste tópico com discussões absurdas sobre orgulho hispano e afins, solicitarem a um moderador que faça qualquer coisa, uma vez que não posso ser juiz em causa própria.
Este fórum tem secções especificas para tratar temas políticos guerras e conflitos com os espanhóis, mas estes tópicos devem ficar isentos deles tanto quanto possível.
Cumprimentos