Crianças espanholas aprendem português

  • 4 Respostas
  • 4328 Visualizações
*

hellraiser

  • Membro
  • *
  • 260
  • +0/-4
Crianças espanholas aprendem português
« em: Fevereiro 04, 2007, 05:17:19 am »
Citar
Uma localidade fronteiriça, na raia espanhola, decidiu começar a ensinar português a 235 crianças, entre os três e os cinco anos. A ideia é que os alunos tenham a possibilidade de aprender dois idiomas em paralelo, aproveitando a facilidade com que adquirem conhecimentos linguísticos no início da fala. As aulas são ministradas por uma portuguesa que um dia decidiu experimentar a sua sorte no país vizinho e por lá ficou. O projecto é financiado pelo Gabinete de Iniciativas Transfronteiriças da Junta da Extremadura e os resultados, esses, não se fazem esperar.

"Fecha a porta", "senta-te", "levanta-te", "apaga a luz". Eis as expressões mais bem assimiladas pelas crianças que agora começaram a contactar com o português no Colégio Camilo Hernández, em Coria, concelho localizado a norte de Valência de Alcântara, junto à fronteira com Marvão. Pode parecer pouco, mas não é, de facto.

Basta levar em linha de conta que Pablo, de quatro anos, fecha a porta da sala, quando lhe pedem em bom português, mas o avô, de 56, hesita. "Fechar significa cerrar la puerta?", pergunta ao neto, que lhe responde afirmativamente. Manuel Rejas justifica que o nosso idioma "é muito fechado" e que apesar da proximidade com Portugal nunca se sentiu atraído pelo português e mesmo quando vem cá fazer compras só fala castelhano. "Vocês percebem sempre o que dizemos", remata.

A nora não pensa da mesma forma. Também ela sabe pouco, muito pouco, da língua da Camões e isso já lhe custou uma não promoção na carreira, tendo sido ultrapassada por uma colega, bem mais nova, num estabelecimento comercial local, justamente porque falava a nossa língua "quase correctamente". Por isso, decidiu pensar no futuro do filho. "Hoje, por aqui, o português é mais importante que o inglês. Quem não o dominar vai arrepender-se e não chega começar a aprender em adulto, porque depois há sempre coisas que vão faltar", alerta Cristina Soley, revelando que tudo fará para que o seu menino cresça a aprender castelhano e português, simultaneamente. "É a única hipótese", sustenta.

O discurso de Cristóbal Herrero, pai de uma menina com três anos, vai ao encontro desta ideia. Susana ainda pouco fala, mas já sabe que "perrito" se diz "cão" e que "deitar" significa "acostar". Mas o pai desta pequena vai mais longe, ao ponto de ter comprado cassetes de vídeo e DVD com desenhos animados, cujos diálogos são em português. "Talvez por trabalhar no sector hoteleiro e ter de contactar frequentemente com portugueses esteja mais sensibilizado para este fenómeno", refere, admitindo existirem palavras que "são quase imperceptíveis para quem não tem um ensino luso de berço".

Há quem não pense assim e encare mesmo com "muita desconfiança" esta recente aposta, olhando para as aulas de português com alguma indiferença. Maite Gomez acha que "as crianças não aprendem nada" e mesmo que aprendam alguma coisa, para esta mãe, "de pouco serve" para a vida do pequeno Juan.

É aqui que reside o maior desafio da professora Mónica Vieira Gonçalves. A docente admite ter vindo a debater-se com a reprovação de alguns encarregados de educação, que consideram a iniciativa supérflua. "Infelizmente, há pessoas com uma mentalidade muito fechada que acham que isto não serve para nada e ao princípio não é fácil", admite, dando conta de crianças que não manifestam qualquer interesse pelas suas aulas. "Nós sabemos que os miúdos são o reflexo dos pais e eu penso que quando um aluno não liga ao ensino do português está a sofrer uma influência que vem da própria casa", diz ao DN, garantindo já ter casos de pais que "torceram o nariz" ao projecto e que mais tarde deram a mão à palmatória.

"Os pais ficaram surpreendidos com a aprendizagem dos filhos, porque as crianças absorvem tudo, como esponjas. Isso tem contribuído para mudar, um bocado, a mentalidade desta gente", justifica Mónica Gonçalves, alertando que a maior prova da simpatia que esta aposta está a conquistar na Extremadura espanhola é a dificuldade em conseguir apoios do Gabinete de Iniciativas Transfronteiriças para o projecto, dada a quantidade de candidaturas que surgiram em toda a região.


fonte:

http://dn.sapo.pt/2007/02/04/sociedade/criancas_espanholas_aprendem_portugu.html
"Numa guerra não há Vencedores nem Derrotados. Há apenas, os que perdem mais, e os que perdem menos." Wellington
 

*

Jose M.

  • Perito
  • **
  • 598
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #1 em: Fevereiro 04, 2007, 09:24:26 am »
As minhas filhas estao a aprender portugues na sua escola do estado em Badajoz. Acho que na raia é mais importante o portugues que o ingles (que é fundamental )

Cumprimentos
 

*

Cabeça de Martelo

  • Investigador
  • *****
  • 23431
  • Recebeu: 4314 vez(es)
  • Enviou: 3050 vez(es)
  • +3273/-4590
(sem assunto)
« Responder #2 em: Fevereiro 04, 2007, 02:01:30 pm »
É normal...se formos a ver nas zonas fronteiriças o pessoal por norma sabe falar as duas linguas.
Contra a Esquerda woke e a Direita populista marchar, marchar!...

 

*

João Oliveira Silva

  • Membro
  • *
  • 195
  • +1/-0
(sem assunto)
« Responder #3 em: Fevereiro 04, 2007, 10:27:49 pm »
Eu também acho muito normal. Nestas zonas de raia e não só devia ser normal os espanhóis falarem português e os portugueses falarem castelhano.

O que acho estranho é a iniciativa dos espanhóis: ensinarem português aos miúdos. Para a minha mentalidade isto não me afecta, não deixo de ser português, agora para a mentalidade espanhola....

E sei do que falo porque trabalho numa empresa onde há empregados espanhóis.

Cumprimentos,
 

*

manuel liste

  • Especialista
  • ****
  • 1032
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #4 em: Fevereiro 05, 2007, 11:10:18 am »
Citação de: "Cabeça de Martelo"
É normal...se formos a ver nas zonas fronteiriças o pessoal por norma sabe falar as duas linguas.


Non é tan así, pero boa parte dos españóis perciben o portugués falado se a persoa quere facerse entender. E os galego-falantes o teñen máis doado todavía.

A realidade é que un castelán-falante percibe mellor o portugués que outra língua calquer. Algo mellor que o italiano e moito mellor que o francés. Os catalán-falantes perciben algo mellor o francés, pois o catalán é máis preto do francés que o castelán, obviamente.

En canto á ensinanza de portugués, atópoa normal nas zoas de fronteira. En Tui xa se está a ensinar, creo, pero o problema coas línguas extranxeiras é a competencia. O inglés ten prioridade en todos os plans de estudios de España dende há décadas, e o francés tamén é unha língua moi ben considerada e con amplia presencia no mundo da empresa. O problema co portugués é que ten difícil bater a esas dúas línguas, e tras delas todavía ven o alemán.

Persoalmente, creo que há espazo para o ensino do portugués polo menos nas comunidades arraianas.