Dizer que a legalização das drogas leves leva ao consumo de drogas duras é demagogia. Alias uma breve pesquisa no google mostra isso mesmo. Na Holanda ao contrario do que se possa pensar, o consumo de drogas duras não aumentou, muito pelo contrario baixou. Aumentou a qualidade da cannabis "comercializada", e acabou-se com a criminalidade associada ao trafico de cannabis.
Falando agora nos efeitos nefastos para o corpo humano, ha muita desinformação neste campo. Estudos mostram que uma utilização diária e intensiva durante 15 anos, reduzem a capacidade de memoria e de concentração entre 2% a 5%. Ao contrario de outras drogas a Cannabis não é adictiva, a cafeína, nicotina ou o álcool, já o são. Em 1990 um estudo revelou a existência de receptores canabianos localizados pelo corpo e cérebro, essa presença sugere que o THC (principal substancia psico-activa encontrada na cannabis) afecte o cérebro da mesma forma que a natural bio-química cerebral.
É agora sabido que estes receptores cannabianos aparecem em formas similares na maioria dos vertebrados e têm uma longa historia evolucional de 500 milhoes de anos. O facto de estes receptores terem sido conservados durante este tempo indica que terão tido um papel básico na fisiologia animal. Estes receptores diminuem a actividade ciclase adenilato, inibem as ligações Calcio-N e desinibem as ligações K+A. Este receptores dividem-se em dois grupos CB1 e CB2. E passo a citar:
The CB1 receptor is found primarily in the brain and mediates the psychological effects of THC. The CB2 receptor is most abundantly found on cells of the immune system. Cannabinoids act as immunomodulators at CB2 receptors, meaning they increase some immune responses and decrease others. For example, nonpsychotrophic cannabinoids can be used as a very effective anti-inflammatory.[3] The affinity of cannabinoids to bind to either receptor is about the same, with only a slight increase observed with the plant-derived compound CBD binding to CB2 receptors more frequently. Cannabinoids likely have a role in the brain’s control of movement and memory, as well as natural pain modulation. It is clear that cannabinoids can affect pain transmission and, specifically, that cannabinoids interact with the brain's natural opioid system acting as a dopamine agonist.[4] This is an important physiological pathway for the medical treatment of pain.
The cannabinoid receptor is a typical member of the largest known family of receptors called a G protein-coupled receptor. A signature of this type of receptor is the distinct pattern of how the receptor molecule spans the cell membrane seven times. The location of cannabinoid receptors exists on the cell membrane, and both outside (extracellularly) and inside (intracellularly) the cell membrane. CB1 receptors, the bigger of the two, are extraordinarily abundant in the brain: 10 times more plentiful than μ-opioid receptors, the receptors responsible for the effects of morphine. CB2 receptors are structurally different (the homology between the two subtypes of receptors is 44%), found only on cells of the immune system, and seems to function similarly to its CB1 counterpart. CB2 receptors are most commonly prevalent on B-cells, natural killer cells, and monocytes, but can also be found on polymorphonuclear neurtrophil cells, T8 cells, and T4 cells. In the tonsils the CB2 receptors appear to be restricted to B-lymphocyte-enriched areas.
THC and endogenous anandamide additionally interact with glycine receptors.
Cannabis also contains a related class of compound: the Cannaflavins. These compounds have been suggested to contribute certain effects of cannabis, such as analgesia and anti-inflammatory properties, and are considerably more effective than aspirin. Cannaflavins usually contain a 1,4-pyrone ring fused to a variedly derivatized aromatic ring and linked to a 2nd variedly derivatized aromatic ring and include for example the non-psychoactive Cannflavin A and B.
A substancia psico-activa encontrada na cannabis (THC), é lipo-solúvel ou seja é dissolvida em lípidos (gordura). Este facto implica que a sua eliminação do corpo seja lenta e gradual, não existindo assim sintomas de "ressaca" e ajudando a impedir efeitos adictivos. Por exemplo o tabaco tem uma taxa de adição superior a 90% enquanto que da cannabis e cerca de 50 vezes inferior à da cafeína. O tabaco mata 500 000 pessoas por ano, devido as substancias cancerígenas resultantes da combustão do alcatrão com outras substancias utilizadas para potenciar o aroma. Existem mais de 4000 substancias no tabaco 43 delas já provadas como cancerígenas. São mesmo encontrados vestígios de Chumbo-210 e polónio-210 (lembram-se do russo que foi envenenado em Londres?) no tabaco. Pelo contrario quando cultivada de forma correcta e consumida apresenta riscos substancialmente inferiores e por vezes ate protectores. e passo a citar a BBC:
Cannabis smoke is less likely to cause cancer than tobacco smoke, a leading US expert says.
Dr Robert Melamede, of the University of Colorado, said that, while chemically the two were similar, tobacco was more carcinogenic.
He said the difference was mainly due to nicotine in tobacco, whereas cannabis may inhibit cancer because of the presence of the chemical THC.
Aparte de a o principio activo da cannabis poder ter efeitos preventivos relativos ao cancro, o que ainda esta em estudo, tanto a combustão do tabaco como de "erva" libertam compostos químicos similares como o monóxido de carbono, como explicar a que o tabaco cause cancro e ate hoje não existam casos de cancro devido a cannabis"? Como já foi dito a nicotina é cancerígena e o thc poderá ate ser protector, o tabaco é também repleto de aditivos para dar aroma, retardar combustões ou ate o facto de um fumador de cannabis necessitar de de muito menos exposição para a satisfação que um fumador de tabaco. Resumindo, o tabaco é muito menos psicoactivo e no entanto muito mais nefasto para a saúde, ao contrario da cannabis que é muito mais forte a nível cerebral, tendo muito menos produtos cancerígenos e apresentando menos riscos, e sem sequer ser aditivo. Passando aos efeitos em si ("a moca"), estes podem variar bastante conforme o tipo de cannabis (espécie) e a forma como esta de apresenta, a planta, resinas etc. A maior diferença entre todas e geralmente a duração dos efeitos, e a relação tempo/intensidade do seu efeito. Por exemplo a chamada erva, actua lenta e suavemente e é mais duradoura, já o chamado haxixe (resina) actua de forma muito mais rápida e intensa e a duração dos efeitos é também de tempo mais reduzido. Os efeitos físicos vão desde a desidratação, relaxar dos músculos e como resultado disso a pressão intra-ocular baixa o que causa as conhecidas e características olheiras, a pressão arterial e o ritmo cardíaco baixa e a velocidade/frequência das ondas cerebrais alfa também baixa. No entanto ao contrario do álcool por exemplo, não existe um desfasamento da realidade, pelo contrario, a capacidade de concentração e eliminação dos chamados ruídos brancos aumenta, e não há perda de muito acentuada de memorias. Instala-se uma sensação de bem estar geral e de relaxamento, que potencia o riso e por vezes a euforia.
Com isto não pretendo defender que devamos todos consumir. Pelo contrario, como tudo o que tem potenciais riscos não deve ser usado de forma leviana. Pessoalmente geralmente utilizo sozinho enquanto bebo uma cerveja e oiço um CD da Dido e ate leio um livro (ainda a semana passada li o "Sentimento de Sí" do António Damásio), depois de um dia cansativo. Não tenho qualquer adição nem conheço quem tenha, e devo referir que 90% das pessoas coma minha idade que conheço consomem. Também não conheço quem tenha de roubar para comprar cannabis. Também não conheço ninguem que tenha passado de cannbais para as drogas duras. Todas as pessoas que consomem cannabis que eu conheço, funcionam, são cidadãos normalíssimos, integrados na sociedade, desde professores de filosofia a estudantes de medicina. O meu caso em particular é um exemplo disso, trabalho, já estudei e tenho um futuro planeado, onde o estudo faz parte, gosto de saber o que se passa no mundo, interesso-me por historia e filosofia mas a minha paixão é mesmo a ciência. Pratico desporto de forma regular e diária, e já cheguei a fazer competição. E como eu é a grande maioria dos consumidores de cannabis. Que fogem bastante ao estereotipo do "drogado" que começa na "ganza" e depois parte para ondas mais duras, que rouba e se prostitui pela dose.