O Desejo de um Bombeiro.. [Para reflectir..]

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Tropinha

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O Desejo de um Bombeiro.. [Para reflectir..]
« em: Dezembro 18, 2006, 01:23:08 am »
Gostaria que lessem com atenção este poema, e que reflectissem um bocado antes de dizer o que pensam..ou ate para pensarem nisto antes de insultar como acontece muitas vezes...(nao estou a apontar o dedo a ninguem, mas ja me aconteceu muitas vezes..)



                                                  O desejo de um bombeiro.....
                                                    “Desejava que pudesses...”

Desejava que pudesses ver
A tristeza de um homem de negócios quando o trabalho da sua vida desaparece em chamas
Ou uma família que regressa a casa e apenas encontrar a sua casa e os seus pertences danificados ou destruídos

Desejava que pudesses saber
O que é procurar num quarto a arder por crianças presas
As chamas por cima da tua cabeça, as palmas das mãos e os joelhos a queimaram enquanto tu rastejas
O chão a ranger com o teu peso, enquanto a cozinha arde por baixo de ti.

Desejava que pudesses compreender
O horror de uma esposa quando às 3 da manhã verifica que o marido não tem pulso
Inicio o RCP (Reanimação Cardio-Pulmonar) na mesma, esperando uma hipótese muito remota de trazê-lo de volta
Sabendo instintivamente que era tarde demais
Mas querendo que a família soubesse que tudo o que era possível foi feito

Desejava que pudesses saber
O cheiro único de uma queimadura, o gosto da saliva com sabor a fuligem
Sentir o intenso calor que passa através do equipamento, o som dos estalos das chamas
A sensação de não conseguir ver absolutamente nada através do fumo denso
Sensações que se tornaram muito familiares para mim

Desejava que pudesses compreender
Como nos sentimos ao ir para o trabalho de manhã após passarmos a maior parte da noite suando com o calor de diversas chamadas de fogo

Desejava que pudesses ler
O meu pensamento quando respondo a uma chamada para um edifício a arder,
“Será falso alarme ou um enorme incêndio? Como será a construção do edifício? Que perigos esperam por mim? Estará alguém lá dentro ou saíram todos?”
Ou para uma chamada de socorro, “o que se passará com o doente? Será que a pessoa que telefonou está mesmo em apuros ou estará à minha espera com uma arma? “

Desejava que pudesses estar
Na sala de reanimação quando o médico decide anunciar a morte da linda menina de cinco anos que tenho tentado salvar durante os 25 minutos anteriores, e que nunca irá ter o seu primeiro namorado, nem nunca mais irá dizer “gosto muito de ti, mãe”

Desejava que pudesses saber
A frustração que sinto na cabina do auto tanque, o motorista com o acelerador a fundo, o meu braço a tocar a sirene vezes sem conta quando não se consegue passar por um cruzamento ou no meio do trânsito. Quando vocês precisam de nós, no entanto, o primeiro comentário quando chegamos será “levaram muito tempo para cá chegar”

Desejava que pudesses ler
Os meus pensamentos enquanto ajudo a retirar os restos de uma jovem do seu veículo contorcido, “e se fosse a minha irmã, a minha namorada ou alguma amiga? Qual será a reacção dos seus pais quando abrirem a porta e verem os polícias?”

Desejava que pudesses saber
Como é entrar em casa e cumprimentar a família não tendo coragem para lhes dizer que quase não voltei da última chamada.

Desejava que pudesses sentir
Os meus sentimentos quando as pessoas verbalmente, e às vezes fisicamente, nos maltratam ou subestimam o que fazemos, ou quando têm a atitude “isto nunca me aconteceria”

Desejava que pudesses perceber
A instabilidade mental, emocional e física de refeições perdidas, sonos perdidos e a falta de actividades sociais associado a todas as tragédias que os meus olhos já viram

Desejava que pudesses saber
A irmandade que existe e a satisfação de ajudar a salvar uma vida, a preservar as coisas de alguém, a estar “lá” nos tempos de crise ou a criar ordem quando existe um caos total.

Desejava que pudesses compreender
Como nos sentimos quando temos uma criança a puxar-nos o braço e a perguntar “a minha mãe está bem?” sem sequer de conseguir olhar nos seus olhos sem deixar cair umas lágrimas e sem saber o que responder. Ou ter de segurar um amigo de longa data enquanto o seu companheiro vai na ambulância a receber respiração boca-a-boca. Sabendo de antemão que ele não trazia o cinto de segurança posto.
Sensações que me ficaram muito familiares.

A menos que tenha vivido este tipo de vida, nunca conseguirá entender verdadeiramente ou apreciar QUEM EU SOU, O QUE NÓS SOMOS OU O QUE O NOSSO TRABALHO SIGNIFICAM REALMENTE PARA NÓS.
Rompendo as dunas da praia,
Ao chegar a tua vez,
Mostra a fibra de que és feito,
Fuzileiro Português.

Sente o teu dever cumprido,
Sem ângustias nem porquês,
E serás, por toda a vida,
Fuzileiro Português.
 

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Doctor Z

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    • http://www.oliven
(sem assunto)
« Responder #1 em: Dezembro 20, 2006, 12:03:36 pm »
Pessoalmente, considero que é uma das profissões mais nobre que existe e
é preciso ter muita coragem para ser bombeiro.
Blog Olivença é Portugal
"Se és Alentejano, Deus te abençoe...se não
és, Deus te perdoe" (Frase escrita num azulejo
patente ao público no museu do castelo de
Olivença).

:XpõFERENS./