ESCÓCIA - de novo independente ?

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JoseMFernandes

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ESCÓCIA - de novo independente ?
« em: Dezembro 06, 2006, 07:42:04 pm »
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Em 2007, tricentenario do Acto de Uniao entre as duas naçoes, terao lugar as eleiçoes para o Parlamento de Edimburgo.Agora que de momento os nacionalistas partem favoritos, volta-se a falar de uma separaçao...

Nem todos os aniversarios sao festivos.No principio de Novembro a Ministra da Cultura escocesa, Patricia Ferguson, anunciou o quadro de manifestaçoes previstas para o 300° aniversario da assinatura do Tratado de Uniao entre Inglaterra e Escocia.Nada de extravagante.uma moeda comemorativa de 2 £, em duas versoes, inglesa e escocesa e a organizaçao de algumas discretas exposiçoes.Projectos mais grandiosos  do 1° de Maio com paradas de musica e fogos de artificio ficam a espera.Compreensivelmente: dois dias depois tem lugar eleiçoes para o parlamento Escoces, as quais podem abrir caminho a uma cisao do Reino Unido.
O entusiasmo comemorativo foi esfriado pelo ressurgimento recente dos separatistas do Partido Nacionalista Escoces (SNP-scot.nat.party) e pelo facto de os escoceses começarem a manifestarem-se abertamente dizendo que a independencia talvez nao fosse uma ideia tao ma assim.
Alex Salmond, chefe do SNP tem aparentemente boas condiçoes para se tornar Primeiro-Ministro, pois o seu partido tem cinco pontos de avanço sobre os trabalhistas.Na verdade o SNP deve em parte o seu regresso a alternancia politica:trabalhistas e liberais dirigem o executivo desde 1999 e os conservadores deixaram de ser uma força politica séria na Escocia.
Outra explicaçao: o petroleo.O SNP sempre afirmou que 90% do petroleo do Mar do Norte pertencia a Escocia, e a alta dos preços de energia veio dar credibilidade aos seus incipientes projectos economicos.Baseando-se no exemplo da noruega e em previsoes optimistas sobre preços e reservas de petroleo, Alex Salmond afirmou recentemente que daqui a dez anos, e apenas com metade dos rendimentos petroliferos 'escoceses'
o pais poderia dispor de cerca de 133 mil milhoes de euros de fundos especiais.
E com este objectivo que Alex Salmond prometeu se vier a ser Primeiro Ministro submeter nos primeiros cem dias um projecto de lei prevendo a data precisa de referendo sobre a independencia da Escocia.E certo que a vitoria dos separatistas nao é certa, mas pensar que os escoceses poderiam deixar o Reino Unido nao é nada de extravagante.Em 30 de Novembro um inquérito encomendado pelo SNP "Esta de acordo em que  o Parlamento Escoces negoceie um novo acordo com o governo britanico, a fim de a Escocia se tornar um estado soberano e independente ?" teve 52% de respostas afirmativas.
A vitoria dos nacionalista seria o pior pesadelo dos trabalhistas em Maio proximo.Para se ter uma ideia, a independencia da Escocia significava a perda de  41 lugares em Westminster, bem como varias personalidades importantes,(entre as quais o falado futuro PM Gordon Brown)
(...)
Por outro lado curiosamente, 59% dos eleitores ingleses sao favoraveis a partida dos escoceses(sondagem do sunday Telegraph).Esta 'liberalidade' inglesa tem a ver com as despesas britanicas que tem sustentado um sector publico que representa 55% do PIB escoces, oferecendo aos escoceses vantagens diversas, como gratuitidade nas universidades, cuidados médicos de longa duraçao para pessoas idosas etc, que eles proprios nao tem.Sem esquecer a anglofobia crescente de que se apercebem os ingleses:nao contentes de receberem a mais 1500 libras nas despesas publicas, os escoceses nao apoiam a equipa inglesa quando esta joga com estrangeiros.


m/trad.adapt de  The ECONOMIST
 

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Spectral

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« Responder #1 em: Dezembro 06, 2006, 10:31:54 pm »
E os ingleses com um hipotético futuro primeiro ministro escocês...
I hope that you accept Nature as It is - absurd.

R.P. Feynman
 

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papatango

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« Responder #2 em: Dezembro 07, 2006, 03:24:41 pm »
Esta realidade, que muitas vezes é esquecida vem deitar mais luz sobre os problemas dos nacionalismos europeus, e da criação artificial de estados durante o século XIX, mas mesmo antes.

A Italia e a Alemanha são o caso mais conhecido, mas antes disso, temos a Espanha e a Grã Bretanha, que são associações mais ou menos forçadas de países que outrora tinham as suas características próprias.

O problema no Reino Unido é antigo, e afecta como todos sabemos também a vizinha Espanha, e estes são provavelmente os mais conhecidos casos, mas não são os únicos.

Em diferentes níveis, o norte de Itália e algumas regiões da Alemanha têm problemas de identidade, na Bélgica, a Flandres e a Valónia detestam-se civilizadamente.

Este movimento, tornará os estados menos coesos, em estados mais débeis, e isto pode resultar num aumento do poder de um governo central em Bruxelas, o qual cada vez mais os estados mais pequenos vêm como garantia do seu direito à independência ou soberania.

Podemos estar perante a presença de algo parecido com o antigo império de Carlos Magno, que tentou recuperar a ideia da unificação durante o periodo do Império Romano.

Neste cenário de atomização, curiosamente, países de dimensão média, como Portugal, passam a ter uma importância maior.

O reverso da medalha, é que a União Europeia, que já não funciona bem com os actuais 25/27 membros, funcionará ainda pior se aparecerem países como a Escócia, a Padania, a Catalunha, a Flandres, e em casos extremos mesmo Hesse, ou a Baviera.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Marauder

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« Responder #3 em: Janeiro 13, 2007, 09:32:44 am »
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Maioria dos escoceses quer independência de Inglaterra
Cerca de 51% dos escoceses defendem a independência em relação a Inglaterra, o que poria fim ao Acto da União, cuja assinatura pelo Parlamento de Edimburgo completa três séculos na próxima terça-feira, revela uma sondagem hoje divulgada pelo jornal The Daily Mail.

Essa possibilidade não parece, no entanto, assustar muito os ingleses, pois 48%, segundo a mesma sondagem, seria igualmente favorável aquela divisão.

Segundo o estudo, cerca de metade do inquiridos considera que a união entre ambas as nações não durará mais do que os próximos 25 anos.

Dois em cada três ingleses querem acabar com as generosas subvenções que a Inglaterra dá à Escócia.

Além disso, cerca de 55% defende o fim do desequilíbrio representado pela situação na qual os deputados escoceses podem decidir sobre questões relativas apenas à Inglaterra e a Gales, enquanto os ingleses e os galeses não decidem nada sobre a Escócia.

Assim, 53% dos ingleses querem que os deputados escoceses sejam proibidos de votar sobre assuntos relativos apenas à Inglaterra e ao País de Gales como, por exemplo, nos domínios da saúde e da educação.

Para terminar, 51% dos ingleses e 58% dos escoceses apoiam a criação de um Parlamento exclusivamente inglês.

A sondagem demonstra o mal-estar existente entre ingleses e escoceses e deixa claro que a chamada autonomia escocesa, a criação do Parlamento escocês com diversos poderes de auto-governo - aprovada pelo Governo trabalhista britânico de Tony Blair no final dos anos de 1990 - não conseguir deter os ressentimentos mútuos.

12-01-2007 15:49:41


de:
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?s ... ews=258047
 

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Jorge Pereira

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« Responder #4 em: Janeiro 13, 2007, 12:15:12 pm »
Se este “divórcio” se consumar, será o início do redesenhar das fronteiras dentro da própria União Europeia.
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

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JLRC

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« Responder #5 em: Janeiro 13, 2007, 01:43:56 pm »
Caso esta separação se concretize qual será a situação da Escócia face à União Europeia? terá de fazer um pedido de adesão? Ou terá só de se adaptar a uma nova realidade? Neste momento no Parlamento Europeu existem deputados escoceses ou estes estão incluídos na representação do Reino Unido? Por outro lado esta separação iria retirar importância à Inglaterra e reforçar a importância de Alemanha e em menor grau da França. É um assunto curioso e com muitas implicações fora do espaço britânico.
 

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JoseMFernandes

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« Responder #6 em: Janeiro 13, 2007, 05:13:30 pm »
Os resultados das eleições de Maio próximo definirão pois o curso dos acontecimentos.O SNP, admitindo que confirme as sondagens de vitória, deverá mesmo assim  precisar do apoio de outros partidos (liberais e verdes...por exemplo) para avançar na via do referendo.É possível, nesse caso, a vitoria dos independentistas, dependendo da campanha e dos 'trunfos' apresentados por  cada lado...mas possível será...
Recordemos que remonta a 1707 a união entre a Inglaterra e a Escócia, e  um observador politico afirmava há pouco que normalmente todo este tempo em comum deveria ser o bastante para 'cimentar' um 'matrimónio'... a meu ver porém, é isso  que resta comprovar.
No que respeita a União Europeia e  tratando-se de uma cisão pacífica e democraticamente consagrada,  não se poriam certamente problemas de maior, tal como na ONU.Por sinal, e tanto quanto me apercebo, mas posso estar enganado, os escoceses parecem-me  mais 'europeístas' que os galeses ou ingleses...ou  menos 'isolacionistas' em relação a uma política comum europeia, pelo menos.
Como salientou o Papatango, também penso que  o problema do  funcionamento da UE se acentuaria mais ( mesmo se ele ja é razoável, e se agudizará de qualquer modo)... e perante o impasse, talvez definitivo, da Constituição, espera-se que a presidência alemã apresente alternativas  que sejam consensuais para uma saida institucional ( e tanto mais que pode já contar com o apoio do nosso Sócrates :)
Cumprimentos
 

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Marauder

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« Responder #7 em: Janeiro 13, 2007, 07:43:22 pm »
O tratado de Nice já previa a reforma do sistema da UE, a nível da Comissão Europeia.

Embora tivesse ficado em águas de bacalhau, visto que ninguém quer ficar sem o seu comissário, a verdade é que em Nice ficou estabelecido que, quando a UE chegasse a 27 membros, o número de comissários seria reformulado, de forma a que fosse inferior ao número de países.

O que se fala ou falava era de um sistema rotatório de comissários, à semelhança da presidência da UE.

Como sabem, a Comissão Europeia é um orgão supra-nacional por excelência, os comissários decidem para bem da Europa, metendo de parte interesses de seus respectivos países (erg..mais ou menos...isto é o ideal..na realidade não existe uma independência a 100%) em prol de interesses comunitários.

E DIGO, muito já foi feito em Portugal, muitas leis já mudaram devido a este impulso comunitário. Se ficássemos à espera que o estado português legislasse em algumas áreas...ui...e mesmo nisto de direito comunitário, basta só ver a percentagem de transposição de directivas comunitarias.


Em relação ao Parlamento, é necessário no futuro reformular aquilo, antes de estes 2 países entrarem pude constatar uma falta de espaço..já estavam as cadeiras quase chegadas à parede..
 

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Godo

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« Responder #8 em: Janeiro 25, 2008, 09:06:00 pm »
Que poetico esto de felicitarnos con el renacer de las pequeñas naciones!!!

Es el momento de que salgan de su aldea y descubran el mundo!!, este mundo es de los grandes, y mientras mas grande mejor, vean china, USA, rusia y la propia union europea.

Tambien en la union europea es importante ser grande, simplemente observen lo que ocurre con holanda, hoy no son nadie, si lo comparamos con el poder de los paises con mas votos, alemania, francia, italia, etc,

no creo que una escocia, cataluña, etc independiente tenga mucho mas poder de decision que holanda,  no vale solo con hablar y hablar, hay que tener poder de verdad.... al union hace la fueza.
 

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Lusitano89

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Re: ESCÓCIA - de novo independente ?
« Responder #9 em: Junho 14, 2022, 11:36:50 pm »
Governo da Escócia quer novo referendo sobre a independência em 2023


 

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Lusitano89

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Re: ESCÓCIA - de novo independente ?
« Responder #10 em: Outubro 11, 2022, 02:03:13 pm »
Independência da Escócia chega ao supremo tribunal britânico


« Última modificação: Outubro 11, 2022, 02:05:00 pm por Lusitano89 »
 

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Viajante

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Re: ESCÓCIA - de novo independente ?
« Responder #11 em: Junho 11, 2023, 06:13:56 pm »
 

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Lusitano89

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Re: ESCÓCIA - de novo independente ?
« Responder #12 em: Junho 12, 2023, 09:14:12 am »
Ex-primeira-ministra da Escócia clama inocência após sete horas detida pela polícia