João, a situação não é assim tão simples. Devo confessar que tenho familiares próximos que foram colegas e relativos amigos de Champalimaud.
Em termos económicos penso que encaras mal a situação. O grupo António Champalimaud sempre empregou milhares de pessoas. O grupo Mundial Confiança e as cimenteiras empregaram um sem-número de indivíduos, como sabes.
Champalimaud foi especialmente importante para Portugal pois representa o início da indústria pesada nacional ( conseguiu convencer Oliveira de António Salazar a construir a Siderugia nacional em Paio Pires, até hoje a única indústria pesada nacional ) e a dinamização da banca portuguesa. Foi o fornecedor dominante de aço da peninsula ibérica durante anos.
A banca portuguesa entrou na sua era de modernidade com a aquisação por parte de Champalimaud do banco Sotto Mayor ( caso engraçado - comprou o banco a custo 0 ).
Se bem que hoje em dia a SONAE é sem dúvida o grupo nacional mais importante e com maior relevo, a importãncia de Champalimaud foi essencial e fulcral para o país. Para todos os efeitos a maior cimenteira do mundo, as 3 maiores propriedades do Brasil e o maior accionista do grupo Santander ( já lá vamos ) estavam em mãos portugueses.
Quanto a enriquecer Portugal, basta ver quando ele vendeu o Totta aos espanhóis...
Devo-te dizer que a título pessoal foi um excelente negócio e eu próprio ( após as nacionalizações do 25 abril ) faria provavelmente o mesmo. Afinal de contas o grupo era dele. Contudo reconheço que a nível nacional, a venda desse banco aos Espanhois favoreceu a sua implementação em Portugal.
Contudo, e algo que é frequentemente esquecido, António Champalimaud ficou a ser o maior accionista individual de todo o grupo santader ( !!! ) com 2.8%. Pode parecer irrisório, mas não o é. O indivíduo com maior poder dentro do próprio grupo espanhol era um português.
No nosso tempo ( falo de 2003/2004 ) não haja dúvida que a SONAE era o grupo mais importante e dominante ( aliás, o grupo champalimaud resumia-se à produção agricula e de gado, e às cimenteiras ), contudo se tivesse de eleger o industrial português do séc. XX, esse seria sem dúvida António de Champalimaud.
Foi ele que dinamizou e catalizou o desenvolvimento económico nacional e para todos os efeitos representou o primeiro grande grupo privado português com expressão a nível internacional.