O primeiro-ministro, José Sócrates, o ministro da Administração Interna, António Costa, e o ministro da Ciência, Mariano Gago, foram arrolados como testemunhas de defesa de Carlos Silvino, principal arguido do processo de pedofilia da Casa Pia.
Segundo apurou o CM, José Maria Martins, advogado de ‘Bibi’, quer que Sócrates, Costa e Gago esclareçam em Tribunal o conteúdo de algumas conversas interceptadas pela Polícia Judiciária, em 2003, durante o tempo em que o telefone de Paulo Pedroso – que chegou a ser acusado de 23 crimes de abusos sexuais, mas não foi acusado – esteve sob escuta.
A defesa de Carlos Silvino alega ser muito importante para a descoberta da verdade o esclarecimento, por parte dos ministros, de alguns diálogos mantidos com o então líder do PS, Ferro Rodrigues, designadamente uma conversa em que José Sócrates se refere à separação de poderes – político e judicial – como uma “questão menor e irrelevante”.
Recorde-se que todas as conversas telefónicas de Paulo Pedroso interceptadas pela PJ foram admitidas como prova documental pela juíza Ana Peres a pedido de Martins. São cerca de 90 diálogos, decorridos entre 2 de Abril e 21 de Maio de 2003, com diversas personalidades. Segundo Martins, as conversas demonstram “um enorme tráfico de influências ao mais alto nível” para perturbar a prova. Os ministros visados manifestaram não ter qualquer comentário a fazer sobre este assunto.
MANUELA MOURA GUEDES DEPÕE SEGUNDA-FEIRA
Manuela Moura Guedes, directora de informação da TVI, vai depor na próxima audiência do julgamento de pedofilia da Casa Pia, na segunda-feira.
Depois de ter dado a sessão de ontem sem efeito, adiando a audição de Francisco Moita Flores para data a designar, a juíza Ana Peres marcou para a 229.ª sessão o depoimento de seis jornalistas, três dos quais da estação de Queluz, arrolados como testemunhas de defesa por vários arguidos.
A magistrada já agendou também as audições do psiquiatra Daniel Sampaio e do director da Polícia Judiciária, Artur Pereira, (18 de Outubro) e ainda de Inês Serra Lopes e Herman José para 2 de Novembro – todos arrolados como testemunhas por Carlos Cruz.
Contactada pelo CM, Manuela Moura Guedes limitou-se a confirmar ter sido notificada para comparecer no Tribunal Militar no dia 9 de Outubro. “Confesso que já me tinha esquecido que era testemunha”, afirmou a jornalista, que foi arrolada por Carlos Cruz, Ferreira Diniz e Hugo Marçal. Alexandra Borges, também da TVI, é chamada ao Tribunal pelos mesmos arguidos e ainda por Jorge Ritto e Manuel Abrantes.
Segundo apurou o CM, os advogados dos arguidos querem ouvir os jornalistas sobre os contactos que terão tido com algumas das vítimas de abusos sexuais.
Ana Luísa Nascimento