Exclusivo CM
2006-10-05 - 13:00:00
Durante seis meses, o País poderá ficar sem ‘helis’ próprios de socorro e protecção civil. Os dois existentes, em Santa Comba Dão e Loulé, serão desactivados até Novembro e os que o Estado comprou só chegam em Abril de 2007.
O socorro de emergência em circunstâncias complexas e de catástrofe pode ficar sem helicópteros durante seis meses, porque os dois ‘helis’ estacionados nos centros de meios aéreos de Santa Comba Dão e Loulé vão ser desactivados no dia 15 deste mês e a 25 de Novembro e os que vêm em substituição só entram ao serviço em Abril de 2007. O Governo ainda está a tempo de optar por uma solução provisória – como a contratação directa –, mas ontem o Ministério da Administração Interna (MAI) não sabia qual.
Mesmo que a opção seja a de contratar meios aéreos alternativos por meio ano, a situação é considerada “estranha” por responsáveis ligados ao socorro, “porque não se compreende a suspensão de uns meios antes da entrada em funcionamento dos outros”. O Governo tem apenas dez dias para resolver o problema, sob pena de os bombeiros ficarem sem meios considerados “extremamente importantes” e os únicos capazes de actuar em quase todas as circunstâncias.
Um porta-voz do MAI referiu ontem ao CM que já foi pedido um parecer ao Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) e que o caso “vai ter solução” antes da cessação do contrato dos dois helicópteros. A decisão – que a fonte não adiantou qual vai ser – passará sempre “por manter o mesmo grau de operacionalidade”.
A apreensão dos responsáveis do sector e, sobretudo, dos bombeiros é maior porque não foi aberto qualquer concurso público para o aluguer de aeronaves que actuarão até os helicópteros adquiridos pelo Governo estarem operacionais.
Segundo responsáveis de algumas empresas do sector, o Governo poderá alugar aeronaves em qualquer altura, sem ter necessidade de fazer um concurso público. Para isso, basta alegar interesse público e assim ultrapassar algumas questões legais e burocráticas.
Os dois helicópteros que hoje estão afectos ao SNBPC são propriedade da Helisul. A empresa confirmou ontem que o contrato dos aparelhos termina em 15 de Outubro (Santa Comba Dão) e 25 de Novembro (Loulé).
Luís Tavares, gerente da Helisul, afirma que a empresa ainda não foi contactada para um eventual prolongamento do contrato e “desconhece por completo” qual a solução a adoptar pelo Governo. “A partir daqueles dias, o SNBPC fica sem os helicópteros a não ser que o MAI faça um contrato directo com outra empresa”, adiantou. Por outro lado, a Heliportugal – a empresa que ganhou o concurso de venda de dez helicópteros ao Estado – refere que no contrato celebrado com o MAI só ficou acordado que as aeronaves seriam entregues a partir de Abril do próximo ano. “Aquilo que sabemos é que não foi aberto nenhum concurso público para a aquisição de aparelhos para o período que medeia entre o fim do contrato dos dois helicópteros existentes e a chegada dos nossos”, afirmou José Carlos Coelho, director da Heliportugal.
Os dois helicópteros afectos aos bombeiros são meios considerados “essenciais” para diversas operações de socorro e protecção civil, já que estão preparados para actuar em vários teatros de operações. Por isso, os bombeiros nem querem colocar a hipótese de ficar sem eles. “Julgo que o SNBPC vai resolver atempadamente o problema. Este helicóptero é essencial”, diz Rui Santos, comandante dos Bombeiros Voluntários de Santa Comba Dão. “Se ficarmos sem este helicóptero, o socorro vai ficar comprometido em algumas situações”, refere, por outro lado, o comandante de uma corporação de bombeiros do distrito de Viseu.
Duarte Caldeira, presidente da Liga Profissional de Bombeiros, salienta que este problema foi colocado ao SNBPC numa reunião realizada há poucos dias. Recebeu a garantia de que os “bombeiros não iriam ficar sem helicópteros”.
INEM SÓ TRANSPORTA DOENTES
Os helicópteros estacionados em Loulé e Santa Comba Dão são considerados “absolutamente necessários” pelos bombeiros, apesar de haver os do INEM e da Força Aérea. As aeronaves do SNBPC estão preparadas para actuar em caso de catástrofe de dia e de noite, independentemente das condições climatéricas.
Os aparelhos estão ainda equipados para fazer o transporte de doentes, de órgãos e de sangue. O INEM dispõe de dois helicópteros, no Hospital de Matosinhos e em Tires. No entanto, só estão vocacionados para transportar vítimas de acidentes e doentes de uma unidade hospitalar para outra.
PREOCUPAÇÃO ENTRE OS BOMBEIROS
Seja qual for a solução encontrada pelo MAI – a não ser a improvável requisição dos meios aéreos da Força Aérea –, alguns responsáveis do sector do socorro e protecção civil não compreendem como é possível o Estado ter comprado helicópteros e ver-se agora na circunstância de ter de alugar meios para “tapar um buraco de seis meses”, gastando assim mais dinheiro, ou encontrar outra solução provisória. Ainda por cima quando era conhecida a data de cessação do contrato dos dois meios aéreos actuais e a entrada ao serviço dos novos.
OPERACIONALIDADE
INCÊNDIOS FLORESTAIS
Os helicópteros do SNBPC desempenharam um papel importante no combate a incêndios florestais devido à sua capacidade para transportar bombeiros e água. O GIPS da GNR de Santa Comba Dão utilizou o helicóptero para as primeiras intervenções nos incêndios.
SALVAMENTO
Um guarda prisional das Caldas da Rainha foi resgatado de helicóptero, com ferimentos nas costas, depois de ter caído num pesqueiro quando apanhava percebes na Foz do Arelho. O caso ocorreu no dia 26 de Maio deste ano, tendo a vítima sido retirada do mar pela aeronave e levada para o hospital.
TRANSPORTE
O helicóptero transportou para o Hospital de São José, em 27 de Abril, dois operários que ficaram gravemente feridos na sequência de uma explosão ocorrida numa fábrica de aglomerados, em Valbom, Tomar.
BUSCAS
O ‘helis’ são muito importantes nos trabalhos de busca de pessoas desaparecidas nas serras e nos rios. Por ano, realizam dezenas de operações com um grau de sucesso elevado.
HELIPORTUGAL GANHOU COM AJUDA RUSSA
Heliportugal é a empresa que ganhou o concurso internacional lançado pelo Governo para a aquisição de dez helicópteros médios e ligeiros para o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil.
Por se tratar de um negócio que envolveu dezenas de milhões de euros, o concurso foi muito concorrido e também polémico. Dos cinco concorrentes – PZL (Polaca), Helisul, Heliportugal, Helibravo e Eurocopter –, a escolhida acabou por ser a Heliportugal por, de acordo com o Ministério da Administração Interna, ter apresentado as melhores condições.
O concurso não foi pacífico e as empresas polaca PZL e a portuguesa Helisul contestaram a decisão de um júri constituído por sete elementos.
O negócio, no valor de 70 milhões de euros, acabaria por ter luz verde em Conselho de Ministros de 27 de Abril deste ano.
A empresa ganhadora apresentou-se a concurso com os aparelhos russos Kamov 32 (ligeiros) e Eurocopter B2 (ligeiros) e no contrato ficou previsto que começaria a entregá-los a partir de Abril de 2007.
José Carlos Coelho, director da Heliportugal, referiu ontem que está tudo a “decorrer dentro do previsto”, garantindo que os prazos “vão ser cumpridos”.
Luís Oliveira, Viseu
p.s. - Continua a palhaçada, "cadê" dos Puma, que não fazem serviço na FAP?
??
Vão apodrecer à espera de comprador nos hangares, isto parece mesmo um governo de novos ricos, que desbaratam recurso deste país, sem outra razão que negócios à novo rico, perceberam ou querem que vos explique.....como naquele anuncio, topam?