A arma secreta de Putin: a guerra submarina híbrida que a Rússia lançou contra EuropaFrank Gardner e Harriet Whitehead
Role,BBC News
25 fevereiro 2025
Pouco depois do meio-dia, no dia do Natal de 2024, os funcionários da empresa finlandesa de eletricidade Fingrid notaram que o principal cabo submarino que liga a Finlândia à Estônia estava danificado, reduzindo significativamente o fornecimento de energia a este último país.
Naquela tarde, o gerente de operações da Fingrid, Arto Pahkin, foi citado pela emissora nacional da Finlândia como tendo dito: "Temos várias linhas de investigação, desde sabotagem até uma falha técnica, e nada foi descartado ainda. Pelo menos duas embarcações estavam se movendo perto do cabo no momento do incidente".
Horas depois, uma equipe da guarda costeira finlandesa abordou o navio russo Eagle S, e o conduziu para águas finlandesas. Acredita-se que ele tenha danificado deliberadamente o principal cabo de energia, o Estlink 2.
A União Europeia afirma que a embarcação, registrada nas Ilhas Cook, é, na verdade, parte da "frota fantasma" da Rússia. Suspeita-se que o antigo navio-tanque seja usado para transportar produtos petrolíferos russos embargados.
A polícia finlandesa acredita que o Eagle S pode ter arrastado sua âncora pelo leito marinho para causar o dano. Uma âncora foi supostamente recuperada ao longo da rota do Eagle S, a uma profundidade de até 80 metros, e fotos tiradas desde o incidente mostram o navio sem a âncora de bombordo. A polícia finlandesa disse ter identificado nove suspeitos na investigação criminal sobre os danos ao cabo.
O dano ao cabo Estlink 2, que tem 170 quilômetros de comprimento, é o mais recente de uma série de incidentes em que cabos submarinos na região do Báltico foram danificados ou completamente rompidos desde a invasão em grande escala da Rússia na Ucrânia, há três anos.
Após o incidente com o Estlink 2, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) prometeu aumentar sua presença militar no Mar Báltico, enquanto a Estônia enviou um navio de patrulha para proteger seu cabo de energia submarino Estlink 1. A União Europeia afirmou que o dano ao cabo submarino foi a "última de uma série de ataques suspeitos à infraestrutura essencial".
Cerca de 600 cabos submarinos transportam eletricidade e informação pelos oceanos e mares ao redor do mundo. Chegando à costa em locais que, muitas vezes, são sigilosos, estes cerca de 1,4 milhão de quilômetros de cabos nos permitem estar conectados. A maioria se destina a transmitir dados, sendo responsáveis por quase todo o nosso tráfego global de internet.
Os analistas dizem que sempre há a possibilidade de danos acidentais ou erro humano, mas a frequência destes incidentes levanta a questão: quão expostos estão estes cabos submarinos à sabotagem?
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https://www.bbc.com/portuguese/articles/c1jp0kez1p4o