Tanto quanto sei, Portugal não adquiriu à Holanda 37 carros de combate, mas sim 36.
O 37º veículo é um chassis adaptado para treino dos condutores.
Um país que não está em guerra, não adquire munições para todos os carros, da mesma forma que não adquire munições para encher todos os os carregadores de todas espingardas automáticas.
Há várias razões para isso, de entre as quais, o facto de parte do parque ser utilizado como reserva operacional, viaturas para substituição em caso de necessidade.
Com 36 carros de combate, no máximo poderia ou deveria ter operacionais 24 a 26, utilizando as restantes para futuras necessidades, e isto numa situação ideal.
A munição tem prazo de vida útil. Por isso parte dela só pode estar disponível durante um determinado número de anos. Se Portugal tivesse comprado munições de 120mm para atestar todos os carros de combate, agora estaríamos provavelmente a criticar a compra, porque toda essa munição é para o lixo (notar que a munição pode ser objeto de extensão de vida útil).
A compra dos Leopard--2A6 veio na altura como uma certa surpresa agregada.
A viatura não tem nada a ver com o M-60A3, nada a ver com o Leopard-1A5 (que na altura se cogitava) e é muito superior ao Leopard-2A4.
Portugal nunca teve um carro de combate tão atualizado e moderno como este.
Todos os outros foram material disponibilizado e que os britânicos (Valentine e Centaur), os americanos e canadianos nos ofertaram (Sherman, M47, M48A5 e M60A3).
Na altura lembro-me de ter perguntado para que serviria este tipo de viatura, reforçando que a lógica da sua utilização teria que ser uma lógica de projecção de força fora do território nacional em operações internacionais, e que por isso, o LPD tornava-se algo não apenas importante como imprescindível...
Fico com a impressão de que quem tomou a decisão de propor a compra destas viaturas, jogou na roleta russa, achando que isto implicaria que o poder politico trataria as forças armadas com um pouco mais de cuidado, o que implicava mais meios financeiros, sem os quais os Leopard-2 acabariam parados ...
O processo ocorre durante o governo Socrates, sendo Ministro da Defesa o Nuno Severiano Teixeira (creio que as primeiras negociações foram feitas no tempo do ministro Luis Amado)
Mas, posteriormente, o ministério passa para as mãos de um senhor chamado Augusto Santos Silva ...
A seguir, o país entra em bancarrota...
Sócrates vai à vida e vem o governo do Passos Coelho, que óbviamente não tinha as aquisições militares como principal problema a resolver...
Os continuos cortes levaram ao encolher das forças armadas, em Portugal e no resto da Europa, e os problemas foram sendo empurrados com a barriga...
"vamos andando a ver se ninguém nota"
Quase todos os participantes deste fórum ao longo de anos e anos sempre disseram o mesmo... Um dia isto rebenta e vai cheirar mal, e depois não vai haver tempo para fazer nada ...