Bom, aqui vai a minha humilde posta de pescada e pensamentos avulsos:
O 25 de Abril, ocorreu demasiado tarde, e nunca deveria ter acontecido.
Isto pode parecer contraditório mas do meu ponto de vista não é.
É um facto, que hoje podemos fazer muitas contas, muitas previsões e muitos calculos, mas na altura isso não era possível.
Eu porém acho que os governantes de um país têm responsabilidades para com as pessoas e se bem que o interesse de uma Nação está acima do interesse das pessoas, quando se deixa de tratar dos problemas das pessoas (e são elas que constituem a Nação) então deixa de se proteger a Nação.
Há sempre soluções militares para os problemas, ao contrário do que muita gente diz, e nós não sabemos qual sería o resultado da guerra em África, mas a verdade é que muito poderia ter sido feito no sentido de aceitar que a continuação de um país pluricontinental nõa era sustentável.
Já tinhamos tido a experiência do Reino Unido de Portugal e Brasil, e não aguentou mais que alguns anos, porque as várias partes do país acabaram protestando uma contra a outra (embora com grande influência inglesa).
Mas o governo poderia ter agido de outra forma, se fosse (e tivesse sido) menos provinciano (no mau sentido), menos canhestro, menos conservador.
Deveríamos ter posto os pés no chão muito antes. Aquilo que começámos a fazer demasiado tarde (a africanização das forças armadas) deveria estar feito até à morte de Salazar. Em 1968, já estaria grandemente reduzida a pressão sobre a juventude portuguesa, e o clima de descontentamente sería menor.
Nenhum país aguenta uma guerra tão longa. A América com todo o seu dinheiro, foi derrotada no Vietname em apenas alguns anos e tinha muito mais recursos e lutava em apenas uma frente de combate.
A guerra até podia ter chegado a uma situação de vitória técnica em Angola, semi-vitória em Moçambique, mas estava perdida na Guiné.
E foi a Guiné, que fez o 25 de Abril.
A culpa de a situação ter chegado ao que chegou, deve-se em grande medida ao autismo de muitos governantes, e esse autismo criou as condições para a revolução.
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Posto isto, há os problemas que ocorreram depois, e as situações, dramas e tragédias pós 25 de Abril, se bem que tenham uma explicação não têm desculpa.
As pessoas que tomaram as redeas do país, partiram do principio que toda a politica do governo de Marcelo Caetano estava errada, basearam-se em principios Marxistas, Colectivistas, e outros istas, e não se deram sequer ao trabalho de entender as razões do manter da guerra colonial.
Provocaram portanto, um forrobodó de desleixo um encolher de ombros colectivo absolutamente irresponsavel, que levoui ao crime da descolonização, e à entrega ao primeiro "vermelho" que aparecesse, tivesse ele ou não legitimidade para governar.
Quando não havia nenhum movimento pró independente, inventava-se (como aconteceu em Timor). Em Cabo-Verde, não havia nenhum tipo de oposição ao governo português, e a independência foi proclamada por algumas pessoas que não tinham ideia nenhuma do que ía acontecer.
Em Cabo Verde, quem declara a independência é o partido da Guiné.
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Isto para dizer que, as pessoas que tomaram o poder, não estavam preparadas e agiram de forma irresponsável, afirmando ainda hoje que não havia nada a fazer.
"Não havia nada a fazer" é a desculpa dos derrotados e dos desleixados como Mário Soares, que é conhecido por ser um individuo que deixa todos os assuntos para a ultima hora, e acha que resolve os problemas com uma conversa e uma sanduiche.
São tão responsáveis por todos os desmandos pós 25 de Abril os dirigentes do anterior regime, como aqueles que os substituiram, porque havendo desculpas para as acções destes últimos, as desculpas não funcionam nem podem funcionar como justificação para os desmandos e a incuria.
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De qualquer forma, há que dizer que se não houvesse uma revolução em 1974, o sistema acabaría por mudar mais tarde ou mais cedo. Eventualmente se ocorresse uma transição democrática, não teríamos tido PREC, com todo o cortejo de ridiculas manifestações, tomadas de terras, ocupações selvagens e censura prévia nos jornais controlados pelo Partido Comunista.
Sem um PREC, talvez a Constituição da República tivesse características diferentes e isso tivesse facilitado a recuperação económica.
Mas o regime de Caetano, não sobreviveu à crise económica do choque petrolifero do inicio dos anos 70, mas se tivesse resistido aquela, tería resistido à crise dos inicio dos anos 80 ?
Com a morte de Franco, o que acontecería na Peninsula Ibérica?
Se Franco morresse com o regime de Caetano no poder, tería havido em Espanha uma transição pacifica para a democracía, quando se sabe que um dos medos dos ultras na Espanha era exactamente alquma manifestação de tipo militar como a portuguesa?
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Como noutros casos,estamos perante demasiadas variáveis para chegar a alguma conclusão.
Por isso, fico apenas pelos principios básicos.
A liberdade é um valor absoluto, e os ser humano tem direito à liberdade e a decidir o seu próprio destino. É um principio que está escrito até no Antigo Testamento.
Deus aponta o caminho e o Homem pode ou não segui-lo. Se não seguir o caminho apontado, pode ser punido por Deus, mas tem a liberdade de errar.
Cercear a Liberdade, é portanto contra-natura, logo, o regime português anterior a 25 de Abril de 1974, embora extremamente passivo e tolerante, baseava-se no principio de que o Homem não tem esse direito.
Logo, o regime não era legítimo, e por isso foi legitimo derruba-lo.
A Liberdade é sempre melhor que a falta dela. E já o Camões falava na "Lusitana antiga Liberdade". Se há povo que vive mal com mordaças, somos nós.
Cumprimentos