Cavaco defende que Forças Armadas são "um investimento" para o País
Doboj, Bósnia-Herzegovina, 20 Abr (Lusa) - O Presidente da República, C avaco Silva, defendeu hoje que as Forças Armadas devem ser encaradas "como um in vestimento" face à importância que têm na afirmação externa do País.
"Temos que olhar para as nossas Forças Armadas como um investimento e n ão apenas como um dispêndio de dinheiros", disse o Chefe de Estado, durante uma visita aos militares portugueses em missão na Bósnia-Herzegovina, ao serviço da Força da União Europeia (EUFOR).
Para Cavaco Silva, as missões externas em que participam militares port ugueses "são um instrumento muito importante" da política externa de Portugal e podem até facilitar "a negociação internacional" que o País "tem que fazer na de fesa dos seus interesses".
O Presidente da República considerou que a participação de forças portu guesas em missões externas não deve ser vista apenas à luz das restrições orçame ntais que o País atravessa.
"Não gosto de me agarrar à dificuldade financeira para dizer que Portug al não pode participar em missões externas com as suas Forças Armadas", enfatizo u, acrescentando que o País "tem compromissos internacionais e não pode deixar d e respeitar esses compromissos, no âmbito das organizações de que faz parte".
"Portugal, para poder defender no plano internacional os seus interesse s, não pode estar ausente (...) quando se trata de assegurar a paz e manter a se gurança. A defesa do nosso próprio território não se faz nas nossas fronteiras, faz-se às vezes em locais bastante distantes", referiu.
Na sua primeira visita na dupla qualidade de Presidente da República e de Comandante Supremo das Forças Armadas, Cavaco Silva vincou, por isso, o seu " apreço pessoal e institucional" pelos militares envolvidos em missões de paz int ernacionais e a "importância que tem hoje" este tipo de envolvimento no plano in ternacional.
O Chefe de Estado, que está pela primeira vez nesta zona do mundo, afir mou depois que privilegiará o "diálogo com o Governo", a audição das chefias mil itares e do Conselho Superior de Defesa Nacional na definição do envolvimento po rtuguês em missões de paz internacionais.
Sobre os poderes atribuídos à figura de Comandante Supremo das Forças A rmadas, inerente ao cargo presidencial, Cavaco Silva foi lacónico.
"Penso que não é altura de discutir matérias que constam da Constituiçã o e da Lei de Defesa Nacional. Jurei cumprir e fazer cumprir a Constituição e é isso que farei", disse.
Cavaco Silva afirmou-se ainda empenhado em levar "à letra e na prática" , nesta e noutras áreas, o conceito de cooperação estratégica com o Governo, sim bolizado na presença ao seu lado nesta visita à Bósnia - e sexta-feira, ao Kosov o - do ministro da Defesa, Luís Amado.
"Darei sempre conhecimento de todas as minhas visitas ao Governo e tere i sempre muito gosto de ser acompanhado por membros do Governo, acho que é assim
que deve ser", disse Cavaco Silva.
O Presidente da República chegou de helicóptero a Camp Doboj, passou em
revista as tropas portuguesas em parada e depôs uma coroa de flores junto ao mo numento em memória dos soldados mortos ao serviço da EUFOR na Bósnia-Herzegovina .
Depois, assistiu a um exercício militar (demonstração de prontidão), vi sitou a enfermaria da base e participou num almoço com os militares, constituído
por sopa de peixe, bacalhau com natas e um doce tradicional da região, baclava.
A meio da tarde, o Presidente da República parte para a capital do Koso vo, Pristina, onde estão aquartelados 307 militares portugueses, o mais numeroso
contingente nacional em missão no exterior, que visita sexta-feira.