Fonte: JN
Os camiões, carregados com pedras, atravessam estradas, numa marcha lenta que faz crer que nada temem. Habitantes da aldeia de Vreia de Jales, em Vila Pouca de Aguiar, abanam a cabeça em sinal de tristeza e de protesto. "Estão a levar pedras que serviam para nos guiarmos. Estão a levar as nossas memórias", diz António, muitos anos passados a olhar para os montes cada vez mais descaracterizados com a retirada de pedras de granito.
O destino dos camiões é conhecido na região é no Norte de Espanha que descarregarão as rochas de Vila Pouca de Aguiar, deixando-as nas mãos de empresas castelhanas que comercializam equipamentos e artigos de jardinagem. Depois, as pedras transmontanas voltarão a aparecer, como enfeite de casas, no lado de lá da fronteira.
Embora muitos dos rochedos sejam levados a "troco de meia de dúzia de tostões, com consentimento de proprietários", há quem os retire dos lugares e das memórias sem que para isso esteja habilitado.
E ambas as situações desagradam a autarcas, que prometem aumentar a fiscalização para travar que o "património natural das aldeias do planalto de Jales desapareça do mapa". Apanhar infractores será fácil, dado que as pedras, algumas identificadas, como é o caso da "pedra redonda", da "fraga do lobo" ou da "fraga da santa", são retiradas com a ajuda de pequenas gruas.
Tomar medidas
" Estou preocupado com a situação . Vamos tomar medidas para que,dentro das nossas competências, se evite o desaparecimento de um legado natural e carregado de história das aldeias do concelho", disse, ao JN, Domingos Dias, presidente da Autarquia de Vila Pouca de Aguiar, acrescentando que já pediu uma intervenção da Divisão Municipal do Ambiente.
Também o presidente da Junta de Vreia de Jales, António Fernandes, manifestou "tristeza pelo desaparecimento das fragas ", defendendo que terá de haver vigilância que permita saber por que "tantas pedras estão a ser levadas para Espanha". " É preciso saber se estão a ser vendidas ou roubadas", alertou. Almeida Cardoso.
