Falta de respeito
JORGE MAIA
A TAP pediu desculpa ao FC Porto pelo sucedido no Aeroporto de Lisboa durante a viagem de regresso a Portugal dos bicampeões nacionais após a participação no Torneio de Roterdão. Apesar de, como dizia a minha avó, as desculpas deverem ser evitadas em vez de pedidas, fica bem à TAP pedir desculpa ao FC Porto. Fica-lhe é muito mal limitar esse pedido de desculpas ao clube. Houve mais duas dezenas de passageiros, entre os quais eu me incluo, prejudicados pela decisão de desviar o vôo TP 653 proveniente de Amesterdão directamente para Lisboa, sem a escala prevista no Porto. Duas dezenas de passageiros, muitos dos quais estrangeiros, que ficaram entregues à sua sorte no aeroporto da Portela, sem qualquer tipo de apoio por parte do pessoal de terra da TAP. Duas dezenas de passageiros que foram divididos atabalhoadamente por quatro aviões distintos, o que provocou a fractura de grupos que viajavam em conjunto. Duas dezenas de passageiros que ainda aguardam pela devolução da respectiva bagagem, perdida pela TAP nos corredores do aeroporto de Lisboa. Duas dezenas de passageiros que não mereceram qualquer pedido de desculpas por parte da TAP e que foram excluídos do comunicado com que, ontem, a companhia aérea tentou de forma mais ou menos apressada, fazer as pazes com o FC Porto. Duas dezenas de passageiros que, pelos vistos, não contam para uma companhia aérea de capitais públicos, que já foi salva da falência uma mão-cheia de vezes através da injecção do dinheiro dos impostos que o Governo cobra tão ferozmente em Lisboa como no Porto. Duas dezenas de passageiros, finalmente, que ficam a dever ao FC Porto a publicidade em torno daquela que é uma prática habitual da TAP em total derespeito por quem tem como destino o Aeroporto de Sá Carneiro e que, normalmente, passa completamente impune. O desejável, agora, é que o processo que os portistas vão mover contra a TAP seja suficientemente grave em termos financeiros para a empresa que leve aquela a pensar duas vezes da próxima vez que resolver tratar alguns passageiros como cidadão de segunda.
SERVIÇO
"A TAP presta um serviço miserável, apesar de ser uma empresa pública que muitas vezes foi salva da falência com a injecção de capital por parte do Estado"
Rui Moreira, Presidente da Associação Comercial do Porto
In O Jogo
Cumprimentos,