Inflação: Governos falham meta pelo 10º ano consecutivo
O Governo português voltou este ano a falhar a meta de inflação, completando, pelo menos, 10 anos de erros nas previsões, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Desde 1998, o erro médio da previsão da taxa de inflação que consta do orçamento do Estado face à inflação efectivamente verificada foi de 0,63 pontos percentuais, sendo que em todos esses anos, com excepção para 2006, a taxa prevista ficou sempre abaixo da verificada.
Em 2006, a diferença foi positiva (com a inflação prevista a ficar acima da verificada) muito provavelmente devido às alterações metodológicas introduzidas em Setembro pelo INE na série do índice de preços do consumidor.
Hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE) anunciou que a taxa de inflação média no conjunto de 2007 foi de 2,5%.
A previsão do governo que constava do orçamento do Estado para 2007 apontava para uma taxa de inflação de 2,1%, embora este valor tenha sido posteriormente (aquando da apresentação do orçamento do Estado para 2008) revisto em alta para os 2,3%.
Assim, 2007 foi o décimo ano consecutivo em que a inflação real foi diferente da inflação prevista pelo governo (a Lusa não analisou dados anteriores a 1998), o que inclui os governos chefiados por António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates.
As previsões de inflação servem de referência para os aumentos salariais na função pública e no sector privado. Trabalhadores com aumentos salariais inferiores à inflação real viram o seu poder de compra diminuir.
Nos 10 anos em análise, a maior diferença entre previsões e valor real verificou-se em 2001, com a previsão a ficar mais de 1,5 pontos percentuais abaixo da evolução real do IPC. O governo previa um aumento dos preços de 2,8%, mas o que acabou por se verificar foi um crescimento de 4,4%, segundo o INE.
Os dados do IPC têm uma base 1997 até 2001 e daí para frente a base é 2002.
Diário Digital / Lusa
15-01-2008 16:43:00