PIB/hab - Portugal desce... para 18° na UE25

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JoseMFernandes

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PIB/hab - Portugal desce... para 18° na UE25
« em: Março 24, 2006, 10:36:10 am »
Penso que seria previsivel face a recente evoluçao economica portuguesa...mas talvez nao tao cedo.Esperemos que a partir de 2007, e caso o doloroso 'ajustamento' se concretize, Portugal venha a convergir de novo.
Do PUBLICO de 24/3/06:
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Riqueza por habitante
República Checa já é mais "rica" do que Portugal
Isabel arriaga e cunha, Bruxelas


Depois dos eslovenos, em 2003, no ano passado foi a vez de os checos ultrapassarem o PIB per capita português, em valores corrigidos do nível de preços em cada país

O nível de riqueza por habitante em Portugal voltou a cair em 2005, pelo quinto ano consecutivo, face ao valor médio da União Europeia (UE), devendo manter a mesma tendência pelo menos até 2007.
Pior: tendo em conta o nível de preços de cada país, o produto interno bruto (PIB) português por habitante foi no ano passado ultrapassado pela República Checa, o segundo dos oito novos Estados-membros do Leste a alcançar resultados melhores que os portugueses, depois de a Eslovénia ter conseguido o mesmo em 2003.
Nas estatísticas internas da Comissão Europeia, que incluem já as estimativas sobre o PIB per capita em paridades de poder de compra (ppc) até 2007, a que o PUBLICO teve acesso, os portugueses ocupavam em 2005 a 18.ª posição entre os Vinte e Cinco, depois dos checos (16.ª) e dos eslovenos (15.ª). Atrás ficam apenas os três Estados bálticos - Estónia, Letónia e Lituânia -, a Polónia, Hungria, Eslováquia e Malta.
Depois de ter visto o seu PIB por habitante crescer até 80,7 por cento da média comunitária em 1999, Portugal iniciou uma tendência em baixa, que, nos primeiros anos, se manteve relativamente moderada - 79,5 por cento da média europeia em 2002. O verdadeiro sobressalto aconteceu em 2003, altura em que o PIB português caiu mais de 6 pontos percentuais face ao ano anterior, atingindo apenas 72,9 por cento da média comunitária.

Grécia (também) superou
em 2003
Nesse ano, Portugal ficou, pela primeira vez na pior posição dos antigos 15 Estados membros, por troca com a Grécia. Os gregos, que ao longo dos anos 90 tinha ficado sistematicamente vários pontos percentuais atrás dos portugueses - em 1999 a diferença entre os então dois países mais pobres da UE era de quase dez pontos percentuais -, conseguiram abandonar o último lugar da tabela (ver gráfico). Desde 2003, o PIB português não parou de cair, atingindo em 2005, segundo as estimativas da Comissão, 71,2 por cento da média europeia.
Bruxelas estima que o nível de riqueza português continuará a cair pelo menos até 2007, ano em que não deverá ultrapassar 69 por cento do conjunto dos Vinte e Cinco.
O ano de 2003 foi igualmente aquele em Portugal foi ultrapassado pela primeira vez pelo primeiro dos oito actuais Estados-membros do Leste, a Eslovénia, que aderiu à UE apenas no ano seguinte. Dois anos depois, a evolução divergente entre os dois países foi tal que a antiga república da ex-Jugoslávia ficou quase dez pontos precentuais à frente de Portugal. Em 2007, este fosso será superior a quinze pontos percentuais. Igualmente em 2007, a diferença da República Checa face a Portugal, que no ano passado foi de 2,3 pontos percentuais, aumentará para quase oito pontos percentuais.

Cuidado com as estatísticas
Como se referiu, os dados do Eurostat são do PIB per capita em paridade de poder de compra - isto significa que são tidas em conta as diferenças de preços entre cada Estado-membro.
O PIB per capita não é equivalente ao rendimento disponível dos habitantes, e não é necessariamente um indicador de qualidade de vida. Pode também haver distorções nos cálculos devido ao valor de referência usado para a população total, especialmente nos países com mais imigração.

A culpa é do "processo de ajustamento" em curso


"Tivemos meio século muito bom, em que Portugal foi das economias que mais cresceram" a nível mundial, disse ao PÚBLICO Cristina Casalinho, economista-chefe do BPI. "Agora estamos num processo de ajustamento." Casalinho nota que o PIB per capita não é um indicador de bem-estar, e recorda o caso da Irlanda: "Há lá uma discrepância entre o rendimento nacional e o PIB, porque nem toda a riqueza produzida é apropriada pelos residentes." Isto é, parte da riqueza é criada por empresas estrangeiras, que exportam parte dos rendimentos. "Nós [portugueses] apropriamos o que de facto produzimos; os novos [membros da União, como a República Checa], geram mais produto mas não ficam necessariamente com ele." Em todo o caso, "claro que seria melhor que os indicadores revelassem que estamos a convergir", acrescenta Casalinho. E como é que isso se faz?
"Os agentes económicos terão de mudar as suas preferências. Nos últimos dez anos, tivemos um modelo de antecipação do consumo - o défice da balança externa e o endividamento crescente são manifestações disso."
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Já está: 18.º lugar
José Manuel Fernandes


Portugal sofre dos mesmos males, em pior, da Europa: não entende que ou se reforma ou empobrece


Aconteceu. Talvez mais cedo do que se esperava, mas aconteceu. Em 2005, Portugal foi ultrapassado pela República Checa em riqueza por habitante. Caiu para o 18.º lugar na ordenação do poder de compra por habitante entre os 25 membros da União Europeia. As previsões são que a tendência se mantenha pelo menos até 2007, isto é, que este e o próximo ano continuem a ser de empobrecimento relativo.
O que se está a passar era inevitável. Ou fizemos com que fosse inevitável. Desde que se apagou a euforia de 1998 que todos os que preocupam com o futuro têm repetido o mesmo: o nosso modelo económico baseado em mão-de-obra barata estava esgotado; o Estado não podia consumir uma parte tão substancial da riqueza; a nossa população continua mal formada e mal preparada para os desafios da economia global; as obras públicas e o consumo privado (com crescente endividamento das famílias) não seriam capazes de sustentar um crescimento saudável; e por aí adiante.
Sabia-se: ou mudávamos de vida ou a vida acabaria por se encarregar de nos tornar insustentável o imobilismo. Não mudámos de vida, pelo que só começámos - e mal começámos - a perceber que temos de mudar. E mudar muito mais do que neste momento estamos a fazer, apesar de todas as diferentes resistências corporativas.
O nosso mal é, no essencial, o mesmo em pior do de boa parte da União Europeia: incapacidade de reconhecer que não podemos sustentar o tipo de regalias de que hoje disfrutamos. Ou, para ser mais exacto, de que desfrutam os que estão dentro do "sistema", os que têm empregos, de preferência empregos públicos inamovíveis.
Patrick Diamond e Anthony Giddens, dois conselheiros de Tony Blair, escreviam anteontem em The Wall Street Journal que se os europeus só estão dispostos a aceitar reformas baseadas no princípio da justiça social, têm de entender que hoje justiça social "deve ser entendida como a garantia da igualdade de oportunidades e não como uma mera e generosa transferência de rendimentos". Os actuais modelos de Estado social não são capazes de enfrentar os desafios colocados pela demografia e pela necessidade de competir nos mercados globalizados, apenas garantem a protecção dos já estão dentro do "sistema" ao mesmo tempo que barram a entrada aos mais novos. Por isso há cada vez mais famílias de pensionistas com situações confortáveis e cada vez mais jovens casais a lutar pela sobrevivência. Pior: os níveis de pobreza infantil têm crescido na União Europeia, sobretudo em países como a Alemanha, a Itália e o Reino Unido.
Ao contrário da velha UE, a "nova" UE dos antigos países de Leste teve de passar pelo choque da mudança brutal de regime económico há década e meia. Empobreceu, perdeu a ilusão de segurança que lhe proporcionava o "socialismo real" e fez-se à vida, nuns casos melhor, noutros pior. Mas quem quer que tenha visitado qualquer desses países nos últimos anos percebeu que estes procuram abraçar o futuro com o mesmo entusiasmo, determinação e capacidade de sofrimento que, há 60 anos, permitiram aos países da "velha" UE reerguerem-se depois do desastre da guerra.
Portugal nem conheceu a destruição da guerra, nem teve de passar pela transição do comunismo para o capitalismo, antes foi beneficiando de "boleias" que nos ajudaram a vencer as crises graças a ajudas externas. Isso acabou, não se prevê que regresse e hoje estamos entregues a nós mesmos num continente cansado, amargo e avesso às reformas. Ainda precisamos de mais duches de água gelada como o que hoje faz a nossa manchete para mudar mesmo e depressa, deixando de arrastar os pés e rezingar atrás de quem quer mudar alguma coisa.



 

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Marauder

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« Responder #1 em: Março 24, 2006, 11:22:29 am »
Pois é. Mas a economia é um ciclo...quer seja de Juglar ou Kondratieff....acabaremos por voltar à prosperidade..e recessão e prosperidade e por aí fora...