Isto preocupa-me
Estamos quase numa guerra fria, não entre 2 estados mas entre 2 civilizações. Parece-me inevitável o desembocar num conflito. Os Estados Árabes e os líderes mais moderados parecem incapazes de suster esta vaga. As caricaturas foram mais um pretexto, assim como a invasão do Iraque, a invasão do Afeganistão, a permanência no poder em certos países árabes de governos democráticos musculados (Egipto, Argélia, Indonésia, Marrocos) ou regimes totalitários (Arábia, as monarquias do Golfo, Paquistão, Síria, Líbia), a questão palestiniana, a existência de Israel. Todos estes são os ingredientes muito apetecíveis pelos fundamentalistas.
E se agora é o terrorismo o grande problema, já que não ocupa um espaço físico (País) e esta dissimulado por comunidades árabes e islâmicas (não há só islâmicos árabes, existem asiáticos, africanos e europeus), este cenário tornar-se-á num terrível pesadelo quando estes fundamentalistas conseguirem tomar o poder num país. È certo que já estiveram no Afeganistão, mas hoje as suas ideias estão muito mais difundidas. O meu temor é sobre um cenário de queda dos actuais regimes numa Líbia, Síria ou Arábia. São países que aparentemente têm uma estrutura de poder consolidado mas que começa a dar sinais de enfraquecimento e onde os fundamentalistas conseguem aparentemente criar raízes. Nunca imaginei que a Síria, o mais Soviético/Socialista dos países árabes fosse palco das manifestações das últimas semanas. Bastará a queda do regime de um desses países para termos um efeito dominó. Podemos argumentar que se isso acontecesse e prevendo este efeito dominó, as outras nações árabes poderiam através de uma intervenção militar neutralizar essa situação (serem os países ocidentais a fazer isso, mesmo com mandato da ONU, era deitar petróleo para a fogueira). Mas e a opinião pública islâmica? E a ordem interna desses países?
Isto preocupa-me.