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Timor-Leste: Militares australianos retiveram Duarte Pio após visita ao PR
Díli, 19 Jun (Lusa) - Duarte Pio esteve retido domingo cerca de meia hora por militares australianos, depois de visitar o Presidente Xanana Gusmão, num incidente que o duque de Bragança considerou exemplar da falta de profissionalismo do contingente australiano estacionado em Timor-Leste.
O incidente verificou-se na descida de Balibar até à capital, quando uma viatura da embaixada de Portugal, devidamente identificada e com matrícula diplomática, foi mandada parar num controlo feito por militares australianos.
"Tinha acabado de fazer uma visita ao Presidente Xanana, e o agente do GOE (Grupo de Operações Especiais, da PSP) que viajava comigo foi intimado pelo militar australiano a entregar a sua pistola. Não é normal", afirmou D. Duarte Pio.
"'Quero a sua pistola', disse-lhe o militar australiano, e o agente do GOE, muito calmamente respondeu "penso que não'. Enquanto isto, eram muitos os camiões e carros que passavam por nós, e que não era controlados", contou o duque de Bragança em declarações à Lusa.
"Se o objectivo (das tropas australianas) é conter a violência, não são obviamente diplomatas e polícias portugueses que andam a assaltar casas em Díli", frisou.
O contingente australiano foi alvo de muitas críticas, sobretudo nos primeiros dias após a sua chegada a Díli, a 25 de Maio, pela inacção demonstrada perante os actos de violência que se multiplicavam em vários bairros da capital.
Segundo Duarte Pio, o incidente ficou resolvido ao fim de cerca de meia hora, com a viatura da embaixada de Portugal a prosseguir finalmente a viagem de regresso para Díli.
O duque de Bragança deixou hoje Díli após uma estada de quatro dias em Timor-Leste, durante a qual se reuniu, além do Presidente, com o primeiro-ministro, Mari Alkatiri, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, José Ramos Horta, e o bispo de Díli, D. Alberto Ricardo da Silva. Visitou ainda a Gráfica Diocesana de Baucau, instituição apoiada pela Fundação D. Manuel II.
"Há um certo desencanto relativamente à presença internacional", salientou o duque de Bragança, num balanço dos contactos que manteve.
Surpreendido com a intensidade da crise timorense, D. Duarte Pio manifestou o desejo de que haja uma "verdadeira reconciliação nacional".
"De facto não faz qualquer sentido este conflito interno. Há muita gente que suspeita de causas externas, de algum país que quer provar que Timor não é governável", afirmou, sem querer entrar em pormenores.
"Suspeito que haja interesses externos que possam ter manipulado algumas pessoas para fazerem estes disparates", disse ainda.
A breve visita que concluiu hoje será compensada pelas férias que pretende fazer em Setembro.
"Saio optimista (quanto à resolução da crise), já reservei quartos (na Pousada de Baucau) para passar férias em Setembro com a família. Antes irei a Bali, ao casamento da irmã mais nova da filha do ex-presidente (indonésio) Sukarno, Megawati Sukarnoputri", revelou.