Crónica do Reino (virtual)
de Portugal---------------------------------------------1196-----------------------------------Tânger, 9 de Março de 1196.
Escrevo-vos hoje aqui, na Praça d'el Rey, como é chamada hoje Tânger, residência africana do monarca, devido á impossibilidade de se mover para Córdoba, capital do Reino, que vai sofrendo de uma infeliz praga de peste.
É com grande felicidade que vos digo que Fez foi conquistada em 1193, por Dom João de Castro.
Uma cidade muito bem fortificada, que resistiu durante vários meses, caíndo por fim às mãos dos portugueses, já enfranquecida pelos cavaleiros mouros que fugiram para Marrakesh. Não participei na sua conquista, pelo que os relatos da sua conquista são quase inexistentes.
Contudo, Dom João de Castro, diz-me que nota já nos Mouros pouca vontade em combater.
Desde aqui para cá, as coisas del reino tem permancido calmas, apenas animadas por cá e por lá, pela presença de exércitos de Pisa, que vão explorando aquelas partes de África. Diz-se que um dos seus exércitos tentou conquistar Marrakesh, mas sem aparente sucesso.
Há no entanto, um acontecimento que tem vindo a agitar a corte portuguesa, e que eu vos relatarei aqui.
Devido às incursões de piratas escoceses pelos mares da costa portuguesa, o Rei Dom Fernando dá ordem a que se aparelhe uma armada, com poderoso exército, e que se dirigisse até à Escócia, uma autêntica demonstração de força perante aqueles rebeldes. O comando da armada é atribuído a Henrique Resende, nobre português conhecido pela sua vivacidade e persisitência.
A armada parte.
Eis então que a meio da viagem, Henrique Resende dá ordem a que a armada se diriga para Este, fazendo desembarcar os seus homens na costa da actual França.
Aí, monta cerco ao Castelo de Bordéus, defendido por rebeldes franceses. Dá ordem então, a que um mensageiro parta para Portugal, de forma a informar secretamente o Rei do que se passava por aquelas terras.
O rei, agradado pela ideia da conquista de uma praça por aquelas paragens, dá ordem a que o cerco continue até à rendição ou morte dos franceses que aí estavam.
Efectivamente, em 1195, dá-se o ataque à cidade. Defendida a "ferro e fogo" pelos sitiados, a conquista deste castelo, custa a vida à grande parte do exército português que ali estava. Entre eles, o próprio Henrique Resende, que escapou à morte apenas com dois companheiros. Da infantaria, só os que manobravam os engenhos de cerco e alguns peões da rectaguarda tinha sobrevivido. Do inicial dispositivo de ataque, composto por mais de 1000 homens, sobraram apenas umas dezenas.
Quando isto se soube nestas partes do Reino, a consternação foi muita.
Todos os conselheiros e capitães decidiram, o quanto antes, ir falar com o Rei Dom Fernando.
" Senhor, como pensais manter tal praça, se dentro em breve chegarem os franceses e os ingleses? Esperais concerteza o seu assédio a tal castelo, não? E os soldados, que são necessários em África, serão agora enviados para Bordéus? Como desejarais agora conquistar Marrakech? E defender as nossas praças de África das hostes de Pisa, que já lá rondam?
A todos estes o Rei ouvia, enfadado, já mal-dizendo a esse tal Henrique, agora feito Duque de Guyenne.
Afirmava contudo que era importante manter uma presença naquelas paragens, de forma a proteger os mercadores portugueses que ali iriam negociar, bem como poderia assim combater de melhor forma os piratas escoceses.
O que é facto é que até o Rei estava duvidoso do proveito desta nova conquista, recusando-se contudo a abandonar aquela praça.
"Abandonar Bordéus não!"
Retirarei-me agora amigos, pois irei partir para Fez, ainda sem saber o que nos espera.
Vamos "dar Santiago neles", diz Luís Perez Cunha, meu companheiro de armas.
Será?