Brasil não está disposto a integrar ‘eixo do bem’Eliane Oliveira
BRASÍLIA. O governo brasileiro emitiu sinais ontem de que o país não está disposto a se comprometer com a aliança contra o imperialismo americano anunciada pelos presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, e Evo Morales, da Bolívia e denominada de “eixo do bem” (

). Em reunião com 60 embaixadores brasileiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um balanço da política externa, disse que o ano eleitoral não deve atrapalhar as investidas do Brasil no exterior e enfatizou as boas relações com os Estados Unidos, classificadas por ele como excelentes.
A idéia que foi passada é que a América do Sul continua sendo uma prioridade do governo — que quer manter a política de forte aproximação com todos os países da região, inclusive os mais problemáticos, na visão dos EUA, que são a Venezuela e a Bolívia. Isso, no entanto, não deve servir para contaminar as relações com os americanos. A posição brasileira é de ajudar no que for preciso, para que haja diálogo entre as nações divergentes, com o cuidado de não demonstrar qualquer tipo de interferência direta.
— O Brasil é o Brasil. Não temos de ficar preocupados com essa aliança. Há uma política forte com a Bolívia e a Venezuela, assim como temos excelentes relações com os EUA. Internamente, nossa visão é reformista, de melhoria social e, na área internacional, buscamos parcerias, sem prejuízo das atuais — afirmou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
— Não vamos abandonar nossas boas relações com os EUA, nem deixar de lado nossa amizade com os presidentes Hugo Chávez e Evo Morales — acrescentou o chanceler.
Diante dessa postura, Morales e Chávez não contarão com o apoio explícito de Lula na luta “antineoliberal e antiimperialista” promovida pelos dois presidentes. Mas continuará buscando o fortalecimento de uma aliança política na América do Sul, especialmente em temas econômicos e comerciais. Este mês o presidente brasileiro receberá seu colega boliviano no dia 13 e vai a La Paz, para a posse de Morales, no dia 22. Além disso, Lula receberá os presidentes Chávez e Néstor Kirchner.
— A Venezuela tem seus problemas sociais, mas também tem seus recursos. Nosso comércio com aquele país tem aumentado de forma significativa. Já a Bolívia é o país com a maior fronteira com o Brasil e tem como maior investidor a Petrobras — disse Amorim.
Um dos pontos fortes da reunião de Lula com os embaixadores foi a orientação dada pelo presidente de que a política externa não deve ser deixada de lado por causa do ano eleitoral.
Ao contrário, tem de ser reforçada. Lula citou como exemplos de temas prioritários do Brasil a candidatura do país a uma vaga permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, as negociações no âmbito da OMC e a busca de parcerias internacionais para ampliar a pauta brasileira de exportações.
— As viagens do presidente, apesar de criticadas, tiveram como resultado a entrada de muitos dólares e euros para o Brasil — disse Amorim.
http://www.defesanet.com.br/brasil/br_eixo.htm