Não acredito que Portugal tivesse meios militares em Timor-Leste para resistir muito tempo à invasão indonésia.
A ideia de que não tinhamos forças, é cada vez mais absurda.
À medida que o tempo passa, torna-se óbvio que Portugal tinha de facto uma capacidade militar que muitos países do mundo nao tinham. Não estou a dizer que era uma coisa boa, porque não era, e essa capacidade custou-nos muito sangue, suor, lágrimas e recursos, que deveriam ter sido aplicados noutros lugares, mas, avancemos.
A Invasão de 1975, nomeadamente a tomada de Dili pelos paraquedistas indonésios, poderia ter sido parada sim.
Abeam Atauro, the planes reached 5,000 feet. Because the radar was tuned to the weather, Suakadirul was shocked to see two Portuguese frigates Joao Roby and Alfonso de Alburquerque anchored offshore Atauro. "There was no information on the two ships equipped with radar and sonar anchored at Atauro," protested Suakadirul. Strange. Even though KRI Ratulangi has passed Joao Roby at Timor territorial waters, October 23. What was more surprising, the existence of the ship, which has 3 100-mm guns, has already been known since October 1. "That's what I didn't understand," answer Suakadirul.
http://www.angkasa-online.com/09/05/english/english1.htm
Há relatos australianos, que acusam claramente Portugal. Os australianos afirmam algumas vezes, que os portugueses dispunham dos mais modernos navios de guerra de todo o hemisfério sul e não dispararam um único tiro.
Como podemos ver pelos relatos do site indonésio acima, os indonesios nem avisaram as suas tropas da presença das fragatas, porque sabiam que não haveria reacção. (de notar que o relato refere um navio chamado Afonso de Albuquerque, o que está incorrecto. Acho que estava lá a corveta F-488, NRP Afonso Cerqueira) .
A peça de 100mm Creusot-Loire, junto com a peça de 40mm, seria sempre uma arma temível, tudo dependendo das munições disponíveis.
(não sabemos qual a disponibilidade de munições, mas se não havia vontade de lutar, também não havia razões para que os navios estivessem suficientemente municiados) e a falta de munições é sempre um bom argumento para não agir.
Notar que a Indonesia só tinha na altura (1975) duas fragatas de construção soviética minimamente operacionais. Com Suharto, a URSS tinha cortado todo o auxilio á Indonésia e a marinha estava de rastos. Além das duas fragatas que tinham dificuldade em navegar por mais que seis horas, havia um unico submarino operacional que quando havia visitas de dignitarios estrangeiros, saía do porto com todas as honras e o pessoal formado, e escondia-se numa baía próxima, para voltar ao fim do dia. O problema do submarino Indonésio era que não conseguia submergir, e então passeavam-se com ele para dar a impressão de operacionalidade.
Ou seja: Se Portugal se opusesse, a Indonésia não teria forças para tomar Timor. Esta é a realidade. Timor ficavba demasiado longe para os C-130 e outros aviões de transporte actuarem com protecção de aeronaves de ataque, e os canhões anti-aéreos dos barcos de guerra portugueses, tornavam impossível o dominio aéreo.
A Indonésia nunca se atrevería a defrontar navios de guerra portugueses, e sem dominio do mar e do ar, pouco poderiam fazer.
Timor ficaria demasiado caro de invadir.
Este é mais um daqueles casos, em que a retórica daqueles que dizem que "Não havia nada a fazer" cai por terra perante os numeros e as evidências da história.
As tropas portuguesas, deixaram de lutar, mas não foi porque se recusaram. Deixaram de lutar, porque receberam ordens para o fazer. Timor-Leste, é apenas um dos casos em que isso se torna evidente.
Todas estas noticias eram conhecidas, e agora vêm apenas sendo confirmadas porque o tempo altera a classificação de segurança dos documentos americanos.
Cumprimentos
PS:
De notar que eu sou daqueles que acha que toda a guerra colonial foi um colossal desperdicio de recursos.
O que acho é que quem diz que não havia nada a fazer, e que não tinha sido possível fazer nada, está a mentir, ou pelo menos a distorcer a realidade.