Timor-Leste

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pedro

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Timor-Leste
« em: Novembro 18, 2005, 02:10:53 pm »
ola a todos.
caros amigos abri este tópico para juntar aqui toda a informacao sobre a invasao por parte da  indonesia. :lol:
 

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Normando

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« Responder #1 em: Novembro 29, 2005, 07:25:39 pm »
Noticia Jornal Público:

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Revelados documentos secretos
Portugal disse aos EUA que não se oporia à invasão de Timor-Leste

29.11.2005 - 12h08   Lusa

Em Março de 1975, Portugal já tinha informado os Estados Unidos não ser sua intenção resistir a uma possível invasão de Timor-Leste pela Indonésia, revelam documentos secretos divulgados ontem em Washingon. Isto apesar de uma análise militar norte-americana ter concluído que Portugal, com o mínimo de preparativos, tinha a capacidade de "encurralar" os indonésios em Díli, devido à falta de apoio dos timorenses a uma invasão Indonésia e às dificuldades do terreno.

Os documentos mostram a frustração indonésia para com a falta de resposta de Portugal à crescente crise em Timor durante 1975 e ainda a má informação sobre a situação política em Portugal por parte de um proeminente oficial indonésio.

Por outro lado, os memorandos revelam que em Novembro desse mesmo ano o actual ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-leste, José Ramos Horta, contactou desesperadamente a embaixada norte-americana em Sydney, na Austrália, para apelar à " ajuda política e económica à Fretilin" e avisar que a invasão indonésia a Timor-Leste estava "iminente".

Esta iniciativa de Ramos Horta foi feita por indicação do Comité Central da Fretilin e, segundo o documento confidencial do Departamento de Estado, o funcionário da embaixada norte-americana que recebeu Ramos Horta "ouviu a exposição sem comentários".

A Indonésia invadiu Timor-Leste em Dezembro de 1975 com conhecimento prévio dos Estados Unidos.

Arquivo de Segurança Nacional dos EUA revela documentos secretos

Os documentos foram dados a conhecer pelo Arquivo de Segurança Nacional (National Security Archive), um centro de estudos que se especializa em tentar angariar e publicar documentos governamentais, muitas vezes secretos.

A organização deu ontem a conhecer 39 documentos até agora secretos sobre os contactos diplomáticos em redor de Timor-Leste após a queda da ditadura em Portugal, que levou à descolonização.

Poucos meses após o 25 de Abril de 1974, o Governo indonésio começou de imediato a sondar os Estados Unidos sobre a posição de Washington quanto a Timor-Leste e a sua possível anexação por parte de Jacarta.

Henry Kissinger foi informado da invasão

Em Dezembro de 1974, um funcionário do Conselho de Segurança Nacional dos EUA enviou um memorando ao então conselheiro de Segurança Nacional, Henry Kissinger, informando-o de que num contacto com o adido de defesa da Indonésia ficou a saber que "o Governo indonésio estaria interessado em saber a atitude norte-americana para com Timor Leste (e, por implicação a nossa reacção à possível tomada de controlo pela Indonésia)".

O funcionário sugere a Kissinger que convide entidades indonésias para conversações sobre essa e outras questões, ao que Kissinger dá sua aprovação com uma assinatura no final do documento por baixo da palavra "aprovado".

Poucos meses depois, em Março de 1975, um memorando "ultra secreto" de três páginas endereçado a Henry Kissinger pelo mesmo funcionário do Conselho de Segurança Nacional avisa que a Indonésia receia que "uma retirada apressada dos portugueses deixará Timor enfraquecida sujeita aos instintos esquerdistas de uns poucos líderes do movimento independentista, líderes que os indonésios receiam serem influenciados por Pequim".

O documento informa estarem a crescer as pressões dentro da Indonésia para uma "acção militar directa". "Temos alguma informação indicando que estão a avançar preparativos para essa acção e uma informação de que Suharto deu ordens para incorporação de Timor português não mais tarde do que Agosto de 1975, pela força se necessário", lê-se no documento.

"Entidades oficiais portuguesas informaram-nos de que não resistirão a qualquer uso da força por parte da Indonésia," acrescenta o documento, sem dar outros pormenores.

Posição da Austrália era "ambivalente"

O relatório "ultra secreto" descreve a posição da Austrália sobre a possível invasão Indonésia como "ambivalente".

O autor do documento afirma que o Departamento de Estado não sabe "qual a melhor política a seguir", afirmando que o embaixador norte-americano em Jacarta recomendou "uma política de silêncio".

O documento propõe que se o Governo indonésio voltar a inquirir sobre a posição norte-americana, a resposta seja manifestar "a esperança de que qualquer mudança no Timor português seja levada a cabo pacificamente".

Henry Kissinger concorda com esta posição e nesse mesmo mês o consulado dos Estados Unidos em Surabaya enviou um extenso telegrama secreto à embaixada norte-americana em Jacarta alertando para as dificuldades que o Exército Indonésio enfrentaria numa invasão de Timor-leste.

O telegrama é titulado "Estimativa das capacidades militares indonésias " e nele o autor avisa que os timorenses ligam a possível invasão indonésia "às memórias amargas da ocupação japonesa e não deverão fornecer guias ou informação" aos invasores.

"Os portugueses não praticaram o ‘apartheid’ e as relações inter-raciais são excelentes," diz o documento.

"Não existe qualquer possibilidade de simpatia por uma autoridade indonésia entre a elite timorense ou a população em geral," acrescenta o documento, que avisa que sem o apoio da população "operações militares no Timor português seriam um grande peso para as melhores forças armadas do mundo".

O documento faz depois uma análise detalhada do terreno de Timor-Leste, afirmando que, embora com planeamento e preparação Díli, possa ser tomada "por uma força militar capaz", as forças portuguesas, com apoio de organizações locais e com "um mínimo de preparativos defensivos e uns poucos dias de aviso, podem encurralar os indonésios em Díli sem gastarem muito sangue ou munições".

O documento analisa depois praias perto de Díli para um possível desembarque indonésio, concluindo que "a logística e manutenção seriam a chave para uma operação com sucesso contra Timor português e estes aspectos não têm sido no passado os pontos fortes dos indonésios".

"Como é que os portugueses tencionam cumprir as suas responsabilidades"

Em Agosto de 1975, a embaixada dos Estados Unidos em Jacarta enviou um documento "secreto" ao Departamento de Estado a relatar um encontro entre o embaixador dos Estados Unidos e o tenente general Yoga Sugomo, dos serviços secretos indonésios.

Neste encontro, Yoga delineou a situação em Timor-Leste e expressou frustração por não conseguir clarificar "o que o actual Governo português vê como as suas obrigações e responsabilidades no Timor português ou como é que os portugueses tencionam cumprir as suas responsabilidades".

"Yoga disse francamente que o Governo da Indonésia não sabia quem estava no poder em Portugal e não conseguia obter respostas de Lisboa ou de qualquer outra representação diplomática portuguesa em Macau, Hong Kong, Nova Iorque e noutros locais," diz o documento, que relata como o general Yoga considerou os "socialistas" portugueses como "pró-Moscovo" e os "comunistas" como "pró-Pequim".

Quando informado pelo embaixador norte-americano de que "os socialistas portugueses tendem a manter laços ideológicos com os socialistas europeus e não com Moscovo" e sobre como as "tendências" em Portugal eram "vistas como não comunistas e de dificuldades para os comunistas, o general Yoga repetiu meramente que, pelo que sabia, os "socialistas eram pró-Moscovo e os comunistas eram pró-chineses".

Interrogado pelo general indonésio sobre qual a posição dos Estados Unidos para com a situação em Timor-Leste, o embaixador respondeu que, "em primeiro lugar, o Governo dos Estados Unidos não está ansioso por se envolver de qualquer modo no Timor português", sendo o "principal interesse norte-americano o impacto de qualquer mudança no Timor português nas relações dos Estados Unidos com a Indonésia".

"Em segundo lugar, o Governo dos Estados Unidos não tem qualquer objecção à fusão de Timor português com a Indonésia, assumindo que é esse o desejo da população", acrescentou o diplomata, citado no documento.

O embaixador disse que poderia "haver problemas" se houver "uma tomada pela força" avisando que isso poderia pôr em perigo a ajuda militar à Indonésia.

O general indonésio insistiu numa opinião mais clara das autoridades norte-americanas, afirmando que "se daqui a quatro ou cinco anos Timor português for pró-soviético ou pró-chinês, então os problemas não serão só da Indonésia".

O embaixador norte-americano disse que a posição norte-americana não estava "inteiramente dependente do ramo executivo do Governo dos Estados Unidos".

"O ramo executivo pode compreender a situação, mas as suas mãos podem ficar amarradas, pelo que não é possível dizer exactamente qual seria a reacção dos Estados Unidos", disse o embaixador dos Estados Unidos.

No encontro, o general Yoga disse não acreditar que a fusão de Timor-Leste com a Indonésia pudesse angariar mais apoio entre a população timorense porque "só a Apodeti (Associação Popular Democrática de Timor) é que apoia isso".

O décimo segundo e último assunto

A 5 de Dezembro de 1975, nas vésperas de uma visita do então Presidente Gerald Ford a Jacarta, o Departamento de Estado enviou uma nota "secreta" a Henry Kissinger a mencionar a informação sobre a decisão da Indonésia de invadir Timor entre "6 e 8 de Dezembro".

O documento sugere que - embora seja de esperar que a Indonésia não tome qualquer acção antes da partida de Ford de Jacarta, para evitar um "sério embaraço" - seja enviada uma "mensagem urgente" às autoridades indonésias "pedindo que os indonésios não façam qualquer anúncio e não tomem medidas militares até bem depois da partida do Presidente de Jacarta".

Documentos preparados por Kissinger para o Presidente Ford, para a sua visita a Jacarta, indicam, contudo que para Washington Timor-Leste não era uma prioridade.

A situação em Timor-Leste é apenas o décimo segundo e último assunto do "briefing" ao Presidente norte-americano.
"If you don't have losses, you're not doing enough" - Rear Admiral Richard K. Turner
 

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TOMKAT

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« Responder #2 em: Novembro 29, 2005, 11:11:12 pm »
Citação de: "Normando"
Noticia Jornal Público:

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Revelados documentos secretos
Portugal disse aos EUA que não se oporia à invasão de Timor-Leste

29.11.2005 - 12h08   Lusa

Em Março de 1975, Portugal já tinha informado os Estados Unidos não ser sua intenção resistir a uma possível invasão de Timor-Leste pela Indonésia, revelam documentos secretos divulgados ontem em Washingon. Isto apesar de uma análise militar norte-americana ter concluído que Portugal, com o mínimo de preparativos, tinha a capacidade de "encurralar" os indonésios em Díli, devido à falta de apoio dos timorenses a uma invasão Indonésia e às dificuldades do terreno.
...


Este parágrafo deixa-me um bocado intrigado...
Não acredito que Portugal tivesse meios militares em Timor-Leste para resistir muito tempo à invasão indonésia.
Quantos militares e quais os meios que Portugal dispunha em Timor nesse momento?
Não será demais lembrar que os próprios timorenses estavam divididos, maioritariamente a favor da indepedência, mas a guerrearem-se entre si e havia um partido -APODETI- que defendia a integração de Timor-Leste na Indonésia.
Bombardeamentos navais, largadas de centenas de para-quedistas, uma fronteira desguarnecida mesmo ao lado,...quanto tempo iriam resistir militarmente as forças portuguesas estacionadas em Timor?
IMPROVISAR, LUSITANA PAIXÃO.....
ALEA JACTA EST.....
«O meu ideal político é a democracia, para que cada homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado»... Albert Einstein
 

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Johnnie

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« Responder #3 em: Novembro 30, 2005, 09:36:11 pm »
Em Portugal vivia-se o tempo do "Nem mais um soldado para as colonias" e o pais estava á beira da guerra civil, provavelmente o abrir de mais uma frente de combate no oriente arrastaria o pais para o caos.
«When everything is coming your way... You are in the wrong lane!!!!"
 

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TOMKAT

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« Responder #4 em: Novembro 30, 2005, 10:49:40 pm »
Deslocar fácilmente meios de Moçambique para Timor???
Para se deslocarem meios com rapidez e com a facilidade que dizes é necessário ter meios de transporte capazes disso e não creio que Portugal os tivesse na altura,...ainda hoje não os tem.
Deslocar uma força militar credível de Moçambique para Timor requer meios logistícos que Portugal nunca teve, e provavelmenet nunca terá, e Timor não fica própriamente ao lado de Moçambique.
Além disso é bom não esquecer, Timor vivia nessa altura um estado de guerra civil, com a Fretilin a dominar o conflito, é certo, mas um conflito ainda latente.
Qualquer deslocação de meios portugueses para Timor teriam que ser feitos com alguma antecedência para chegarem a tempo de terem alguma capacidade, pelo menos dissuasora, à invasão indonésia.
Não creio que essa deslocação de meios fosse aceite pela Fretilin de ânimo leve.
Recorde-se que, já com a invasão indonésia a acontecer, só nessa altura a Fretilin pediu ajuda (aos americanos) para enfrentar essa ameaça.

Quanto ás nossas Fragatas e Corvetas arrazarem com os indonésios....
creio que apenas uma corveta estava em Timor nessa altura...
Ainda hoje temos pouca ou nenhuma capacidade naval para defesa aérea.
Uma corveta meter-se nessas aventuras seria suicídio.
Poderiam abater 1 ou 2 aviões mas quais seriam as consequências disso?

Esse feito heróico que tu dizes de os meios navais não intervirem, chama-lhe antes bom senso, além de que tinham ordens para não interferirem nessa invasão.

O erro português na invasão indonésia de Timor foi político, nunca militar,
devido á anuência antecipada das autoridades portuguesas de então à anunciada invasão.

Como o Johnie disse Portugal vivia uma situção interna complicada.
Quanto ao abrir uma nova frente de combate....já reparaste onde fica Timor no mapa?... Fica do outro lado do Mundo.
As forças militares que Portugal esteve estacionadas em Timor sempre foram exiguas.
IMPROVISAR, LUSITANA PAIXÃO.....
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pedro

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« Responder #5 em: Novembro 30, 2005, 10:56:14 pm »
sim tomkat mas entao porque é que os americanos disseram aquilo?
Portugal tinha que se mover diplomaticamente o entao juntamente com o Brasil encontrar uma solucao para o problema e os portugues fugiram como cobardes, bem eu sempre defendi a accao portuguesa mas visto o que os americanos dissem! :lol:
 

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PereiraMarques

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« Responder #6 em: Novembro 30, 2005, 11:10:14 pm »
Isso pode ser simplemente propaganda americana para justificar a invasão indonésia, tipo "os portugueses podiam ter intervido, mas como não fizeram nada, os indonésios é que foram "obrigados" a intervir..."

O Brasil? O que é o Brasil tem a ver com o assunto? O Brasil é uma potência regional e não mundial, o Brasil na altura vivia em Ditadura Militar, os brasileiros só ficaram a saber que havia um território asiático de língua portuguesa - Timor - quando o governo enviou à uns anos forças da Polícia do Exército ao serviço da ONU...

Os portugueses fugiram como cobardes...pode-se ver as coisas desse prisma...mas na situação de conflito interno em que estava Portugal, não havia condições políticas para organizar uma força minimamente credivel...

Cumprimentos
B. Pereira Marques
 

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pedro

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« Responder #7 em: Novembro 30, 2005, 11:18:00 pm »
tem razao eu tambem nao digo que portugal nao tenha feito bem mas sabe as pessoas dizem que portugal fugiu que nem um cobarde eu acho que portugal fez bem.
 

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PereiraMarques

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« Responder #8 em: Novembro 30, 2005, 11:27:12 pm »
Fez bem não...fez mal... :roll:

Cumprimentos
B. Pereira Marques
 

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Nuno Bento

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« Responder #9 em: Dezembro 02, 2005, 07:44:01 am »
Caros amigos a situação em Timor em 1975 era de Guerra Civil com as varias facções Timorenses a guerrearem se entre si , as varias facções quando apanhavam algum elemento de outra fuzilavam no imediatamente. as tropas Portuguesas eram muito diminutas os paios do exercito e da policia foram saqueados pelas varias facções.
A Indonésia demorou varios meses a decidir se pela invasão pois acima de tudo não queria era um governo comunista em Timor . Ora se Portugal reforcasse o contigente militar em Timor logicamente estaria a assumir que queria controlar o caos em que timor se tinha tornado e iria e logicamente a Indonesia não teria intervido, Portugal estava era no caos pos 25 de Abril com Soares e a sua corja a fazerem as barbaridades de descolonização selvagem, logo não havia o minimo interesse em controlar a situação e o mesmo foi comunicado á Indonésia. Nessa altura em Portugal já se considerava que não era uma guerra nossa, só mais tarde vieram o arrependimento e os choros por Timor.
 

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papatango

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« Responder #10 em: Dezembro 02, 2005, 03:37:21 pm »
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Não acredito que Portugal tivesse meios militares em Timor-Leste para resistir muito tempo à invasão indonésia.
A ideia de que não tinhamos forças, é cada vez mais absurda.

À medida que o tempo passa, torna-se óbvio que Portugal tinha de facto uma capacidade militar que muitos países do mundo nao tinham. Não estou a dizer que era uma coisa boa, porque não era, e essa capacidade custou-nos muito sangue, suor, lágrimas e recursos, que deveriam ter sido aplicados noutros lugares, mas, avancemos.

A Invasão de 1975, nomeadamente a tomada de Dili pelos paraquedistas indonésios, poderia ter sido parada sim.

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Abeam Atauro, the planes reached 5,000 feet. Because the radar was tuned to the weather, Suakadirul was shocked to see two Portuguese frigates Joao Roby and Alfonso de Alburquerque anchored offshore Atauro. "There was no information on the two ships equipped with radar and sonar anchored at Atauro," protested Suakadirul. Strange. Even though KRI Ratulangi has passed Joao Roby at Timor territorial waters, October 23. What was more surprising, the existence of the ship, which has 3 100-mm guns, has already been known since October 1. "That's what I didn't understand," answer Suakadirul.
http://www.angkasa-online.com/09/05/english/english1.htm

Há relatos australianos, que acusam claramente Portugal. Os australianos afirmam algumas vezes, que os portugueses dispunham dos mais modernos navios de guerra de todo o hemisfério sul e não dispararam um único tiro.

Como podemos ver pelos relatos do site indonésio acima, os indonesios nem avisaram as suas tropas da presença das fragatas, porque sabiam que não haveria reacção. (de notar que o relato refere um navio chamado Afonso de Albuquerque, o que está incorrecto. Acho que estava lá a corveta F-488, NRP Afonso Cerqueira) .

A peça de 100mm Creusot-Loire, junto com a peça de 40mm, seria sempre uma arma temível, tudo dependendo das munições disponíveis.
(não sabemos qual a disponibilidade de munições, mas se não havia vontade de lutar, também não havia razões para que os navios estivessem suficientemente municiados) e a falta de munições é sempre um bom argumento para não agir.

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Notar que a Indonesia só tinha na altura (1975) duas fragatas de construção soviética minimamente operacionais. Com Suharto, a URSS tinha cortado todo o auxilio á Indonésia e a marinha estava de rastos. Além das duas fragatas que tinham dificuldade em navegar por mais que seis horas, havia um unico submarino operacional que quando havia visitas de dignitarios estrangeiros, saía do porto com todas as honras e o pessoal formado, e escondia-se numa baía próxima, para voltar ao fim do dia. O problema do submarino Indonésio era que não conseguia submergir, e então passeavam-se com ele para dar a impressão de operacionalidade.


Ou seja: Se Portugal se opusesse, a Indonésia não teria forças para tomar Timor. Esta é a realidade. Timor ficavba demasiado longe para os C-130 e outros aviões de transporte actuarem com protecção de aeronaves de ataque, e os canhões anti-aéreos dos barcos de guerra portugueses, tornavam impossível o dominio aéreo.

A Indonésia nunca se atrevería a defrontar navios de guerra portugueses, e sem dominio do mar e do ar, pouco poderiam fazer.

Timor ficaria demasiado caro de invadir.

Este é mais um daqueles casos, em que a retórica daqueles que dizem que "Não havia nada a fazer" cai por terra perante os numeros e as evidências da história.

As tropas portuguesas, deixaram de lutar, mas não foi porque se recusaram. Deixaram de lutar, porque receberam ordens para o fazer. Timor-Leste, é apenas um dos casos em que isso se torna evidente.

Todas estas noticias eram conhecidas, e agora vêm apenas sendo confirmadas porque o tempo altera a classificação de segurança dos documentos americanos.

Cumprimentos


PS:
De notar que eu sou daqueles que acha que toda a guerra colonial foi um colossal desperdicio de recursos.

O que acho é que quem diz que não havia nada a fazer, e que não tinha sido possível fazer nada, está a mentir, ou pelo menos a distorcer a realidade.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
Contra a Estupidez, não temos defesa
https://shorturl.at/bdusk
 

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« Responder #11 em: Dezembro 02, 2005, 04:47:28 pm »
Citação de: "papatango"
Ou seja: Se Portugal se opusesse, a Indonésia não teria forças para tomar Timor. Esta é a realidade. Timor ficavba demasiado longe para os C-130 e outros aviões de transporte actuarem com protecção de aeronaves de ataque, e os canhões anti-aéreos dos barcos de guerra portugueses, tornavam impossível o dominio aéreo.



O chefe... BARCOS  :?:  :G-deal:  :2gunsfiring:  :G-Kill:

Navios... navios.... já o meu pai dizia...
 

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papatango

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« Responder #12 em: Dezembro 02, 2005, 07:01:10 pm »
O termo barco de guerra é comum, e entendido por muita gente. Se eu escrevesse "embarcação de guerra" estaría incorrecto?

Já "barca" tería outra interpretação.

Mas claro que aceito que navio de guerra seja mais correcto. Lembre-se notepad, que eu sou setubalense, e aqui, pelo menos entre os pescadores, não se fala em navios de pesca e sim em barcos de pesca. Independentemente do tamanho e do tipo, sejam eles Traineiras, Botes, Arrastões, Chalupas ou os antigos Laitaus as Faluas os Varinos ou as Fragatas.

Todos são barcos.

A tradição ainda é o que era :mrgreen:

Cumprimentos
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TOMKAT

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« Responder #13 em: Dezembro 02, 2005, 11:19:39 pm »
Citação de: "papatango"
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Não acredito que Portugal tivesse meios militares em Timor-Leste para resistir muito tempo à invasão indonésia.
A ideia de que não tinhamos forças, é cada vez mais absurda.
papatango sem querer por em causa o que afirmaste, estarás muito melhor informado que eu, amador nestas coisas..., afinal quais os meios humanos e materiais que Portugal tinha estacionados em Timor à data da invasão?
 
Citação de: "papatango"
A Invasão de 1975, nomeadamente a tomada de Dili pelos paraquedistas indonésios, poderia ter sido parada sim.
...
Há relatos australianos, que acusam claramente Portugal. Os australianos afirmam algumas vezes, que os portugueses dispunham dos mais modernos navios de guerra de todo o hemisfério sul e não dispararam um único tiro.
Afinal havia em Timor 1 corveta,...1 fragata ou 2...?
Mesmo considerando haver 2 fragatas, em 1975 qual o poder e o alcançe de fogo antiaéreo dessas unidades navais?
Citação de: "papatango"
A peça de 100mm Creusot-Loire, junto com a peça de 40mm, seria sempre uma arma temível, tudo dependendo das munições disponíveis.
(não sabemos qual a disponibilidade de munições, mas se não havia vontade de lutar, também não havia razões para que os navios estivessem suficientemente municiados) e a falta de munições é sempre um bom argumento para não agir.
Responde em parte à minha questão anterior, mas não sendo eu um especialista em armamento, fica-ma a dúvida: Qual o alcance da peça de 100mm? Acho isso importante pois uma coisa é considerar a eficácia dum sistema de fogo, concebido essencialmente para defesa da unidade naval,
outra coisa é usar estes sistemas em missões ofensivas.
Pode-se argumentar que os aviões que efectuaram as largadas de paraquedistas estavam ao alcance das  peças das 2 fragatas ou corvetas,
mas pode-se pôr a hipótese de que apenas o fizeram por saberem que os meios navais portugueses não iriam interferir.
Se não fosse esse o caso bastaria aos indonésios se de facto quisessem fazer a invasão mesmo com a oposição portuguesa, localizar as fragatas e efectuar a largada de paraquedistas fora do alcance de tiro dessas mesmas fragatas, tão simples como isso.

Citação de: "papatango"
Ou seja: Se Portugal se opusesse, a Indonésia não teria forças para tomar Timor. Esta é a realidade. Timor ficavba demasiado longe para os C-130 e outros aviões de transporte actuarem com protecção de aeronaves de ataque, e os canhões anti-aéreos dos barcos de guerra portugueses, tornavam impossível o dominio aéreo.

A Indonésia nunca se atrevería a defrontar navios de guerra portugueses, e sem dominio do mar e do ar, pouco poderiam fazer.
...


Voltamos à questão inicial, que meios humanos e materiais tinha Portugal estacionados em Timor à data da invasão indonésia?

Note-se que não estou, ao colocar estas questões, a querer desculpar os erros absurdos cometidos durante o processo de descolonização,...Timor foi apenas mais um, talvez o mais trágico, mas também não vou na cantiga do "bandido" australiano e americano, ao dizerem que se os portugueses quisessem isto...se os portugueses fizessem aquilo...

O erro que podem apontar de facto a Portugal, do qual não podemos fugir foi renunciar a uma responsabilidade que tinhamos para com o povo timorense antes da anunciada invasão.
Se nos assumissemos como potência administrante que ainda eramos,
não aceitando, nos contactos prévios havidos a nível diplomático, a invasão indonésia, aí talvez a história fosse outra,...mas para isso tinhamos com os nosso meios parar a guerra civil que assolava Timor, e quanto a isso não fizemos nada,...assobiámos e olhámos para o lado,...e continuamos com a mesma atitude durante a invasão indonésia.
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Johnnie

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« Responder #14 em: Dezembro 03, 2005, 12:55:12 am »
Quando se fala no "Exercito Português" em Timor há que não esquecer que este em 80% era constituido por locais, e que estes tinham outras fidelidades , logo os oficiais metropolitanos ai presentes sabiam que nunca poderiam contar com eles...A uinca solução seria mandar soldados da metropole, o que já vimos não ser uma opção...Mais, bastante equipamento foi desviado na epoca por estes "soldados do exercito português", tendo sido destruidos uns quantos alouettes inclusive, logo e face ao total desinteresse de Lisboa, a decisão das chefias militares do território foi arriar a nossa amada bandeira e recolher para a ilha de Atauro e dai de volta a casa.
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