De bandidagem??? Tipo os desgraçados que eram vigiados simplesmente por não irem á missa de Domingo??? Você sabe tão bem que á PIDE não lhe interessavam os bandidos..... O que lhes interessava era aquilo a que eles chamavam de cápulas (todos aqueles que podessem representar perigo para o regime)....
Creio que se criou uma ideia um pouco exagerada sobre as capacidades da PIDE.
Lembro que a antiga PVDE (Policia de Vigilância e Defesa do Estado) teve o apoio da Gestapo alemã aquando da sua formação.
A polícia evoluiu de forma diferente nos territórios ultramarinos, onde chegou a ter forças militarizadas mais ou menos regulares que actuavam mesmo nos países limitrofes.
Mas ainda o Salazar não tinha morrido e já a PIDE (novo nome que sucedeu a PVDE) se começava a distanciar de uma organização repressiva destinada a controlar os que criticavam o estado.
O regime não conseguia ter mão na contestação, como se viu nas crises académicas de meados dos anos 60.
Nessa altura, já tinha surgido uma nova faceta da PIDE, que muita gente convenientemente ignora:
A PIDE tinha-se em parto transformado numa organização de proxenetas e agentes de meninas, que controlavam o lucrativo negócio do sexo especialmente na região de Lisboa.
Muitos PIDES tinham por conta meninas (vulgo Put@s) que alugavam à hora.
Era um comércio de sexo muito diferente da restante prostituição, porque as prostitutas da PIDE tinham a proteção daquela policia e o apoio dos agentes, caso fosse necessário abafar algum caso.
Havia uma guerra constante entre a PSP e a PIDE, porque a PSP chegou a prender prostitutas dos PIDES porque andavam a deambular nos lugares do costume, na área do Parque Mayer e na noite lisboeta nas áreas de alguns dos teatros da capital.
Para resolver o problema, os PIDES chegaram a emitir carteiras profissionais falsas para que as meninas continuassem a trabalhar sem serem incomodadas pela PSP.
É de rir, quando vemos certa esquerda afirmar que o Parque Mayer sempre foi uma área onde a critica ao regime corria solta.
Estas afirmações pretendem passar a imagem de que havia resistência entre o pessoal do espectáculo.
Na realidade os PIDES permitiam uma certa contestação, porque ganhavam com isso, mantendo assim um lucrativo negócio de sexo, deboche e preversão.
O famoso caso Ballet Rose foi um dos mais conhecidos, em que a PIDE defrontou a própria Policia Judiciaria e a situação atingiu um nível de deboche que nem os PIDES conseguiram abafar a violação de crianças por alguns senhores da sociedade, que pagavam à PIDE por proteção nas suas atividades sexuais desviantes.
Para mostrar serviço, os PIDES de vez em quando, apanhavam um comunista ou outro e davam-lhe um enxerto de porrada para dar a impressão de que havia uma policia a tratar de defender o Estado. Se o comuna morresse, melhor, porque assim dava ainda mais a impressão de que a PIDE existia para proteger o estado e não era uma agência de meninas para os senhores da aristocracia do regime.
Desde o final dos anos 60, que para muitos PIDES o negócio do sexo era o que realmente interessava. O PIDES estavam demasiado preocupados em saber quais das prostitutas deveriam servir quais clientes na noite de 25 de Abril de 1974.
Por isso, um grupelho de recrutas de Santarem, rebenta-lhes com uma revolução no focinho, sem que os mais nojentos dos policias da PIDE percebessem o que se estava a passar.
Viram passar os Panhard EBR do Salgueiro Maia, quando ainda estavam a receber das prostitutas os proventos da noite.
Alguém acredita, que uma policia minimamente organizada, não seria capaz de deter um grupelho de recrutas, ou soldados acabados de jurar bandeira, que, como se diz na giria ainda cheiravam a leite ?
O engraçado é que ninguém quer saber disto. Os comunistas, não gostam, porque retira-lhes o estatuto de vítimas do terrível regime «fassista». A esquerda bem-de-vida não gosta, porque muita gente estava ligada ao meio do teatro. Os defensores do regime, não gostam, porque querem ainda acreditar que o regime era um regime de bons costumes, com portugueses tementes a Deus que cumpriam todos os mandamentos.
Existem bairros nos arredores de Lisboa, onde ainda vivem as prostitutas que tinham a sorte de conseguir um PIDE bem colocado que arranjava clientes que lhes «punham casa», como se dizia na altura.
Existe uma outra revolução que ninguém está interessado em estudar. Ainda estão vivos os intervenientes.
É que os PIDES agenciavam meninas para as elites. Mesmo as elites da esquerda que contestava o regime nos cafés de Lisboa.