Política armamentista da Venezuela põe em risco defesa da Amazónia
O politólogo brasileiro Paulo Manduca considerou hoje que "a diplomacia "ad hoc"" e a corrida "armamentista" do Presidente venezuelano, Hugo Chávez, "acende um sinal de alerta nos sectores ligados à defesa da Amazónia".
Numa comunicação apresentada ao X Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, que hoje começou na Universidade do Minho, o investigador salientou que a política de Hugo Chávez "pode levar à ampliação do cenário de conflito colombiano para outras áreas da região" e classifica o tema como "de suma importância e extremamente delicado".
Paulo Manduca é um dos 1600 investigadores das áreas das ciências sociais e das relações internacionais, oriundos de Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, que participam no congresso.
Apesar do alerta em termos de segurança, o investigador afirmou que a intensificação das relações entre o Brasil e a Venezuela está a possibilitar uma nova dinâmica económica de fronteira, que favorece, sobretudo, as comunidades da região, bem como a superação de problemas antigos como os garimpos ilegais e as invasões em terras indígenas.
O investigador refere que as relações entre os dois países assumiram um carácter estratégico nos últimos anos, nomeadamente no que tem a ver com o processo de integração económica: "a Venezuela significa a possibilidade de se injectar nova dinâmica ao Mercosul e recondicionar o processo de integração no subcontinente", sublinhou.
O tema da Amazónia foi também abordado pelo politólogo brasileiro José Cauby Soares Monteiro, para quem o Tratado de Cooperação Amazónica de 1978, renovado em 1995 e reestruturado em 2002, sob o nome de Organização do Tratado de Cooperação Amazónica (OTCA) tem, 30 anos depois, "resultados escassos".
No estudo que apresenta ao Congresso, o investigador lembrou "o novo papel internacional da Venezuela na América do Sul e o seu ingresso provável no Mercosul, a permanência da questão colombiana e a retomada das preocupações ambientais nas relações internacionais".
Nesse sentido, defendeu que deve haver uma actuação concertada em relação à Amazónia, dado que "meio ambiente, segurança e desenvolvimento ainda são temas desconexos".
Lusa