Saudações guerreiras
Bom, não querendo bater sempre na mesma tecla, como podem ver, para além dos “supostos” problemas causadas pelas restrições financeiras, há um elemento introduzido, nesta discussão, que, para mim, vem justificar (parcialmente) o fracasso da implantação do programa MLU em Portugal, que é a questão das OGMA. Quando avancei com a questão financeira, nem me lembrei do que se passou nas OGMA, ou seja, a sua (parcial) privatização.
A questão da troca de dono das OGMA e o acesso a tecnologias avançadas por parte desses mesmo donos - que não são originários do país que forneceu os F-16 a Portugal - e sendo concorrentes entre si, também deveria ter sido ou tem sido uma questão de difícil resolução, dadas as incompatibilidades mais que evidentes nesta situação.
Leva-me a crer que também houve uma falha nas negociações entre OGMA e governo, todo isto com as OGMA já privatizadas. Houve também, provavelmente uma falha de planeamento ao não prever as reais consequências do impacto da venda das OGMA na produção dos MLU, ou um optimismo em demasia por parte da FAP ao não prever prever a mudança radical nas OGMA (duvido que os responsáveis da FAP não soubessem das intenções do governo em relação á privatização das Oficinas) Sendo assim o processo tem que se arrastar, dependendo (ou não(?)) de mais uma linha de produção a abrir em Monte Real ou o reformular de tudo novamente, para além daquilo que estaria previsto.
No entanto, na minha opinião, o tempo (gasto) com isto tudo, não justifica, mesmo assim, todo o atraso que tem caracterizado todo este programa. Por isso mesmo, a questão financeira é a questão essencial, porque deriva da vontade de se fazer algo que já estava planeado desde há vários anos. Como as pessoas mudam e as vontades também, é mais que obvio, (para mim, claro) que deve haver um claro desinteresse no programa MLU.
Mas nem tudo é mau. Se não é para se fazer, ao menos, é para se ir fazendo. Se formos a analisar bem a coisa, o MLU não foi cancelado. A existência dele é só para dizer, ou melhor, para convencer alguns portugueses - como fossem, estes, algumas vez foram importantes - e os que eventualmente estiverem interessados nos 12 aviões MLU, no resto pode-se aplicar a conversa da banha da cobra que se venderá sempre muito bem. “Depressa e bem, não há quem”, como se costuma dizer. É que se fossem montados ao ritmo que estava previsto, ainda sobravam peças!!! Isto é o ritmo normal e há coisas bem piores que isto, descansemos.
Sem bem que é referido “uma tal incapacidade das OGMA” não acredito que seja por falta de qualificação técnica e a falta de técnicos pode servir perfeitamente como desculpa ao governo, que deve ser de outro país e não o de Portugal, para não exigir nada e nem ser conhecido algum tipo de intervenção por parte de quem de direito para que as coisas se mexam e que os interesses de Portugal.
O que há, deve ser o possível para que as OGMA(?) possam fazer o seu trabalho(?) no MLU sem perder dinheiro, para não correr o risco de arcar com responsabilidades de um/uns governo(s) que não sabe(m) e nunca soube/souberam o que fazer com um sector em que, muito pragmaticamente, o nº de votos não cobrem as chatices e que o empreender da melhor demagogia política em campanhas eleitorais ou programas de televisão tipo “grande entrevista”, não dá para o latim gasto, podendo, em última instância, os benefícios reverterem a favor do adversário.
As OGMA foram vendidas porque mais uma vez se chegou á uma decisão “pragmática” num contexto económico já de descalabre total (lembram-se da conversa da tanga?) e no qual só importaria meter na ordem o “santo” défice, como se todo o resto nunca fosse importante ou bem mais importante que o dito cujo, aliás. Portanto, quem é que queria realmente saber da gestão das OGMA ou de qualquer decisão a tomar ou levar por diante em relação a isto tudo?
O que vos parece depois de tanto pragmatismo aplicado? Acham que a privativação das OGMA, tal como aquilo que se está a prever fazer com a questão do “parceiro tecnológico” para os ENVC (leia-se outra privatização = venda) resolverá a situação ou que será a médio/longo prazo a que mais interessa a todos os que se identificam com este país?
Será isto pragmatismo ou falta de visão de futuro?
Eles muito provavelmente nunca souberam que quem tem iniciativa aliada a quem tem poder, dita leis. Mas, é verdade, estava-me a esquecer que tanta docilidade é sempre vista como boa educação. Já dizia a minha avozinha: “Cordeirinho manso, mama na da mãe e mama na da alheia. Cordeirinho bravo, ninguém o quer.”
Em minha opinião a FAP é "culpada" de ter tido mais "olhos que barriga" e ter avançado para o projecto MLU sem ter acautelado o sistema necessário para operar 40 aparelhos modernos de combate como o F-16 (veja-se as dificuldades de recrutamento para os actuais 20).
Isto lembra-me um pouco com a atitude dos sucessivos governos na questão dos médicos – e nos tempos que correm, não interessa qual a especialidade – desde os anos 80 do séc. XX. Em determinados anos houve uma quantidade ínfima de formados. Hoje é aquilo que se vê e continuamos a pensar com a razão que tem assistido muitos políticos inteligentes, passando pelo ex-presidente da república Jorge Sampaio, que numa visita qualquer, respondeu a uma entrevista, face à gravidade geral da situação, mais coisa menos coisa: “Não havia nada a fazer, porque o que se quer são médicos com qualidade e quanto a isso não há nada a fazer.”Uma coisa muito certa, por sinal. O que também é certo é que o país, á custa de tal “qualidade” de pensamento, esvazia-se rápidamente em quadros que, sabe Deus o que custam e como valiosos são.
Não nos chateamos com nada, por favor, só dá dores de cabeça. É deste tipo de pragmatismo que eu gosto, o rendermo-nos ás evidências. Mas afinal, quem sou eu para dizer no contrário? Pelo andar da carruagem duvido que alguma vez possamos enviar algum astronauta para o espaço, coisa que também nunca virará problema. "Do mal, o menos, ora essa!!!". Isto cheira-me (de)mais a xico-espertice!!!
Mas não nos podemos queixar de nada, vamos fazer que nada se passa, nada é connosco. Não vamos levantar lérias, porque tá tudo resolvido. Não há linha de produção para o MLU, pois não? Não há crise, virá, então, a montagem dos aviões da EMRAER, diz o PM. Resta saber o que Portugal dá em troca? Os brasileiros não são estúpidos… e os portugueses também não!!! Aliás ninguém é estúpido, diga-se de passagem. Aqui ninguém perde e sai sempre prémio, como nas feiras.
Portugal ganhará mais uma fábrica de aviões e passa para um outro estádio de desenvolvimento superior ao da Alemanha (porque só fabricam componentes), terá mais emprego qualificado para dar vazão ao plano tecnológico, o PIB crescerá de forma sólida. Portugal exporta aviões, já raparam? Inimaginável até há bem pouco tempo!!!!
Estamos na EU, por isso mesmo, somos também uns dos melhores do mundo, carago. A Embraer de mãos dadas com a EADS, vão fazer como a fábrica de Palmela, recebem subsídios. É isso que Portugal dá e provavelmente é isso que fará eventualmente deslocar a produção para Portugal. Mas não nos preocupemos, não vamos dar nada que seja nosso. Só vamos dar aquilo que recebemos, não é verdade? Como vêm, é tudo ouro sobre azul. Toda a gente viverá feliz para sempre, não nos podemos queixar.
Pragmatismo e espírito empreendedor como este são o exemplo a seguir. Será que os alemães os ingleses, franceses, suecos, italianos, americanos russos, chineses, japoneses, sul-coreanos, espanhóis, marroquinos, islandeses, dinamarqueses, enfim, para que os dedos não me comecem a doer, o mundo inteiro ainda não reparou nestas maravilhas da engenheira, curioso?
Enfim, posso sempre ir perguntando, escapa-me algo?
E também deviam ter programado melhor o projecto de MLU aos aparelhos, já que a responsabilidade final e supervisão é sua. Não chega empurrar todas as culpas para as OGMA e Lockheed... Noutros países o programa MLU correu muito bem, sendo bastante económico e rápido.
Também não nego que possa ter havido alguma coisa que não tenha corrido bem por parte da FAP. Acho que, não sendo desejável, pode muito bem acontecer. O que é certo é que nos outros países não aconteceu o episódio das OGMA e só se optou pelo MLU enquanto que em Portugal, para além do MLU há o FALCON UP e o FALCON STAR, tudo isto ao mesmo tempo.
O que vemos neste caso, parece ser mais do mesmo. E de repente, pode ser que algum ministro tenha um assomo de nacionalismo e corte algum contrato, como o Paulo Portas fez com os helicópteros, que agora foram escolhidos pelos americanos para o exército deles.
Os organismos do estado, estão desacreditados. A norma e a regra, é que funcionam mal, demoram demasiado tempo e são incapazes de cumprir horários e compromissos.
Se fosse só isso…
Experimentem tirar a tanga a Portugal. Se encontrarem alguma coisa avisem-me. Melhor, o que cobrirá ela agora? Aguado respostas imaginativas. Escrevam: FR (Fernado Rocha) seguido do nº 0000. Não me responsabilizo pela boca respondida. IVA incluído á taxa em vigor.
Cumprimentos