Notícias da Marinha

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Cabeça de Martelo

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Re: Notícias da Marinha
« Responder #3165 em: Março 26, 2025, 10:34:45 pm »
Não sei, será que devo perguntar ao Grok?
Contra a Esquerda woke e a Direita populista marchar, marchar!...

 

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Cabeça de Martelo

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Re: Notícias da Marinha
« Responder #3166 em: Março 26, 2025, 10:41:00 pm »
Solução Portuguesa... espera Pzito, espera...

NRP D. João II



Por falar nesse coiso, já soldaram mais alguma chapa?  :mrgreen:

A construção do NRP D. João II, uma Plataforma Naval Multifuncional da Marinha Portuguesa, está em andamento no estaleiro Damen Shipyards em Galați, na Romênia. O contrato para sua construção foi assinado em 24 de novembro de 2023, e o navio está previsto para entrar em serviço na segunda metade de 2026.
Estado Atual da Construção
O marco inicial da construção foi a cerimônia de corte da primeira chapa de aço e a colocação da quilha, realizada em 3 de outubro de 2024. Desde então, o projeto avançou para a fase de construção dos blocos iniciais do navio, conforme relatado em outubro de 2024 por fontes oficiais da Marinha Portuguesa e do governo. Em 25 de outubro de 2024, uma reunião técnica com especialistas da Damen e da equipe de fiscalização da Marinha Portuguesa confirmou o progresso, com visitas às oficinas onde os primeiros blocos estão sendo montados. Isso indica que, até o momento, a construção está na fase inicial de assemblage estrutural, típica de um projeto naval desta escala, que ainda tem cerca de um ano e meio até sua conclusão prevista.
Além disso, em outubro de 2024, foi anunciado que a empresa Alewijnse foi contratada para realizar a instalação elétrica do navio, sugerindo que o planejamento para sistemas internos já está em curso, paralelo à construção do casco.
Fotografias Recentes
Não há fotografias recentes amplamente disponíveis ao público que mostrem o estado atual da construção em detalhes, pelo menos até março de 2025. No entanto, a Marinha Portuguesa compartilhou, em 3 de outubro de 2024, uma postagem no X com uma imagem da cerimônia de colocação da quilha, que incluía a tradicional fixação de uma moeda. Essa imagem, embora simbólica, é a mais recente associada ao projeto de forma oficial. Outras atualizações visuais, como fotos dos blocos em construção mencionados em outubro de 2024, foram referidas em comunicados da Marinha e do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), mas não parecem ter sido divulgadas publicamente em alta resolução ou de maneira acessível até o momento.
Para obter imagens mais atualizadas, seria necessário consultar diretamente os canais oficiais da Marinha Portuguesa ou da Damen Shipyards, que podem liberar registros visuais em futuras etapas do projeto. Dada a data atual (26 de março de 2025), é provável que mais progressos tenham ocorrido nos últimos cinco meses, mas sem novas publicações específicas, o estado exato permanece baseado nas informações de outubro de 2024.
Resumo
Estado: Construção iniciada, com blocos iniciais em montagem (atualizado até outubro de 2024).
Fotografias: Disponível apenas a imagem da cerimônia de 3 de outubro de 2024 via redes sociais da Marinha; não há registros públicos detalhados mais recentes até agora.


 :mrgreen:
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Cabeça de Martelo

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Re: Notícias da Marinha
« Responder #3167 em: Março 26, 2025, 10:45:29 pm »
A Alewijnse é uma empresa holandesa com mais de 135 anos de experiência na área de engenharia elétrica e automação, especializada em soluções técnicas para os setores marítimo e industrial. Fundada em 1889 por Cornelis Alewijnse em Nijmegen, Países Baixos, a companhia começou como uma fábrica de lâmpadas elétricas e evoluiu ao longo das décadas para se tornar um integrador de sistemas de renome internacional.
Principais Informações
Sede: Nijmegen, Países Baixos.
Filiais: Possui operações em vários países, incluindo Romênia (Galați), França e Vietnã, além de sua base principal nos Países Baixos.
Setores de Atuação:
Marítimo: Yachting (iates de luxo), naval e governamental (embarcações militares), dragagem, offshore e transporte.
Industrial: Água potável, alimentos, energia geotérmica e projetos específicos de manufatura.
Serviços: Oferece uma gama completa de soluções técnicas, incluindo instalações elétricas, distribuição de energia, sistemas de geração e propulsão, automação de processos, áudio/vídeo e TI, segurança, e sistemas de navegação e comunicação.
Funcionários: Emprega mais de 1.000 pessoas globalmente.
Histórico
A empresa foi fundada em 1889 por Cornelis Alewijnse, inicialmente em parceria com os irmãos Roothaan, para fabricar lâmpadas. Após o fechamento da fábrica em 1899, Cornelis estabeleceu uma empresa de instalações elétricas em 1900, que passou a ser gerida por seus filhos após sua morte em 1938. A Alewijnse expandiu-se significativamente ao longo do século XX, adquirindo outras empresas e diversificando suas operações. Em 1980, a holding e a divisão de engenharia elétrica mudaram-se para Energieweg, em Nijmegen. Até 2018, a empresa permaneceu sob controle da família Alewijnse, quando foi adquirida pelas firmas de investimento Strong Root Capital e CommonWealth Investments.
Foco Atual
A Alewijnse destaca-se por sua abordagem como integradora de sistemas, trabalhando em parceria com clientes para oferecer soluções personalizadas. Nos últimos anos, tem investido fortemente em sustentabilidade, desenvolvendo sistemas de propulsão ecológicos e soluções energeticamente eficientes, atendendo à crescente demanda por operações sustentáveis. Um exemplo disso é sua participação em projetos como o NRP D. João II, onde colabora com a Damen Shipyards na instalação elétrica de uma plataforma naval multifuncional.
Projetos e Parcerias
Marítimo: Trabalha com estaleiros renomados, como a Damen, em projetos de construção naval, incluindo iates de luxo de até 130 metros e embarcações militares. Em 2023, adquiriu a Tijssen Elektro, ampliando sua capacidade no setor de iates.
Industrial: Especializa-se em soluções para água potável, alimentos e projetos de manufatura, oferecendo desde engenharia até manutenção 24/7.
Cultura e Valores
A empresa enfatiza a conexão entre pessoas e tecnologia, guiada pelos valores de confiabilidade, envolvimento, transparência e sustentabilidade. Seu lema, "We Connect", reflete a missão de integrar tecnologia e talento para criar valor para clientes e parceiros.
Se precisar de mais detalhes sobre algum aspecto específico, como projetos em andamento ou sua atuação em Portugal, é só pedir!
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Re: Notícias da Marinha
« Responder #3168 em: Março 28, 2025, 07:13:25 am »
Não sei, será que devo perguntar ao Grok?

Deve saber mais que tu  :diabo:
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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goldfinger

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Re: Notícias da Marinha
« Responder #3169 em: Março 31, 2025, 06:20:22 am »
Los nuevos seis OPVs de la Armada de Portugal irán equipados con Azipods de ABB



Citar
ABB ha firmado un contrato con el Astillero West Sea, ubicado en Viana do Castelo (Portugal), para equipar los seis nuevos buques de patrulla de alta mar (OPV) de la Marinha Portuguesa que analizamos en enero de 2024 con un sistema integrado de potencia, propulsión y automatización, diseñado para garantizar una eficiencia óptima. La entrega de los buques está prevista entre 2027 y 2031.

Los nuevos buques estarán equipados con el sistema de propulsión Azipod, la plataforma de sistema de energía Onboard DC Grid y el sistema de control distribuido  ABB Ability System 800xA. En conjunto, las soluciones de ABB permitirán una mayor eficiencia operativa de los buques, contribuyendo a la reducción del consumo de combustible y las emisiones.

“Nos honra que West Sea Shipyard y la Armada de Portugal hayan elegido nuestra solución de potencia, propulsión y automatización para estos seis buques de patrulla de alta mar de altas especificaciones”, afirmó Sindre Satre, gerente de línea de negocio de la Guardia Costera y la Armada de ABB Marine & Ports.

“Nuestros sistemas integrados ya cuentan con una sólida trayectoria en el mercado comercial y cada vez se utilizan más para buques de guerra”, recalca.

La propulsión eléctrica Azipod optimizará la eficiencia de los próximos buques. Se trata de un sistema de propulsión direccionable y sin engranajes, en el que el motor eléctrico se aloja en una cápsula fuera del casco del buque, lo que permite que la unidad gire 360 ​​grados. Al aumentar la maniobrabilidad y la eficiencia operativa de los buques, el sistema de propulsión Azipod ayuda a reducir el consumo de combustible en comparación con los sistemas de ejes convencionales.

Onboard DC Grid es una plataforma de sistema de energía modular y compacta que ofrece diversas ventajas en comparación con su equivalente de CA (corriente alterna). La solución permite ahorrar peso y espacio, y facilita la integración de generadores de velocidad variable, sistemas de almacenamiento de energía y nuevas fuentes de energía para preparar los buques para las necesidades cambiantes del futuro. Al optimizar el uso de la energía, Onboard DC Grid™ reduce significativamente el consumo de combustible y las emisiones,

El sistema ABB Ability System 800xA es una solución integral de automatización diseñada para mejorar la eficiencia y la seguridad de los buques marinos. Integra diversos sistemas y equipos a bordo, proporcionando un entorno de usuario único para una operación fluida. Este sistema permite a la tripulación acceder a toda la información necesaria desde una interfaz intuitiva de pantalla única, lo que facilita la operación del buque de forma más eficaz y segura.

Como parte del paquete, ABB también suministrará su sistema de gestión de potencia y energía PEMS. En combinación con Onboard DC Grid, el sistema constituye el núcleo del sistema combinado de potencia y control del buque. Esto permite un uso óptimo de todos los recursos energéticos del buque de forma segura, energéticamente eficiente y respetuosa con el medio ambiente.

https://www.defensa.com/defensa-naval/nuevos-seis-opvs-marina-portuguesa-iran-equipados-azipods-abb
A España servir hasta morir
 

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Re: Notícias da Marinha
« Responder #3170 em: Março 31, 2025, 09:11:42 am »
Hoje, apresentamos o novo Uniforme Operacional da Marinha. 🌊🛥️.                        Até 31 de dezembro de 2026, o Regulamento de Uniformes dos Militares da Marinha (RUMM), conforme mencionado na Portaria nº 232/2022 de 9 de setembro, está em mudança.

https://www.facebook.com/reel/691016026611371/
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Drecas

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Re: Notícias da Marinha
« Responder #3171 em: Abril 01, 2025, 04:23:32 pm »
RWS adiado outra vez
 

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Re: Notícias da Marinha
« Responder #3172 em: Abril 01, 2025, 06:35:24 pm »
RWS adiado outra vez

Depois querem ser levados a sério e ficam muito ofendidos

"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
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Re: Notícias da Marinha
« Responder #3173 em: Abril 02, 2025, 10:38:22 pm »
 

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saabGripen

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Re: Notícias da Marinha
« Responder #3174 em: Abril 03, 2025, 12:01:17 am »
Hoje, apresentamos o novo Uniforme Operacional da Marinha. 🌊🛥️.                        Até 31 de dezembro de 2026, o Regulamento de Uniformes dos Militares da Marinha (RUMM), conforme mencionado na Portaria nº 232/2022 de 9 de setembro, está em mudança.

https://www.facebook.com/reel/691016026611371/


Ó Dom Januário Torgal,

Não terá sido o Picas a encomendar a nova farda?
Se calhar até deu uns palpites sobre o desenho, não?
Parece que temos aqui uma obra dele com que concordas.

Eu acho que é muito escura.

« Última modificação: Abril 03, 2025, 12:03:08 am por saabGripen »
 

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Pescador

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Re: Notícias da Marinha
« Responder #3175 em: Abril 03, 2025, 10:37:41 am »
Só falta mudar a loiça das messes. para a Marinha estar modernizada
 
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Re: Notícias da Marinha
« Responder #3176 em: Abril 03, 2025, 06:23:24 pm »
Hoje, apresentamos o novo Uniforme Operacional da Marinha. 🌊🛥️.                        Até 31 de dezembro de 2026, o Regulamento de Uniformes dos Militares da Marinha (RUMM), conforme mencionado na Portaria nº 232/2022 de 9 de setembro, está em mudança.

https://www.facebook.com/reel/691016026611371/


Ó Dom Januário Torgal,

Não terá sido o Picas a encomendar a nova farda?
Se calhar até deu uns palpites sobre o desenho, não?
Parece que temos aqui uma obra dele com que concordas.

Eu acho que é muito escura.

Ouvi dizer que o Tridente está inoperacional desde 2022, vai para 3 anos (coisa pouca!)

Quando é que faz o MLU? Ou é para trocar por tucanitos?

Pergunta lá aos teus connections
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
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SCARXXX18

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Re: Notícias da Marinha
« Responder #3177 em: Abril 07, 2025, 07:41:25 pm »
Entrevista ao novo chefe da Marinha: "Qualquer que venha a ser o Governo terá de olhar para os compromissos da Defesa com seriedade"
https://expresso.pt/politica/defesa/2025-04-03

Na sua primeira entrevista desde que é chefe do Estado-Maior da Armada, o almirante Jorge Nobre de Sousa admite a necessidade de mais um ou dois submarinos e de estancar a saída de pessoal especializado. Recorda-se, divertido, das noites que passava em claro para bater o submarino de Gouveia e Melo em exercícios navais

O almirante Jorge Nobre de Sousa tomou posse como chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) a 27 de dezembro, mas depois o contexto estratégico internacional virou-se às avessas. O CEMA espera que, com as novas metas para o investimento, o poder político aproveite a onda favorável da opinião pública em relação à Defesa para cumprir os compromissos assumidos pelo país, e diz que sem mais gente qualificada não será fácil operar os novos meios e outros que venham a ser adquiridos. Nobre de Sousa tem a expetativa que a Marinha seja reforçada com fragatas novas e um ou dois submarinos, para além dos programas que estão em curso.

O sucessor do almirante Gouveia e Melo - rival do ex-submarinista em exercícios como especialista em luta anti-submarina -, não acredita que a Marinha venha a ser beneficiada ou prejudicada se aquele se candidatar e for eleito Presidente da República. Na sua primeira entrevista, este chefe militar que fez toda a carreira na área operacional admite um reforço de meios nos Açores, para não corrermos o risco de sermos a próxima Groenlândia. Eis a entrevista que foi resumida na edição do Expresso em papel.

Chega a CEMA no meio da maior crise da NATO, quando a União Europeia revê toda a sua política em matéria de Defesa, e sem que o Governo português se comprometa para já com metas que vão para além dos 2% de gastos do PIB em Defesa. Está preocupado com este quadro?

Uma vez, ouvi o dr. Paulo Macedo, quando era ministro da Saúde, dizer que a preocupação não resolve problema nenhum. Estive cinco anos e meio no Comando Conjunto para as Operações Militares e fui Comandante Naval, e isso deu-me uma particular visibilidade sobre o desenvolvimento dos planos de defesa da NATO. Portanto, em vez de responder que estou preocupado, digo que estou ciente e informado sobre as necessidades da NATO numa lógica que não são apenas os meios, mas os meios devidamente treinados e com os padrões de desempenho que a NATO defende.

Obviamente, qualquer comandante militar pretenderá sempre ter todos os meios que considera necessários para o cumprimento da sua missão. Mas também são poucos os privilegiados que os têm. A maior parte dos comandantes militares têm de operar, planear e responder pelo que lhes for determinado pelo poder político. Ao assumir o comando, recebi uma Marinha pensada e planeada para vir a ser edificada com um conjunto de capacidades coerente que responderá às necessidades da Aliança Atlântica.

Tem a expectativa que o Governo, seja ele qual for, se comprometa com uma meta de investimento de 3% a 3,5% do PIB, na Cimeira da NATO em junho?

Não é a minha função avaliar expectativas. Obviamente que há compromissos políticos que já foram assumidos pelo atual Governo.

São ainda os 2% do PIB...

A área da Defesa tem merecido um consenso muito alargado dos partidos com acesso à governação. Beneficiando desse consenso alargado, mas fruto do atual contexto que impõe alguma pressão, e eu diria que pela primeira vez, percebendo-se que a sociedade começa a ganhar consciência da importância de haver reforço financeiro para a área da Defesa, qualquer que venha a ser o Governo vai ter que olhar para este tipo de compromissos com seriedade, e de uma forma a que eles se concretizem em tempo e no montante que vier a ser necessário. A nós, militares, cumpre-nos continuar a desenvolver o nosso planeamento, e apresentar prioridades adequadas para investimento na área do material, das infraestruturas ou do pessoal.

Uma coisa importante é a capacidade de execução da Lei de Programaação Militar (LPM) e o Ministro da Defesa anunciou esta semana, a simplificação dos procedimentos contratuais. Concorda?

Acho que seria uma forma de tornar mais rápido o investimento militar. Contas muito redondas, precisaremos, talvez, de mais duas LPM a acrescer, à que existe. Esta está em 5 mil milhões de euros. Imaginemos que precisamos de mais 10 mil milhões. O problema é que já temos taxas de execução financeiras da LPM relativamente reduzidas, muitas delas - não todas -, associadas a problemas processuais. Assim, tem de haver a capacidade de agilizar procedimentos, sob pena de os recursos financeiros serem afetos à Defesa e depois não serem executados financeiramente. Estarão, por certo, a fazer falta a outros setores do Estado. Uma flexibilização não significa menor transparência no processo ou rigor no controlo, e isso é fundamental.

Em junho há a Cimeira da NATO e depois em agosto Portugal que tem de apresentar os projetos à União Europeia para o programa ReArm Europe. Que propostas tem a Marinha para acrescentar ao que já tem programado?

Há um grupo de trabalho que está a trabalhar sob a alçada do nosso chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), onde a Marinha é responsável pelo subgrupo da área do material. São três subgrupos: um na área do pessoal, outro na área do edificado das infraestruturas e outro na área do material. Portanto, estamos a preparar-nos para disponibilizar elementos de informação e fatores de planeamento à nossa tutela política, tendo por referencial o objetivo de atingir 2% em 2029.

O que falta à Marinha, para além dos meios já em construção?

Estamos numa fase bastante adiantada em que estamos a receber vários inputs, pois a Aliança Atlântica já definiu quais seriam os Capability Targets [objetivos de capacidades] atribuídos a Portugal. Estamos a trabalhar nesse grupo com esses requisitos. Por exemplo, neste momento temos a necessidade, na Marinha, de reforçar e atualizar a componente oceânica de superfície de fragatas. É um dos objetivos que a NATO nos põe.

E os submarinos?

A questão de aumentar a disponibilidade de submarinos é permanente, até porque o anterior sistema de forças previa um número superior aos atuais dois de que dispomos, e depois haverá aí um conjunto de opções. Poderão ser mais dois de dimensão mais pequena, poderá ser um de dimensão similar. A regra de termos três permite-nos ter sempre um disponível. Teremos que necessariamente aumentar a nossa capacidade submarina, até porque a arma submarina é aquela que no nosso sistema de forças é o único elemento de dissuasão militar de todo o sistema de forças. É importante reforçar essa capacidade e, pelo menos, garantir a disponibilidade de uma unidade naval, um submarino, sempre em permanência no nosso dispositivo de forças.

É difícil substituir uma pessoa que tinha tanta notoriedade como o almirante Gouveia e Melo?

Não é difícil, é um desafio. Sempre gostei de desafios e tive sempre a sorte de ir rendendo pessoas de referência. O almirante Gouveia e Melo desenvolveu um programa muito focado na transformação tecnológica e deu um impulso muito grande nesse sentido. Às vezes, mesmo em termos nacionais, não se tem a verdadeira perceção da dimensão e da forma como a Marinha - e o país por arrastamento -, está posicionado no seio da NATO no que diz respeito à experimentação, à robótica, a tudo o que são drones. Este ano, vamos duplicar os participantes no Exercício REPMUS [o maior exercício de drones militares da NATO que se realiza em Tróia]. A Marinha está tecnologicamente muito mais evoluída, e agora o meu grande desafio vai ser aproximar mais a vertente tática de emprego dos meios ao salto tecnológico. Se, no fim do meu mandato, chegar à conclusão que trouxe mais capacidade de explorar esta tecnologia à comunidade de onde provenho, que é a operacional, tenho um mandato bem conseguido.

A questão do pessoal também é fundamental. Houve agora a notícia de um aumento do recrutamento, mas como está o problema das saídas do pessoal? Os aumentos de subsídios tiverem efeito prático?

Foram um primeiro passo bastante importante. E atuaram nas duas vertentes: no recrutamento, e tornando a carreira mais apelativa, quando estamos a olhar estritamente à questão remuneratória. Também permitiram mitigar alguns dos problemas que tínhamos com a retenção, porque houve valorização da componente remuneratória da carreira. Dito isto, temos um problema que é do conhecimento público. Gerações de oficiais, sargentos e praças que ingressaram a partir de 1993 vão ser confrontadas com o facto de, quando passarem à situação de reforma, auferir apenas 52% do vencimento que tinham no ativo, quando era cerca de 90%. É uma coisa que vem do tempo da troika. A meu ver, agora tem de ser revisto. É um dos fatores mais importantes para aumentar a nossa capacidade de retenção de quadros qualificados. Mais de metade do meu pessoal já está nessa geração. Mais de 3.000 homens e mulheres que servem sob o meu comando vão ser impactados por estas medidas. Isto faz com que as pessoas, a determinada altura da carreira, ponderem se devem cá ficar ou sair, o que é perfeitamente compreensível.

Na altura, para além da situação de grave emergência nacional, também foi usado o argumento da convergência para o sistema geral. O problema é que aplicámos uma regra geral a universos que não são iguais. Percebo a convergência geral, mas os demais cidadãos do meu país não juram bandeira, e se não forem marinheiros não fazem comissões de seis meses fora. Partir para uma geografia que nos for determinada, defender o país, ou as alianças que integramos, sob o juramento de bandeira obriga-nos a abdicar da própria vida, se for caso disso. Ou seja, estar a normalizar, segundo o mesmo padrão de tal suposta convergência para o regime geral, todos os cidadãos, quando os militares têm circunstâncias, inclusive estatutárias e previstas na Constituição, que não são iguais, não parece que seja o mais correto.

Portanto, mantém-se o problema da retenção dos militares…

Ingressa-se aos 18 anos. Aos 38, quando se chega a oficial superior, começamos a pensar se vamos conseguir sustentar a família permanecendo aqui e sobretudo depois reformando-nos aqui. Vou só juntar aqui uma coisa que estabelece um nexo entre o material e o pessoal: não adianta que o país venha a disponibilizar recursos financeiros para nos reequiparmos, se não tivermos gente qualificada e em número suficiente para operar esses meios. Por isso tenho alertado e tenho discutido e tenho debatido isso com o meu Estado-Maior e com o Conselho do Almirantado e com os colaboradores mais próximos: é muito importante um balanceamento correto, quando se fala em investimento. A tendência é falar em material e no desenvolvimento da base tecnológica, da indústria de Defesa. Sim, concordo com isso tudo, mas se não houver atenção também ao crescimento das condições e à valorização da condição militar, nós poderíamos, quase por redução ao absurdo, vir a adquirir os melhores meios militares do mundo e depois não ter pessoas para os operar.

Mas em relação aos meios que estão a chegar até 2029, quantas pessoas precisa a Marinha de ter a mais em relação aos que têm hoje para operar os novos meios?

A Marinha perdeu em 10 anos 22% do seu efetivo. Se conseguisse ir para números para já próximos dos 8.700, que são aqueles que estão aprovados, estava com uma situação mais folgada.

E depois há outra coisa, as boas notícias vão-se propagando. Com a vinda de navios novos, melhorando as condições de operação do meu pessoal, estimulando-os, pode ser como quando chegaram as fragatas Vasco da Gama. Não imaginam o estímulo que é receber uma plataforma nova com capacidades que só víamos aos outros navios da NATO.

Em termos líquidos, a Marinha já conteve o saldo negativo ou ainda está em negativos, considerando entradas e saídas de pessoal?

A Marinha tem aprovados 8.734 efetivos e tem menos de 2.293. Mas o quantitativo não é o mais importante, porque se sair uma praça é mau. Mas se sair um sargento artífice com 20 e tal anos de experiência ou um capitão-tenente também com 20 e tal anos de serviço tem impactos diferentes. Não é tanto pelo número, é pelo grau e diferenciação das competências que as pessoas vão adquirindo. Eu tive cuidado quando escolhi as palavras no discurso de posse: a retenção é emergência, urgência é o recrutamento. Mas a retenção é a emergência para mim neste momento. Tenho que ter gente qualificada e diferenciada para poder receber os novos meios e preparar as futuras guarnições. Isso para mim é crítico.

"Um risco que se corre. Aqui como na Gronelândia"

Com este quadro internacional, a Marinha consegue assumir as responsabilidades de Portugal nos Açores, para proteger a navegação, infraestruturas críticas e cabos submarinos de ameaças russas, chinesas ou outras? Os nossos aliados, ou os EUA, que já não se sabe o que são, podem sentir-se inseguros por Portugal poder não estar a garantir a segurança deste espaço marítimo e queiram ser eles a fazê-lo?

Isso, em tese, é um risco que se corre. Mas corre-se aqui como na Gronelândia. Estamos a falar de aliados a sobreporem interesses meramente nacionais a visões coletivas. Penso que os riscos têm enquadramentos diferentes, seja na Gronelândia, seja nos Açores, mas há uma questão que as relações internacionais nos têm demonstrado: não há vazios de poder. Se nós não ocuparmos o espaço que é obrigação nossa por dever de soberania, alguém o fará com maior probabilidade de sermos depredados, de aumentarem os riscos. Temos que ter mecanismos que nos permitam, nos espaços marítimos, exercer a autoridade do Estado. Há países que, na vertente da responsabilidade, não conseguem exercer a busca e salvamento. A Marinha e a Força Aérea, terão de ter um papel relevante nesse sentido.

Podemos reforçar o dispositivo nos Açores, na Terceira, com uma fragata em permanência, mais um navio patrulha e um avião de vigilância P3 Orion, como já defendeu o ex-CEMGFA e seu antecessor, almirante Silva Ribeiro?


Para o ano tenciono começar, periodicamente, numa base de experiência, a ter uma fragata que será, em princípio, a “Álvares Cabral”, pela atual configuração, em determinados períodos nos Açores. Chegámos a ter duas corvetas em permanência nos Açores. Entretanto, as corvetas foram atingidas a idade, foram abatidas ao efetivo. O meu dispositivo de navios patrulha oceânicos, neste momento, ainda não é suficientemente robusto para termos dois navios em permanência nos Açores, mas para o ano que vem, tenciono começar a usar um modelo em que há períodos com uma fragata e depois um navio patrulha oceânico. Seria um excelente sinal se eu conseguisse ter lá dois navios em permanência no fim do meu mandato. De futuro, também seria muito importante ter a possibilidade de receber lá um submarino, sobretudo se viermos a dispor de mais submarinos.

Gouveia e Melo e o escrutínio sobre a Marinha

Se a provável candidatura presidencial do almirante Gouveia e Melo se concretizar, é bom ou mau para a Marinha?

Como deve calcular, sobre a apreciação política, porque subjaz à pergunta alguma apreciação política, a minha condição de oficial não ativo não me permite fazer. Portanto, tenho aqui um refúgio que compreenderá que tenha do fazer institucionalmente. Posso é dizer que, conhecendo o almirante Gouveia Melo, a Marinha nem beneficiaria mais nem beneficiaria menos se ele viesse a exercer o alto cargo de Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas.

Mas tudo o que for escrutínio sobre a vida passada dele incidirá sobre a Marinha…

Percebo o escrutínio que virá a ser feito justamente na disputa política. E isso é uma questão que tem a ver com uma eventual decisão que do sr. almirante Melo venha a tomar de se candidatar ou não. Portanto, estará sujeito, como todos os outros candidatos a escrutínio. Se isso de alguma forma vier a colocar determinadas questões à Marinha, a Marinha fará aquilo que tem feito toda a vida, que foi feito pelos meus antecessores, que virá a ser feito pelos meus sucessores, que é, tem o dever de prestar toda a informação que venha a ser solicitada dentro da observância estrita daquilo que a lei nos determina. Não vejo qualquer problema com isso porque nós estamos sujeitos às constantes auditorias do Tribunal de Contas, dos demais tribunais superiores, de todos os departamentos do Estado, se houver alguma investigação conduzida para o Ministério Público, é o nosso dever.

Qual é que afundou o outro mais vezes em exercícios? Foi o comandante Gouveia e Melo que afundou a sua fragata quando estava no submarino, ou foi o comandante Nobre de Sousa, especialista em guerra anti-submarina que estava nas fragatas?


Vai ter respostas diferentes, consoante o interlocutor (risos). Uma das coisas que aprendi, independentemente de ser o almirante Melo, que foi comum a todos os comandantes de submarinos. Fizeram-me passar muitas noites em claro. Os exercícios de luta anti-submarina, normalmente fazem-se no arco noturno. Nesse meu tempo de especialista de luta anti-submarina, sobretudo na fragata “Corte-Real”, saia lá de cima do centro de operações, trazia o rolo de papel vegetal onde fazíamos o registo operacional, pegava numas plasticinas, colava-as na parede, pendurava o registo e passava ali duas horas a tentar perceber o que tinha acontecido, o que tinha corrido bem, o que tinha corrido mal.

O Almirante Melo não foi excepção, também me fez perder horas. A minha preocupação foi sempre, na arma submarina, entender os meus opositores, os meus comandantes: uns mais previsíveis, outros menos previsíveis, uns com um pensamento mais cartesiano e matemático, outros muito mais intuitivos. Tudo ponderado, acho que fui um oficial de luta anti-submarina competente, e reconhecido pelos meus opositores debaixo de água. Foi talvez a área em que fui mais competente. O mais importante não foi quem ganhou mais vezes, quem é que afundou mais vezes, acho que cumpri bem, tive excelentes equipas a trabalhar comigo, de sargentos a praças, não só da minha área de luta anti-submarina, mas também, sobretudo nos centros de operação.

O comandante Melo era dos mais cartesianos e matemáticos ou dos mais intuitivos?

Era muito cartesiano e matemático, ainda é.

Isso era mais previsível?

Vou-lhe dizer uma coisa: ganhei mais vezes do que ele ganhou, garantido. (risos)
« Última modificação: Abril 07, 2025, 07:42:33 pm por SCARXXX18 »
 
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Re: Notícias da Marinha
« Responder #3178 em: Abril 12, 2025, 11:35:07 pm »
Público (excertos)

 Defesa - deixamos fugir as pessoas qualificadas em todas as áreas fundamentais do Estado


E a questão é: para onde foram e vão os milhares de milhões que todos os anos entram nos cofres portugueses vindos de Bruxelas?

Número de navios russos em águas portuguesas disparou após guerra da Ucrânia. Foram 143

Marinha acompanhou navios suspeitos. CEMA considera “saudável” que se tenha noção das ameaças e avisa que futuro investimento não pode ser “todo gasto” em reequipamento mas também em pessoal.

Helena Pereira e Daniel Rocha

O novo chefe de Estado-Maior da Armada, almirante Nobre de Sousa, está focado em aumentar a capacidade de resposta da esquadra e em melhorar a retenção de quadros, admitindo que a elevada taxa de esforço está a provocar desgaste nas fileiras.

Em entrevista, no gabinete do Estado-maior com vista para a barra do rio Tejo, deixa um aviso ao poder político sobre o previsível aumento de investimento em defesa: "Não podemos pegar no dinheiro e gastá-lo todo no investimento, porque senão corro o risco de vir a ter uns meios muito sofisticados e não ter pessoas para os operar."

Tomou posse em Dezembro, está a ultimar agora a directiva para o ramo. Que prioridades traça nessa directiva?
O meu mandato tem basicamente duas grandes prioridades. A primeira é reforçar o potencial de combate da esquadra. No actual momento geopolítico, queremos ter esses meios com a máxima capacidade de resposta, de acordo com os padrões de material, desde logo, e de treino, ou seja, aprontamento em termos reais.

A minha segunda prioridade tem que ver com o pessoal, é conseguir estancar as saídas e atacar as questões da retenção, um problema com que a Marinha se tem confrontado.

Tem havido uma saída, com alguma expressão, de gente muito qualificada. A Marinha tem duas grandes dependências para a sua actividade: uma é uma dependência de planeamento em prazos longos. Outra é a da tecnologia e, como tal, carece de gente capacitada, muito qualificada. Parte da qualificação obtém-se pela formação prévia que damos na Marinha, mas depois há outra parte que se obtém pela experiência, pelo conhecimento que se vai adquirindo. Os nossos militares tornam-se apelativos e interessantes para o mercado.

Quais são mais procurados?
Quadros técnicos qualificados, por exemplo, oficiais na área das engenharias, podem ir para a indústria da reparação e da construção naval ou até mesmo para outras áreas. Há casos de engenheiros de máquinas que podem ir gerir uma instalação de produção de energia eléctrica, por exemplo. Ou engenheiros de armas electrónicas e ou pessoal formado na área das tecnologias de informação.

São situações de abate ao quadro em que pagam para sair?
Sim. Temos tido militares com 20 anos de serviço, sargentos, por exemplo, a pedir para sair. Neste momento, eu não posso, por exemplo, conceder algumas licenças que estão previstas estatutariamente, designadamente aquelas que permitem que o militar saia por um determinado período, sem vencimento. Quando confrontados com isso, estão a pedir o abate aos quadros, alguns deles a pagar indemnizações.

Quanto é o máximo que já pagaram?
Recentemente, falaram-me num segundo-tenente de armas electrónicas que pagou 80 mil euros.

Faltam-lhe quantos efectivos?
O decreto-lei de efectivos autorizava a Marinha a ter 8374, e eu tenho 6441. Portanto, faltam 1933.

O que é que a Marinha deixou de fazer por não ter pessoal suficiente?
A Marinha não deixou de fazer. Temos uma adicção em cumprir a missão. É da nossa natureza. A Marinha tem feito tudo o que é possível para manter o cumprimento das missões que lhe são determinadas. O reverso disto é um acréscimo de taxa de esforço do pessoal. E isso também tem sido um dos factores invocados pelas pessoas que saem. Por consequência, menos disponibilidade para a vida familiar, menos previsibilidade no planeamento. E, portanto, esta nossa adicção não é saudável.

Tenho militares que neste momento fazem 30 meses de comissão a bordo de unidades navais e que depois, fruto de ter escassez de pessoal e também combinado com as suas qualificações em algumas áreas técnicas, fazem três meses em terra e a seguir embarcam outra vez. Isto é medonho para a organização do núcleo familiar, para ter algum descanso, ter tempo para poder estudar e evoluir profissionalmente.

Quais são as prioridades em termos de reequipamento?
Temos de lançar um programa para fragatas de nova geração, temos de repensar o actual número de submarinos, ou seja, precisamos de adquirir, pelo menos, mais um ou dois, dependendo da tipologia. Um similar aos que existem, ou dois mais pequenos.

Um dos seus objectivos é ter dois navios em permanência nos Açores, como já houve no passado?
Até final do meu mandato. Gosto de desafios. A Marinha tem três fragatas da classe Vasco da Gama, duas vão ter a tal actualização de meio de vida. A fragata Álvares Cabral vai estar atribuída em alguns períodos aos Açores porque é uma área em que temos de exercer a soberania.

Portugal exerce bem a soberania nas nossas águas?
Portugal exerce a soberania na justa medida das capacidades que tem.

Há novas ameaças nas águas portuguesas, nomeadamente junto aos Açores? Quais são?
Temos tido tentativas de interrupção ou de recolha de informação em cabos submarinos. Portugal está numa zona nevrálgica, desde logo, com pontos de amarração de cabos submarinos, mas também de passagem de cabos submarinos. Flui pelos cabos submarinos 99% daquilo que são as ligações que temos na Internet, dados de transacções financeiras, etc. Cortar fisicamente um cabo é a coisa menos difícil de fazer. Ou pode-se dispor de uma escuta para se ter acesso ao fluxo de dados que ali passa.

Às vezes, temos navios que, a coberto de estarem a fazer um cruzeiro de investigação científica, desenvolvem boa parte da sua navegação por cima de um cabo submarino.

São os chamados "navios oceanográficos russos" que, volta e meia, são detectados?
Às vezes, andam em missões científicas em zonas que, cientificamente, fazem pouco sentido.

No ano passado, quantos navios russos suspeitos foram acompanhados?
Entre 2022 e 2024, foram acompanhados pela Marinha 143 navios da Federação Russa, durante a sua passagem pela Zona Económica Exclusiva portuguesa: 14 em 2022, 46 em 2023 e 83 em 2024. Destes, 31 eram navios científicos russos que realizaram cruzeiros nos espaços marítimos nacionais: seis em 2022, 11 em 2023 e 14 em 2024.

Como é que viu a declaração pública do secretário-geral da NATO, em Janeiro em Lisboa, dizendo que a costa portuguesa está nos olhos da Rússia?
É pertinente que o secretário-geral da NATO o faça porque Portugal é um país que integra a Aliança e são ameaças percepcionadas pela Aliança Atlântica. Portugal dá o seu contributo também na detecção [de ameaças] e, eventualmente, em cenários de maior crise ou conflito, tem de corresponder àquilo que vier a ser necessário.
 
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