Novos veículos blindados de rodas (parte 2)

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Pedro Monteiro

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« Responder #60 em: Janeiro 08, 2005, 11:36:55 am »
Aspectos muito importantes e que devem ser tidos em conta:
10NOV04 -   Entrega das BAFO. A firma Patria entregou a sua proposta 35 minutos depois da hora estabelecida e com invólucro danificado.
11NOV04 -   Abertura das BAFO. Acto público de abertura das BAFO. A Comissão de Avaliação decidiu excluir do concurso a firma Patria por ter entregue a sua proposta após a hora estabelecida para o efeito. Assim, foram consideradas em condições de prosseguir para a fase seguinte do concurso os concorrentes:

STEYR-DAIMLER-PUCH SPEZIALFAHRZEUG AG & Co KG (Áustria)
Viatura:  Pandur

MOWAG MOTORWAGEN FABRIK AG (Suíça)
Viatura:  Piranha

03DEZ04 -   Relatório Final da Fase de Negociações. Em sede de audiência prévia, os concorrentes declararam não ter comentários a fazer ao Relatório Preliminar e manifestam a aceitação das conclusões a que chegou a comissão do concurso.

Face a este quadro, não sei o que dizer...  :?
Cumprimentos,
Pedro Monteiro

Citação de: "Lynx"
Fonte: JN


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Concurso para blindados chega a tribunal.

O grupo finlandês Patria recorreu ao Tribunal Administrativo de Lisboa, no sentido de conseguir que o processo de aquisição de blindados para o Exército e para a Marinha seja cancelado, na sequência do seu afastamento do concurso.

O Patria considera que foi violado o "princípio da legalidade e o princípio da confiança" e entende que deve ser anulada a decisão do ministro da Defesa, que recusou o recurso apresentado pela empresa, segundo a petição enviada na segunda-feira, dia 4, ao tribunal administrativo, a que o JN teve acesso.

A aquisição era uma das principais bandeiras de Paulo Portas, mas o grupo Patria deverá entregar também no mesmo órgão judicial, no princípio da próxima semana, um pedido de providência cautelar, que a ser considerado pelo Tribunal conduzirá à suspensão do processo.

Os finlandeses foram afastados do concurso pelo Ministério da Defesa, por a sua proposta ter sido entregue meia hora depois do determinado. Argumentam que o atraso se deveu a um acidente, algo que a lei classifica como "justo impedimento", segundo a petição entregue no tribunal.

Em causa está o fornecimento de 260 viaturas blindadas de rodas ao Exército e à Marinha, um contrato que foi adjudicado, a 8 de Dezembro passado, à Steyr - uma empresa austríaca - por 344 milhões de euros, valor substancialmente reduzido, uma vez que o número de viaturas desceu de 320 para as 260.

No entanto, logo depois, o resultado foi contestado pelo representante da Mowag em Portugal, Luís Pinhol, que em declarações ao JN e à SIC denunciou o facto de ter sido proibido de contestar o resultado do concurso pela própria Mowag suíça, uma vez que quer esta empresa quer a Steyr fazem parte do grupo norte-americano General Dynamics.

Luís Pinhol, mesmo assim, considerou que a viatura a Steyr não respeitava parte dos chamados "requisitos essenciais", que constavam do caderono de encargos e que teria havido favorecimento da empresa austríaca. Embora os finlandeses se mantivessem silenciosos, o JN sabe que o jurista da "holding", Olli Happonen, foi mandado a Portugal para estabelecer contactos com escritórios de advogados, para avaliar da possibilidade de lançar uma acção contra o Ministério da Defesa.

Já então a direcção do grupo Patria na Finlândia tinha também analisado os artigos publicados na comunicação social portuguesa, em particular as declarações de Luís Pinhol, no sentido de medir o pulso às possíveis tendências.

O próprio director da Patria Vehicles Oy, Seppo Juhani Marin, esteve no nosso país. O conjunto dos contactos estabelecidos conduziu a um primeiro passo processual, com o envio de uma carta a Paulo Portas, no dia 30 de Dezembro de 2004, a que seguiu agora a petição no Tribunal Administrativo.

Portas garante "rigor"

O Ministério da Defesa rejeita as acusações do grupo Patria e garante que o concurso dos blindados obedeceu a todas as regras previstas. Fonte oficial do gabinete de Paulo Portas garantiu ao JN que, neste caso, como em todos os concursos e programas desenvolvidos "ao longo de três anos de mandato", as decisões foram tomadas obedecendo apenas a critérios de "rigor jurídico". A mesma fonte confirmou que a proposta do Patria foi excluída do concurso por ter sido "entregue "fora de prazo".
 

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Lynx

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« Responder #61 em: Janeiro 08, 2005, 11:42:58 am »
É o normal quando as coisas começam a correr bem tem sempre que acontecer alguma coisa ...  :(
 

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emarques

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« Responder #62 em: Janeiro 08, 2005, 06:00:36 pm »
Já agora, algúem sabe que acidente é que eles dizem que aconteceu, ou é um "acidente genérico"? E outra coisa, quando é que se anunciou o pedido para as "Best and Final Offers"? É que se eles iam entregar a proposta tão em cima da hora que um qualquer acidente os atrasa 35 minutos, parece-me que terão estado a fazer as coisas em cima do joelho. E se não conseguem organizar a entrega de uma proposta como deve ser, como é que vão organizar a construção dos blindados?
Ai que eco que há aqui!
Que eco é?
É o eco que há cá.
Há cá eco, é?!
Há cá eco, há.
 

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Major Alvega

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« Responder #63 em: Janeiro 08, 2005, 06:35:59 pm »
A Patria era indesejada no concurso, não sei porque motivo e creio que o atraso de 35m foi um mero pretexto válido para chutar os finlandeses para fora.
 Se a Patria chegasse a horas perderia certamente na mesma, porque era a proposta mais cara, devido ser também o mais tecnicamente evoluído.

 Agora com as 2 propostas do mesmo dono sózinhas a concurso, era só os Srs. da GDLS escolherem e acertar mais milhão menos milhão quem queriam quem ganhasse. Sendo uma situação algo bizarra.
 Só os mais distraídos é que não sabiam ainda que o Pandur é que ia ganhar. E porquê?!!!
 Ponham-se na pele dos cavalheiros da General Dynamics Landing Systems. Tendo um produto já lançado e com um certo sucesso no mercado que é o Piranha e outro recentemente lançado e a precisar do 1º cliente de lançamento que era o Pandur II. Óbviamente que a empresa americana escolheu que fosse o veículo da Steyr a ganhar.
 Ora parece-me isto uma coisa pouco ortodoxa, para não dizer outra coisa!

 Quanto ao resto, acho que isto é um grande disparate e uma pouco racional gestão dos escassos recursos financeiros das Forças Armadas. Não me refiro à aquisição dos blindados de rodas, mas sim à quantidade adquirida deste tipo de veículos.
 Eu apostaria numa modernização profunda, que não saíria muito onerosa dos M-113 à semelhança que fizeram os australianos, alemães e dinamarqueses. E em vez de adquirirmos 260 ou 280 unidades de blindados de rodas, iria para as 120/140 unidades deste tipo e com a verba que restava das 100 unidades adquiriria 60 unidades modernas de um veículo AIFV do tipo ASCOD ou CV9035. Gastaria-se sensivelmente a mesma verba..
 

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Luso

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« Responder #64 em: Janeiro 08, 2005, 07:30:42 pm »
Partilho da sua opinião, Major Alvega.
Ainda estou para compreender como é que os novos veículos se vão enquadrar tacticamente com as tarefas dos fuzileiros, por exemplo.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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JLRC

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« Responder #65 em: Janeiro 08, 2005, 07:49:27 pm »
Citação de: "Major Alvega"
Quanto ao resto, acho que isto é um grande disparate e uma pouco racional gestão dos escassos recursos financeiros das Forças Armadas. Não me refiro à aquisição dos blindados de rodas, mas sim à quantidade adquirida deste tipo de veículos.
 Eu apostaria numa modernização profunda, que não saíria muito onerosa dos M-113 à semelhança que fizeram os australianos, alemães e dinamarqueses. E em vez de adquirirmos 260 ou 280 unidades de blindados de rodas, iria para as 120/140 unidades deste tipo e com a verba que restava das 100 unidades adquiriria 60 unidades modernas de um veículo AIFV do tipo ASCOD ou CV9035. Gastaria-se sensivelmente a mesma verba..


Estou plenamente de acordo consigo. Penso que seria uma opção mais equelibrada e racional, ficando a brigada mecanizada bem equipada. Só ficava a faltar a compra de cerca de 60 Leopard II A4, que se podiam obter a bom preço, em 2ª mão, junto da Alemanha.
 

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Pedro Monteiro

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« Responder #66 em: Janeiro 08, 2005, 08:23:25 pm »
Citação de: "emarques"
Já agora, algúem sabe que acidente é que eles dizem que aconteceu, ou é um "acidente genérico"? E outra coisa, quando é que se anunciou o pedido para as "Best and Final Offers"? É que se eles iam entregar a proposta tão em cima da hora que um qualquer acidente os atrasa 35 minutos, parece-me que terão estado a fazer as coisas em cima do joelho. E se não conseguem organizar a entrega de uma proposta como deve ser, como é que vão organizar a construção dos blindados?


A Patria foi importante por permitir uma concorrência real face a duas empresas cujo accionista maioritário era o mesmo. Porém, tecnicamente o AMV não foi bem qualificado - segundo consta. Essa terá sido, aliás, uma das razões, segundo Eduardo Mascarenhas (DN), para o atraso: a Patria esperava ser afastada e desse modo evitar a repetição de testes técnicos nessas semana. Lembra-se que o AMV está a competir para um concurso na África do Sul e é apontado como uma forte hipótese de compra no Brasil. Portanto, má publicidade não é bem vinda.
Cumprimentos,
Pedro Monteiro
 

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Pedro Monteiro

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« Responder #67 em: Janeiro 08, 2005, 08:28:14 pm »
Citação de: "Major Alvega"
Quanto ao resto, acho que isto é um grande disparate e uma pouco racional gestão dos escassos recursos financeiros das Forças Armadas. Não me refiro à aquisição dos blindados de rodas, mas sim à quantidade adquirida deste tipo de veículos.
 Eu apostaria numa modernização profunda, que não saíria muito onerosa dos M-113 à semelhança que fizeram os australianos, alemães e dinamarqueses. E em vez de adquirirmos 260 ou 280 unidades de blindados de rodas, iria para as 120/140 unidades deste tipo e com a verba que restava das 100 unidades adquiriria 60 unidades modernas de um veículo AIFV do tipo ASCOD ou CV9035. Gastaria-se sensivelmente a mesma verba..


As VBR não irão substituir os M113. Inicialmente era também esse o plano - seriam necessárias cerca de 800 viaturas segundo os estudos iniciais. Note-se que, contudo, esta informação não significa que a BMI não receba VBR para complementar os M113 ou operar em missões no exterior. Contudo, a operação combinada de viaturas de rodas e lagartas é logistica e tacticamente errada - e o Exército sabe-o.
Cumprimentos,
Pedro Monteiro
 

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Spectral

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« Responder #68 em: Janeiro 08, 2005, 09:45:29 pm »
Concordo com o Major Alvega, aliás já tinha expressado várias vezes aqui uma ideia semelhante.

800 veículos para quê Pedro Monteiro ?  :shock:

Bastam apenas os números referidos pelo Major Alvega para guarnecer as secções de infantaria dos 2 batalhões da BMI. Mais um número semelhante de M113s para missões de apoio ( porta-morteiros, engenharia, ambulâncias, etc) e temos a BMI guarnecida.

Mas então a questão põe-se : Não serão 280 viaturas demasiadas para uma brigada ( a BLI) um esquadrão de reconhecimento ( BAI, que será partilhado com o da BLI ), mesmo descontando com as 20 para os fuzileiros ?
I hope that you accept Nature as It is - absurd.

R.P. Feynman
 

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Pedro Monteiro

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« Responder #69 em: Janeiro 08, 2005, 09:58:10 pm »
Estou apenas a citar fontes, esta não é a minha opinião. Contudo, recordo: este era o plano inicial, as 322 VBR posteriores já não incluíam a substituição dos M113; não é improvável que a redução das VBR do Exército tenha se traduzido em ainda mais cortes na BMI.
Em relação às VBR: tratam-se de 260 viaturas (20 para os Fuzileiros e 240 para o Exército) com 33 VBR com peça de 105mm como opção para o Exército. É uma quantidade que sem ser mínima, não é excessiva. Recorde-se que as 100 VB de rodas actuais são um número limitado para as missões no exterior e a tendência é aumentar a necessidade de APCs e de protecção dos contingentes...
Cumprimentos,
Pedro Monteiro


Citação de: "Spectral"
Concordo com o Major Alvega, aliás já tinha expressado várias vezes aqui uma ideia semelhante.

800 veículos para quê Pedro Monteiro ?  :shock:

Bastam apenas os números referidos pelo Major Alvega para guarnecer as secções de infantaria dos 2 batalhões da BMI. Mais um número semelhante de M113s para missões de apoio ( porta-morteiros, engenharia, ambulâncias, etc) e temos a BMI guarnecida.

Mas então a questão põe-se : Não serão 280 viaturas demasiadas para uma brigada ( a BLI) um esquadrão de reconhecimento ( BAI, que será partilhado com o da BLI ), mesmo descontando com as 20 para os fuzileiros ?
 

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Miguel

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« Responder #70 em: Janeiro 08, 2005, 10:20:55 pm »
Eu não percebo porque não utilizamos os VBR para substituir os M113.

O PANDURII pode operar en zonas NBQ, tem climatização, é mais moderno, facil de manutenção, mai rapido que o M113.

Por mim os PandurII devem equipar 2/3 Batalhões da BMI e deve-se adquirir um lote de 50/60 LeopardII para o GCC.

O Exército Frances utiliza o VAB rodas 4X4 em conjunto com Leclerc, e os Panhard VBL para reconhecimento porque isso é muito mais economico.

O Exército Belga vai utilizar tambem no futuro proximo VBR para substituir os seus AIFV/M113.

O Canada tambem etc.....
 

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Pedro Monteiro

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« Responder #71 em: Janeiro 08, 2005, 10:24:08 pm »
Citação de: "miguel"
O Exército Françés utiliza o VAB rodas4X4 em conjunto com Leclerc, e os PanhardVBL para reconhecimento porque isso é muito mais economico.


Ainda bem que soube identificar os verdadeiros motivos, Miguel.  :wink:
Cumprimentos,
Pedro Monteiro
 

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snakeye25

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« Responder #72 em: Janeiro 08, 2005, 11:07:41 pm »
Citação de: "miguel"
O Exército Belga vai utilizar tambem no futuro proximo VBR para substituir os seus AIFV/M113.


Mas atenção que a Bélgica, no seu programa AIV, pretende comprar blindados ainda mais pesados, da classe do Boxer e do VBCI.

Para reconhecimento e transporte geral, acabou de comprar 352 KMW Dingo 2.
Um abraço,

André Carvalho
 

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Luso

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« Responder #73 em: Janeiro 08, 2005, 11:20:31 pm »
Ora bem lembrado Pedro!
Eu também me esqueço disso com demasiada frequência.

E como diria um participante num outro fórum:

"always remember that you are issued equipment bought by the lowest price".
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Major Alvega

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« Responder #74 em: Janeiro 08, 2005, 11:23:50 pm »
Penso que o exemplo francês ou o canadiano aqui apresentados anteriormente são excepções que fogem largamente aos padrões seguidos pelos países NATO ou de cariz ocidental. Julgo que são exemplos que não se enquadram na filosofia daquilo que se pretende para as nossas forças mecanizadas. Então o que dizer do modelo por exemplo do holandês ou espanhol, sueco, dinamarquês, alemão?