Presidente pede calma na Costa do Marfim
Governo teria incitado protestos
O presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, pediu calma à população após um fim de semana de violência contra cidadãos e interesses franceses.
"Peço a população que permaneça calma. Estou pedindo para que todos os manifestantes voltem para casa. Não cedam às provocações", disse.
Em um pronunciamento na TV do país, ele justificou a retomada de ações militares contra rebeldes, dizendo que "todas as possibilidades de diálogo foram esgotadas".
Gbagbo disse que o norte do país, dominado pelos rebeldes, estaria "matando o país" economicamente.
A crise
Na quinta-feira, o governo autorizou o bombardeio a supostas posições rebeldes, reiniciando a guerra civil no país, suspensa desde a assinatura de um cessar-fogo há mais de um ano.
No sábado, os bombardeios mataram nove soldados franceses das forças de paz da ONU presentes no norte do país.
A França retaliou destruindo cinco aviões militares da Costa do Marfim. Quando soube da retaliação francesa, grande parte da população de Abijan, a principal cidade do país, foi às ruas em violentos protestos.
Algumas casas de cidadãos europeus foram saqueadas e, segundo um porta-voz militar francês, cerca de 90 franceses foram resgatados de situações perigosas.
A televisão do país transmitiu mensagens incentivando os cidadãos a irem às ruas em protesto contra os franceses.
Negociação
A França diz que a situação na Costa do Marfim está "sob controle", depois de enviar centenas de soldados para patrulhar as ruas de Abidjan.
Soldados deslocaram dezenas de cidadãos franceses para locais seguros.
O governo francês negou acusações feitas pelo governo marfinense de que teria morto pelo menos 15 manifestantes envolvidos nos distúrbios em Abidjan.
O embaixador da Costa do Marfim na ONU lamentou as mortes dos soldados franceses, mas pediu que a França respeitasse a soberania do governo marfinense.
A França, que colonizou o país africano até 1960, enviou mais 600 soldados para se juntarem aos 4 mil soldados franceses que integram as forças de paz no país.
A ONU mantém uma força internacional de 10 mil soldados na Costa do Marfim, para policiar o cumprimento do acordo de paz, assinado entre o governo e grupos rebeldes em janeiro de 2003.
A União Africana designou o presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, para tentar negociar uma solução para a crise. Mbeki deve chegar ao país em breve.