Quando em 9 de Março de 1916 a Alemanha se considerou em estado de guerra com Portugal, era segura a incapacidade da marinha para colaborar nas operações navais dos Aliados. Os navios de que dispunha não lhe permitiam essa ambição: no início de 1916, a Esquadra era constituída por quatro cruzadores (dos quais apenas um era merecedor dessa classificação), um aviso, três contratorpedeiros, três torpedeiros da década de 1880 e cerca de duas dezenas de canhoneiras do serviço colonial. Eram unidades de baixo valor militar, insuficientes em quantidade e capacidade para constituir a espinha dorsal da Marinha, navios demasiado pequenos e lentos, que acusavam veterania e cuja artilharia tendia para a obsolescência. Em 15 de Dezembro de 1911, o ministro da Marinha Celestino de Almeida discursou na Câmara dos Deputados para defender a proposta de lei na qual o governo apresentava uma “reorganização” da Armada, fez um relato do estado de penúria de meios navais que em que o País se encontrava: “O “Almirante Reis”, o nosso primeiro barco de guerra, o navio de maior importância na nossa esquadra, está há meses fazendo largas reparações […] Temos depois o “S. Gabriel” […] que carece de demorado fabrico […] Temos o “Adamastor”; este navio carece de largo fabrico […] que deverá ser feito em Itália, em Livorno, na fábrica onde foi construído […] Temos o “República […] com três peças de artilharia de armamento principal com avarias […] Temos o “Vasco da Gama”, que é o antigo couraçado guarda-costas […] de valor militar quási nulo, sem velocidade […] o “5 de Outubro”, cujo valor militar é nulo, e que apenas pode servir para trabalhos e explorações hidrográficas. A seguir, uma porção de canhoneiras, sem nenhum valor […] nenhuma das nossas unidades navais se encontra actualmente em condições de perfeição relativa […] o mal de que enferma a nossa marinha [fica a dever-se] ao abandôno a que a votou o extinto regime.”