A compra de STs é um negócio.
Até pode haver corrupção envolvida - mas nenhum de vocês, nem eu, viram essa corrupção até agora.
Haver ou não corrupção, ou favorecimento de um concorrente, ou uma forma de chantagem, é bastante relevante. Adquirir primeiro, e fazer perguntas depois, é do mais absurdo que se pode fazer.
A isto acresce que, enquanto que nos submarinos, houve corrupção, pagámos mais dinheiro do que era suposto, pelo menos podemos dizer que é um meio militarmente relevante.
No caso dos ST, será algo parecido, excepto que no fim, saímos dali com um meio que é inferior aos concorrentes para treino, inferior em CAS a praticamente todas as opções, e completamente inútil noutros TOs de média/alta intensidade, ou onde não haja infraestrutura para os operar.
A EMBRAER quer vender STs na Europa.
Tal como a compra de Portugal dinamizou as vendas de KCs na Europa, a nossa compra de STs pode ter o mesmo efeito.
A compra dos KC por Portugal pouca diferença fez. Em matéria de Defesa, Portugal dificilmente será um exemplo do rumo a seguir para os restantes países europeus. A compra de STs terá exactamente o mesmo efeito, os restantes países europeus, abrirão concurso, e se o ST calhar ser o vencedor, vencerá, se não, não vence. Ao contrário de cá, onde somos reféns da empresa, nos outros países existem critérios para a aquisição de certos meios.
Portugal recebeu contrapartidas pelos KCs:
- desenvolvimento e produção de componentes cá
- a instalação de equipamento NATO cá
- manutenção cá (? não tenho bem a certeza ?)
- treino para outros utilizadores cá (não vem mais um simulador?)
Fantástico, fenomenal, impressionante! Isso tudo para concluirmos que o MLU dos F-16 nos deu bem mais contrapartidas? E que só não foram devidamente aproveitadas, porque não houve grande visão? Os programas A-400 e NH-90 também teriam benefícios idênticos, mas esses foram cancelados assim que os custos aumentaram (os custos do KC aumentaram, e ninguém piou nem reduziu a encomenda).
E o simulador extra, quem paga? É a Embraer que oferece (duvidoso), é Portugal que paga, ou são os países que até agora encomendaram aeronaves que pagam a meias? Ninguém sabe, e ninguém sabe quem é que paga a quem para o treino.
Para o ST foi feito um negócio para montagem/produção e modernização/upgrade cá.
E a missão principal será de treino.
Isto não tem nada a ver com helicópteros.
E já disse aqui que a "boca" do CEMGFA de que era um "Avião a hélice para África" é treta.
O governo mandou meter o ST na LPM e disse ao CEMGFA "dá a desculpa que quiseres - a decisão está tomada".
Para o ST fala-se num negócio, que ainda não se sabe muito bem que negócio é. Eram para ser em segunda-mão, para depois virem aqui ser modernizados, depois já eram novos, e vinham aqui para serem convertidos para a versão N, e também já se falou de serem parcialmente ou completamente fabricados cá.
Podem só dizer que estão a tentar toda a m*rda a ver se cola.
Benefícios reais do dito programa? Nada, já que a quantidade de aeronaves a adquirir é minúscula, e o início de uma linha de produção em Portugal, seja para fabrico completo ou upgrades, terá custos adicionais. Isto tudo deve dar empregos qualificados por uns 2 anos, talvez 3. Ainda vamos ser obrigados a encomendar uma quantidade excedentária de STs à pala da chantagem de manter postos de trabalho.
Desenvolver drones nacionais, mais capazes, e que podem ser fabricados em maiores quantidades e durante muito maior duração (e que tenham muito mais potencial de mercado que o ST) é que está quieto.
A FAP pode recusar, por não corresponder às necessidades do país. Falta é coragem para isso.
E não, as aeronaves são para CAS, e é isso que torna o programa desnecessariamente mais caro. Se fosse para treino, nem tinham que ter trabalho nenhum para tentar justificar um concurso para este tipo de aeronave. O problema aí, é que sabem que o ST não conseguia ganhar um concurso justo, e tiveram que arranjar forma de excluir os candidatos.
Agora, se a FAP não sabe comprar helicópteros, o problema (e a culpa) é da FAP e não da EMBRAER nem de nenhum Brasileiro.
A FAP tem bastantes culpas. Mas agora não podes estar aqui feito pacóvio a dizer que "o Governo decidiu e pronto", e logo a seguir dizer que a FAP só não tem X, porque não quis.
Entreguem um ST e uns Milhões do PRR á TEKEVER e eles devolvem um ST "optionally manned". E essa empresa dá mais um passo no sentido de se tornar "grande".
Será empresas assim de que Portugal precisa para ficar rico, e só depois é que pode ter material de guerra de país rico.
Como é que mais nenhuma empresa pensou nisso? Pegar numa avioneta cara, e converter num UAV? E ainda por cima uma avioneta que não apresentaria grande vantagem face a UCAVs já no mercado.
As conversões de uma aeronave tripulada para não tripulada, envolvem sempre aeronaves baratas. Mas há pacóvios que acham que Portugal, este país riquíssimo, pode ir comprar avionetas que custam quase metade do preço de um NPO, para desmanchar tudo e improvisar um drone.
E sim, Portugal vai ficar grande a vender aviões que não têm mercado. É o mesmo que tentar vender areia no deserto.

A LPM favorece projectos que tenham retorno.
Ui, então nós não sabemos o imenso retorno que teve para Portugal gastar 827 milhões por KCs, e o que teria uma dúzia de STs? Quanto será em percentagem? 10%? 5%? 0% tendo em conta que pagaste a mais pelos KCs, o que terá anulado qualquer ganho financeiro? Seria interessante saber o retorno exacto.
A manutenção da maioria das aeronaves da FAP e dos navios da Marinha, têm tanto ou mais retorno para o país do que qualquer uma desses negócios, no entanto não é por isso que deixam de sofrer cortes.
