Outra vez arroz.

O nome do programa que culminará na aquisição por ajuste directo do ST, é para aeronaves CAS. Pode-se dizer que, neste caso, "treino" é um critério secundário. No mundo real, se o principal interesse fosse treino, ter-se-ia feito um concurso, e comprar-se-ia 12 aeronaves por bem menos que os 200 milhões. Se por alguma razão estas aeronaves forem recebidas, e não forem desempenhar a missão de CAS em África, podemos dizer que se desperdiçou dinheiro, e tinha sido mais racional comprar um modelo, ou mesmo o próprio ST, "desarmado", de forma a poupar uns 40 ou 50 milhões no custo total.
Para os helicópteros de evacuação tudo aponta para os UH-60, até porque por serem em segunda-mão, permite encaixar um bom helicóptero, dentro do curto orçamento que existe. Opções de modelos novos, terão que ser forçosamente helicópteros ligeiros e portanto menos capazes. Não há lobby, há concurso, com orçamento definido.
Portanto para mim, misturar treino com evacuação ou transporte é misturar alhos com bugalhos.
Ninguém misturou nada disso. A diferença, é que podíamos ter adquirido aeronaves dedicadas a treino, sem critério CAS à mistura, e helicópteros de evacuação à parte. No entanto, vai-se adquirir um turboprop para CAS + helicópteros de evacuação.
Entretanto, para comparar alhos com alhos:
https://www.airforce-technology.com/news/pilatus-pc-21-spanish-air-force/Espanha comprou
24 PC-21 por
200 milhões de euros, o mesmo valor que nós vamos gastar por
12 ST. Ora se a intenção é ter aeronaves para treino, porque estamos a gastar tanto dinheiro? Mas depois os lobbies são os outros...
Entretanto volta a conversa do F-35. O F-35 é um balúrdio... e existe algum outro caça novo no mercado, que não o seja? Ora o custo de aquisição do Gripen, AKA "caça lowcost" é equivalente (só ganha mesmo no custo de operação), o Typhoon, Rafale e F-15EX têm custos de operação idênticos, e custos de aquisição superiores, o F-16V é também mais barato de operar, mas novo custa o mesmo ou mais que o F-35, o Super Hornet idem. Portanto, se é para se gastar um dia 4000 ou 5000 milhões em caças, que sejam de 5ª geração não? Ou é para ficarmos na 4ª geração até 2060/70? Concorda-se sim, que se devia era modernizar parte da frota de F-16 para V (os 19 PA I), e depois em 2035 substitui-se os restantes MLU não modernizados, por uns 12 F-35.
É tipo aquele filme: "Were is my car dude", adaptado à aviação" were is my F35 dude"

*Where

A USAF, que tem um orçamento gigantesco, mas não infinito, teve que decidir onde investir ou não. O que relegou o A-10 para segundo plano. E das duas uma, ou o A-10 se adapta a novas missões, de forma a aí sim arranjar uma razão para se investir nele (como aconteceu com o B-52, que se converteu numa plataforma de lançamento de mísseis de cruzeiro e futuramente hipersónicos), ou corre o risco de ser deixado como está, e dar lugar a outras aeronaves que, não sendo desenhadas para CAS, conseguem "desenrascar" recorrendo armamento mais moderno e não estando dependente do uso de foguetes e do canhão. Achar que a forma de operar do F-35 será igual à do A-10, é uma loucura, tal como é uma loucura achar que perante um adversário "near peer" como eles chamam, com defesas aéreas e caças avançados, o A-10 tem sequer a chance de sobreviver na linha da frente, para dar apoio aéreo às tropas.
Numa guerra convencional moderna, o A-10 só teria uso para CAS
se os EUA atingissem superioridade aérea na área de operações, e aí sim, poderia usar o seu canhão (factor diferenciador) para atacar posições adversárias que resistam. Mas como o foco é o Pacífico, e uma guerra EUA/China ser combatida maioritariamente no mar e algumas ilhas, torna-se claro que a missão CAS clássica, perde preponderância. Dito isto, ou o A-10 adapta-se, tornando-se um meio ASuW, cuja missão principal passa a ser o combate a milícias armadas no mar, e a drones de superfície, tirando partido do seu payload e incluindo armamento novo, como o StormBreaker e o JAGM (ou até instalando os Hellfire), ou começa a ser visto como inútil dentro da USAF. Atenção que esta adaptação do A-10, seria útil para a ameaça de lanchas rápidas do Irão por exemplo, e a aeronave não perderia em nada a capacidade ar-solo que a caracteriza.
PS3: Então não se pode falar em drones? É ilegal em Portugal? Se calhar o problema é mesmo esse, nos debates sobre defesa, só se podem equacionaras opções que convém...
PS4: O C-295 é bom. É inferior ao C-27J na missão de transporte, mas continua a ser uma aeronave boa e versátil. Ganhou o concurso essencialmente pela versão de patrulha marítima, e hoje possui N versões para quase todos os fins, das quais destaco a AEW e a ISR (armada). Sim, devia ser uma frota alvo de investimento, bem antes de, por exemplo, se fantasiar com o 6º KC-390.