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Quantos aos amigos da russia, não confunda deveres diplomáticos nos países da CPLP com traição.
Alguns chamam a isso de realpolitk.
Neste caso, não designaria de realpolitik, pois Portugal tem muitos laços e coisas em comum com Moçambique. Realpollitik é fazer negócios com a Arábia Saudita para ver se chega cá alguns petro-dolars, por exemplo.
Preocupa-me mais que alguns elementos das chefias das nossas Forças Armadas simpatizem com o inimigo. Não pode haver qualquer ambiguidade a este nível.
Muita dessa malta sabe o estado real das coisas: prontidão, logística, casernas a ruir, etc. E também sabem que a realpolitk é bonita e lucrativa para os políticos mas para os militares é (pode ser) sangue. E o poder ser não deve existir como variável no teatro de operações.
Depois, afirmação de que "a diferença entre o grupo Wagner e o Daedalus essas são mínimas"…
Recordo que até bem pouco tempo, a existência do grupo Wagner nem sequer era admitido pelos russos. Até há muito pouco tempo, não era certo que era o estado russo que financiava integralmente o grupo Wagner.
O grupo Daedalus (https://www.daedalus.eu/) é uma empresa do sector da defesa completamente normal.
O lucrativo negócio da defesa para os privados (e os que os apoiam) resulta da exiguidade do papel do estado na sociedade actual. No Ocidente fazem-se outsourcing de tudo e mais alguma coisa. No Oriente também com o relevo de eles terem percebido a importância
dessas empresas na teoria do conflito assimétrico (quer seja o combate puro e duro, no treino, quer seja na aquisição de tecnologia, empréstimos, acesso ao mercado livre, bolsas de estudo e de investigação em instituições Ocidentais, etc).
Ok. Então a defesa está nas mãos dos privados no Ocidente e no Oriente?
O grupo Wagner existe para fazer o trabalho sujo do estado russo sem que ninguém seja responsabilizado.
Exactamente. É esse o objectivo. O lucro assimétrico.
Não é só lucro assimétrico. Neste caso era mais para haver
Negação Plausível. O Utkin, por exemplo, foi sepultado num exército militar (1). O caso do Progozhin, também foi tratado com pinças, com o Putin a dizer que era um “homem talentoso”, etc. Estes tipos estavam pertíssimo do topo, mas andavam a fazer o que as forças regulares não podiam, Acabaram mortos porque pelos visto é esse o modus operandi do estado russo: chateias, morres.
Eu não quero estar para aqui com pseudo-sociologia da Máfia, mas deve haver uma regra qualquer que diz que, de tempos a tempos, o líder tem de «molhar a sopa» para provar que ainda não perdeu o jeito.
(1)
https://www.politico.eu/article/wagner-group-russia-war-yevgeny-prigozhin-deputy-dmitry-utkin-buried-moscow/Sabe de onde vem o símbolo da marreta do grupo Wagner? Duma execução de um prisioneiro na Síria (
Mas isso serve para o recrutamento deles (no seu meio sociológico). Eles não operam no nosso espaço sociológico.
Ora aí está. Vivemos numa bolha. É uma bolha frágil, mas é bem melhor viver neste “espaço sociológico”. Já o espaço sociológico da lei da marretada, é precisamente aquele onde a lei, ordem e hierarquia não existem.
Em suma: Não. O grupo Wagner não é quase igual à Daedalus.
Não. Na Europa e em Portugal não se faz como na russia.
Somos muito, muito melhores. E seremos ainda melhores no futuro.
Esse tipo de declaração é perigosa no plano operacional onde se integram (ou se podem integrar) os nossos soldados. Porque basicamente é falar para uma câmara de eco. Falamos para nós e só para nós. Você mencionou a marreta e ficamos chocados mas do outro lado por exemplo também se fala dos Gurkhas a decapitarem Talibans ou dos Sauditas com assessores Americanos a executarem imigrantes e refugiados na fronteira do Iemém.
Sempre os americanos, valha-me deus… Estou a falar da Europa e de Portugal, sobretudo. Se acha que Portugal se rege pelos mesmos princípios que a russia, que não há diferença nenhuma, francamente, não está cá a fazer nada. E você que me desculpe, mas se é militar o melhor é tentar outra atividade.
Francamente, estafa-me este argumento que como os americanos toleram os sauditas, vale tudo. Uma vez que a Arábia Saudita vai entrar no grupo dos BRICs, já deixa de ser uma carta de para o
whataboutismo?
Mas não há espaço para ambiguidade moral: a russia, neste momento, é o inimigo.
Se a Russia é o inimigo então comportemo-nos como tal. Preparação, Meios, Logística e Acções reais de soberania. Não temos meios, não temos logística não agimos em conformidade (Russsos inimigos na Europa mas companheiros de noitadas em África por exemplo) e isso que dizer que não há soberania. Mandamos os miúdos desenrascar na Roménia ... e quando as coisas aquecerem em África mandamos desenrascar outra vez.
Pois tudo bem. De acordo. Agora só lhe falta acreditar em Portugal.