A falta de memória é normalmente má conselheira.
Desde que o Euro começou a circular que a possibilidade de desmoronamento é menos provavel, mas nem por isso todos aqueles que detestam a ideia deixam de tentar.
O facto de a Europa ainda aqui estar mais de 20 anos depois do Euro ter entrado em circulação, é uma prova de resistência ( recuso-me a utilizar a outra expressão parecida
) que irrita sem dúvida Wall Street mas também a city de Londres, principalmente porque o eixo anglo-saxonico perdeu a capacidade de condicionar completamente a economia mundial.
Por muito que os alemães ainda falem do Marco, a verdade é que o Euro traz consigo muito mais poder.
Ainda antes de sequer haver Euro, nem cambio, havia já uma coisa chamada Unidade de Conta Europeia (XEU) e aquilo já começava a funcionar e fazia sentido. As empresas de importação pediam preços em XEU e pagavam, na mesma moeda.
Por isso eu achava estranho, que os profetas da desgraça, afirmassem com a mais absoluta convicção que o Euro, se alguma vez viesse a existir, levaria sem qualquer sombra de dúvida a uma guerra fratricida entre os varios países europeus, que levaria à destruição da Europa.
Só escapariam com alguma sorte, os países que tivessem ficado de fora do Euro, e o fim da Europa, era inevitável, tão inevitável como o nascer e o por do sol. Era uma questão de esperar, porque cinco anos depois de o Euro entrar em circulação, as tensões entre os vários países, resultado de diferentes economias utilizarem a mesma moeda, já teria levado todos à guerra e à morte.
Levou tanta gente à guerra e à morte, que passados mais de vinte anos, andamos a queixar-nos de que à falta de inimigos, andamos todos com as calças na mão, porque nem armas temos.
No entanto, nada é imutável.
As convulsões são possíveis.
E embora países como a França, tenham agora uma extrema direita muito forte, até mesma a senhora que eu não digo o nome teve que de uma forma ou de outra aceitar o óbvio (A Europa está melhor junta que separada) nunca se sabe.
Tudo depende de onde a Europa se partisse.
Os alemães teriam a sua área de interesse e criariam algum tipo de associação propria. Caso as democracias pervalecessem, não seria estranho que se associassem aos holandeses, dinamarqueses, bálticos e escandinavos, juntamente com austriacos.
Sem rei nem roque, problemas apareceriam entre países europeus, os hungaros e os romenos, por exemplo. Problemas entre turcos e gregos idem - e isto para não falar de russos - (se houver Rússia) e polacos.
Mas mais para este lado, o problema é a França, tudo depende da França. A divisão da UE em blocos implicaria a criação de um bloco de países latinos, Portugal a Espanha e França e a Itália. Curiosamente, a Irlanda, que preferiria ter mais relações com o que restasse da UE (e que estivesse mais próximo).
Com uma França isolacionista, isso levaria ao aumento dos movimentos iberistas, porque não se podem criar relações privilegiadas com países e depois fechar a porta de um momento para o outro.