Quando a US Navy dispunha de centenas de células P-3, nunca recebemos nenhuma — os P-3P eram australianos e os P-3C holandeses. Então por que carga de água é que nos iriam “dispensar” quatro ou cinco células quando a sua própria frota de P-8 vai ser muito mais limitada do que foi a de P-3?
Ora aí está.
De qualquer das formas, é relativamente fácil de justificar o investimento em P-8 (e MQ-9B), a começar claro pela dimensão do nosso mar, que "exige" um MPA mais capaz, mas também pela interoperabilidade com os americanos e ingleses, que também operam P-8.
dc, é fácil de justificar a necessidade de um verdadeiro meio MPA/ASW mas é difícil arranjar vontade para gastar os recursos para os adquirir.
Lembrem-se que tivemos cerca de 11 a 13 anos sem aeronave ASW entre a saída de serviço dos P-2V5 e a chegada dos P-3. Andamos a fazer VIMAR e SAR com C-130 e C-212. Não é por nada que a Embraer andou a fazer publicidade às capacidades do 390 para estas missões!!!
Sou da opinião pessimista que ou vamos recorrer a modernizar células de P-3 antigos da USN ou da JMSDF e esticar o serviço Orion até aos anos 50 ou que vamos voltar a ter uma década sem meio dedicado a ASW, ficando os C-295 que temos actualmente e os 390 a fazer vigilância marítima e busca e salvamento.
Não se esqueçam dos outros mil-e-um equipamentos que vamos ter de substituir ao mesmo tempo que os P-3.
Acho que fazia mais sentido investir na capacidade SIGINT dos C-295, ou então simplesmente investir em UAVs com essa capacidade. Mesmo para destacar numa missão internacional, sai mais barato do que destacar um EP-3.
A mim dá-me cada vez mais vontade de rir cada vez que o pessoal fala em UAVs do estilo MALE, especialmente configurados para operar em ambiente marítimo, como o Global Hawk ou Reaper/Sea Guardian. Já para a última aquisição de UAVs para a FAP foi o que foi...
Nota de rodapé: os finlandeses já operaram um C-295 configurado para guerra electrónica/COMINT/SIGINT há uns bons anos.
Infelizmente já não consigo ter o optimismo e inocência para acreditar noutro cenário.
Cumprimentos,