Guerra da CisplatinaA Guerra da Cisplatina ocorreu entre os anos de 1825 a 1828 e envolveu o Império do Brasil e as Províncias Unidas do Rio Prata (Argentina). A batalha foi uma disputa pela posse da então Colônia do Sacramento – atual Uruguai. A área era considerada estratégica, pois era de grande domínio fluvial, com acesso aos rios Paraná e Paraguai e via de transporte da prata andina.
Antes do início da guerra, esta área já causava controvérsias devido à sua fundação e colonização. Pactos entre Espanha e Portugal consideravam que a Colônia do Sacramento fora fundada por Portugueses, mas, colonizada por Espanhóis. Portanto, foi considerada um território da Espanha.
Porém, em 1816, as Províncias Unidas do Rio Prata, como era chamada a região, foram invadidas pelo general português Carlos Frederico Lecor e voltaram a ser território da Coroa Portuguesa. Em 1821 a área foi incorporada ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e ficou com o nome de Província Cisplatina. Na época, a anexação foi justificada com a premissa de que a Rainha Carlota Joaquina teria direitos sucessórios sobre a região.
Mas a recém-batizada Cisplatina tinha habitantes com idioma e cultura diferentes que se negavam a aceitar os costumes brasileiros. Neste contexto, a Argentina e alguns patriotas Uruguaios, liderados pelo revolucionário uruguaio Juan Antonio Lavalleja, começaram a fomentar o início da rebelião. Então, em 1825, a Guerra da Cisplatina eclodiu.
O início dos embates deu-se quando Lavalleja desembarcou na praia da Agraciada com suas fileiras e, ajudado por populares, dominou a região e declarou sua anexação à Argentina. Como resposta, o governo brasileiro informava que, caso Lavalleja não desocupasse a área, enviaria tropas dando início à guerra. D. Pedro I fez uma declaração formal de guerra à Argentina.
A vantagem do Brasil era populacional, tinha 4,5 milhões de pessoas contra 600.000 das Províncias Unidas do Rio Prata, mas o número da população não retratava a medida de força dos dois países, pois, na época, o Brasil passava por inúmeras revoltas internas.
J. B. Debret, Embarque das tropas para Montevidéu
A base principal do exército brasileiro era de portugueses, mas, depois da proclamação da república, estas tropas retornaram à Europa e foram substituídas por brasileiros recém-recrutados. Diante da dificuldade de conseguir soldados, mercenários foram recrutados na Alemanha e na Irlanda, porém, não ofereciam ajuda imediata.
Sobre os soldados das Províncias Unidas do Rio Prata, o historiador John Armitage fez a seguinte observação:
“armados unicamente com as bolas e os laços, e com a inseparável faca enfiada no cinto, todos [os gaúchos] são soldados por hábito; e animados pelo espírito de nacionalidade, estão sempre prontos a entrar em luta”.
Em 1827, as forças imperiais derrotaram as provincianas na Batalha de Monte Santiago. No ano seguinte, o uruguaio Fructuoso Rivera reconquistou a província oriental (Uruguai). Após esta vitória, devido ao impasse em terra, ao bloqueio naval do Brasil, aos altos custos com a guerra e a pressão inglesa para que fosse firmado um acordo, deu-se início um acordo de paz, mediado pela França e pela Inglaterra, que tinha interesses econômicos na região.
Enfim, no ano de 1828 termina a Guerra da Cisplatina, com as duas partes assinando um acordo que findava o conflito. A acordo firmava que a Província da Cisplatina não ficaria nem com a Argentina nem com o Brasil. Foi criado um país independente: a República Oriental do Uruguai.
Consequências
O desfecho da Guerra da Cisplatina foi desfavorável ao Brasil, pois o dinheiro gasto para sustentar o combate arruinou sua economia. Outro aspecto foi o desgaste da imagem política de D. Pedro I, aumentando a insatisfação do povo que, desde o início do conflito, culpava a Guerra da Cisplatina dizendo que ela representava o aumento de impostos.
Com a independência da região Cisplatina, os populares contrários a D. Pedro I utilizaram o argumento de que o Brasil arrombara seus cofres e sacrificara a população para lutar em uma causa perdida. Entretanto, esta não foi a principal causa da queda de D. Pedro I, mas, sim, apenas parte de um conjunto de fatores que causaram a abdicação. A maior causa, talvez, tenha sito o estilo centralizador do governo.
Fontes: COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e geral. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.