Não, os russos têm muito mais capacidades militares que Portugal. Não adianta estar a fingir que não têm.
Bom, eu atrevo-me a dizer que todos nós já tinhamos chegado à conclusão de que a Russia era mais poderosa que Portugal...
A questão é que estariamos a partir do principio segundo o qual a Republica Portuguesa tem alguma capacidade militar efetiva no golfo da Guiné.
Eu estabeleci uma comparação: A Russia não tem capacidade para flanquear a NATO, como Portugal não tem capacidade para flanquear os Estados Unidos...
Uma Rússia que resolva substituir os navios velhos por navios novos feitos na China, tornar-se-á um perigo ainda maior.
A China mais tarde ou mais cedo não vai precisar de continuar a produção maciça de navios de guerra, e a alternativa a isto, poderá passar por vender à Rússia, e aí temos uma Rússia a conseguir renovar a frota de forma bastante rápida.
A Russia não é uma potência naval e nunca foi. O problema da Russia não é produzir navios, é a tecnologia que eles devem possuir e é a sua posição estratégica, com o Mar Negro encerrado, o Báltico completamente controlado pela NATO e os portos do Mar do Norte, congelados durante parte do ano.
O máximo que a Russia pode fazer é policiamento, e Portugal não é visto nem achado na equação.
Poderiamos ter qualquer palavra a dizer, mas há muitos anos que abandonamos essa possibilidade, porque isso custa muito dinheiro.
Os países africanos não são estúpidos e percebem perfeitamente o que se passa. Normalmente poderiam beneficiar com a recepção de meios navais da antiga potência colonial, mas a ex potência colonial deixou a sua marinha chegar ao ponto em que os navios são retirados de serviço, por razões biologicas ou minerais (oxidação do metal).
Se o interesse russo fosse apenas o Níger, então eles não andavam a meter-se em tudo o que é canto em África, havendo a possibilidade do próximo país a "cair" na sua esfera, ser a Guiné-Bissau, além da proximidade que já têm com outros países em África. Se a "cena" deles fosse lidar com a Nigéria, não andavam também a recrutar soldados africanos para combater na Ucrânia.
Ninguém pode ter qualquer dúvida de que o interesse russo está no Niger, e está no Niger, no
Mali e no atual
Burkina Faso, como está na
Rep. Centro Africana. Os primeiros três países atrás referidos, abandonaram a ECOWAS, onde a Nigéria é o principal país. Também há a questão do Chade e do Sudão.
E isto levaria a outra discussão que é o conflito de décadas por influência entre dois países africanos. Por um lado a Nigéria, por outro lado a África do Sul.
A Russia ameaçou já a Nigéria, se os nigerianos agirem militarmente contra o Niger (A Nigéria ameaçou intervir) e o Burkina e o Mali, avisaram que enviariam tropas para defender o Niger.
Todos sabem no entanto, que a Nigéria, é a super-potência da região e mete no bolso os outros países, mesmo juntos.
Mas colocando algum tipo de capacidade militar em São Tomé, mesmo que pequena, a Nigéria ficará seguramente preocupada. Os nigerianos sabem o que aconteceu na guerra do Biafra e de onde vinha grande parte da ajuda que o Biafra recebia, sim, exactamente de São Tomé.
Já a Guiné-Bissau é de muito pouca relevância. A sua unica utilidade seria a possibilidade de ajudar a desestabilizar o Senegal, porque esse sim é importante.
No entanto a Russia sabe perfeitamente que não tem capacidade para numa situação de conflito aberto, aguentar mais que uns dias uma qualquer operação militar naval no Atlântico.
Portugal não tem absolutamente qualquer capacidade para fazer o que quer que seja, ainda mais quando os patrulhas que para lá mandam nem um canhão possuem.
Portugal só pode fazer qualquer coisa, a pedido do país que acolhe a força e como força policial, mais nada.
Até ao momento, os russos não fizeram despertar campainhas, porque neste jogo o que realmente teria importância seria Cabo Verde.