Se o dinheiro para "fardamento" não aparece não é devido aos outros programas... aliás - para além da falta de dinheiro (que é primordial, eu sei) - é também (como o Anthropos explica) a falta de capacidade de gestão do Exercito; é parecido com não haver filtros para viaturas TT, não haver manutenção para os Leo4A6, etc.
O dinheiro não aparece, porque os governos querem dar pouco para a Defesa. Quando o dinheiro é pouco, convém ser bem gerido. Desse pouco dinheiro, gastar 200M em material que o país não precisa, vai sim afectar outros programas.
Esses exemplos do EP, também acontecem na FAP. Atraso do MLU dos 3 F-16 adicionais, falta de armamento para os ditos, adiamento eterno do MLU dos C-295 e Merlin, etc.
Um país que tem uma vintena de AMRAAM, comprou 18 AIM-9X e cujos caças possuem apenas bombas de queda livre de curto alcance como únicas munições guiadas ar-solo, não pode estourar dinheiro em LAA, seja qual for o modelo.
O dinheiro aparece (para o KC390, ST) porque está enquadrado por diplomacia, subsídios à industria e a empresa com participação do Estado, etc. Podemos "rasgar as vestes", "que o país é uma choldra", insinuar corrupção... é muito mais fácil, mas o dinheiro não seria "transferido" para botas... nem para as Forças Armadas, desconfio.
E o grosso do equipamento individual não estaria associado a empresas nacionais? Ou vamos fingir que é diferente? Ou as empresas nacionais de drones, que pouco ou nenhum apoio recebem? Vamos relembrar o processo que envolveu os Ogassa, em que o Governo da altura quis lixar a empresa?
E o Alfeite? É detido por quem? Seguindo a mesma lógica, o mesmo Governo que se demonstrou submisso à Embraer pela "guarda partilhada" da OGMA, devia investir forte no Alfeite. Mas não, neste caso não só investe pouco, como ainda faz cortes.
Estranho este nível de submissão à Embraer, enquanto as empresas portuguesas têm que remar contra a maré.
E o KC390 - salvo o segmento e podermos preferir o "mix" A400M + C295 - até correu bem, sendo um projecto não provado e sem clientes quando a decisão foi tomada; e será que a Força Aérea Portuguesa defendeu abdicar do segmento C130 e foi "obrigada" pelos políticos a comprar os KC390?!
O programa KC-390 é muito diferente dos ST. Portugal não tem nada a ver com o desenvolvimento deste último, tendo este sido impingido ao país, sem sequer ser feita uma avaliação da concorrência, nem sequer tendo em conta as necessidades do país ou da FAP.
No programa KC, as críticas que se fazem é relativamente aos custos, e à quantidade de aeronaves face a uma FA que está a modernizar 4 C-130, e que podia viver muito bem com uma encomenda de 3 aeronaves.
Haja mais dinheiro para a Defesa e - muito importante - umas Forças Armadas capazes do gerirem.
Concordo. Agora, tendo em conta que se abriu o precedente perigoso em que uma empresa estrangeiro pode impingir o que lhe apetecer, e nós compramos sem sequer questionar nada, achas que vai haver capacidade de gerir bem o dinheiro?
Quem é que nos garante que um eventual aumento de despesa com a Defesa, não vai levar os decisores políticos a fazer mais negociatas, tipo 30 STs e 10 KCs?
Para vocês, qual é que é a linha que tem que ser ultrapassada para comecarem a ter pensamento crítico face a estes negócios?