Böges, da KMW do Brasil, prevê desenvolvimento de novo tanque no país entre 2018 e 2023
“Sabemos das turbulências, mas não vamos sair do rumo”.
Foi com essa frase que o engenheiro gaúcho Christian Böges, de 50 anos, presidente da KMW do Brasil Sistemas de Defesa, definiu para o ministro da Defesa Jaques Wagner e para uma platéia de altos chefes militares – liderados pelo comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas –, na cidade gaúcha de Santa Maria, a disposição da sua companhia de desenvolver um novo carro de combate no Brasil – o primeiro desde que, nos anos de 1980, a indústria nacional se aventurou nos modelos Tamoio e Osório.
Ex-piloto de combate da Força Aérea chilena e fluente em alemão, Böges iniciou sua carreira profissional em 1990 na Fundição Tupy. Em fevereiro de 2011 tornou-se diretor-geral da KMW do Brasil.
Nesta quarta-feira (09.09), durante uma série de palestras apresentadas por dirigentes do polo industrial-militar de Santa Maria, Böges lembrou que o objetivo imediato de sua empresa é desenvolver sistemas de manutenção para a atual frota de blindados da força terrestre brasileira, além de simuladores que possibilitem a transferência de tecnologia. Mas ele também deixou claro: entre os projetos novos delineados por sua indústria, um dos principais é o de, no prazo de cinco anos, criar um novo carro de combate para o Exército – iniciativa prevista para ter início em 2018.
Discurso – A meta do novo tanque não é um assunto novo no Exército.
A coluna INSIDER apurou junto a uma fonte do Ministério da Defesa que, entre os generais brasileiros, a preferência é por um carro de alta mobilidade, bom poder de choque e elevada capacidade de sobrevivência, o que será mais factível se o peso desse blindado puder ficar entre 45 e 50 toneladas.
O tanque Osório, projetado pela companhia paulista Engesa, deslocava (carregado) pouco mais de 40 toneladas, e fora de estrada chegava a alcançar o 50 km/h de velocidade.
A 2 de outubro de 2012, durante a cerimônia de lançamento da pedra fundamental da KMW do Brasil, Böges já aludiu ao projeto do novo tanque brasileiro:

“A vinda da KMW para Santa Maria tem como foco principal, assegurar que os Leopard tenham uma história de sucesso no Exército Brasileiro, oferecendo uma interface local para o nosso cliente, auxiliando-o durante a fase de introdução e operação, com manutenção e apoio técnico. A nossa missão será a de convencer o Exército de tal forma da nossa capacidade e que fiquem completamente satisfeitos com os Leopard pelos próximos anos ou décadas.
Em um segundo momento, a decisão estratégica definida é de trazer a tecnologia da KMW para o Brasil e utilizar as futuras instalações para desenvolver novas soluções, sistemas de simulação e treinamento, e veículos de combate específicos, sejam eles sobre rodas ou lagartas, com a alta tecnologia, atendendo a demanda local e do continente sul-americano. Nossa primeira intenção é apresentar ao Exército Brasileiro, um novo veículo que satisfaça as suas necessidades, com a prioridade de dar o mais alto nível de segurança ao soldado brasileiro. Em sentido figurativo, inserir o DNA tecnológico da KMW em um produto local.
Esta iniciativa foi reforçada pela KMW em Junho deste ano, durante um seminário promovido pelo Comando Militar do Sul, com o objetivo de discutir a futura viatura blindada a ser adotada pelos seus três Regimentos de Cavalaria Blindado. Nas discussões que ocorreram durante a jornada doutrinária, apresentamos sugestões, como o desenvolvimento conjunto, entre a KMW e o EB, de uma nova família de blindados sobre lagartas, incluindo um Carro de Combate médio (40/45 toneladas), com fabricação em Santa Maria. Esta sugestão retrata só uma das novas possibilidades e certamente promoverá futuras reflexões e discussões mais aprofundadas, tanto por parte da KMW, como também pelo Exército Brasileiro”.
Autoridade – A futura fábrica de blindados da KMW no município gaúcho de Santa Maria será inaugurada em 20 de outubro.

No prédio e nos pavilhões construídos às margens da BR-287 já trabalha boa parte dos 38 funcionários da empresa. O efetivo deverá fechar o ano em 75 homens e mulheres, e chegar, no mínimo, a cem em 2016.
Os serviços de manutenção – que incluem a desmontagem dos blindados alemães Leopard 1A5 – deverão começar imediatamente.
Na visita de Jaques Wagner a Santa Maria chamou a atenção a presença, na comitiva oficial, da secretária-geral do Ministério da Defesa, Eva Maria Chiavon, mal vista pelos chefes militares desde que foi identificada como a pessoa que articulou o decreto nº 8.515, que tirou dos comandantes militares os poderes de nomear, promover e transferir militares para a reserva.
A inclusão de Chiavon na viagem do ministro da Defesa ao Rio Grande do Sul foi interpretada como uma clara demonstração de autoridade de Wagner, já que ele vem reagindo com irritação à ideia de exonerar Chiavon de seu cargo.

Na comitiva do ministro estiveram presentes, além do comandante do Exército e do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, José Carlos De Nardi, o comandante Militar do Sul, general Antonio Hamilton Martins Mourão, o comandante do Estado-Maior do Exército, general Sérgio Westphalen Etchegoyen, e o chefe de Assuntos Estratégicos do Ministério da Defesa, general Gerson Menandro.
Fonte: http://www.planobrazil.com/boges-da-kmw ... 18-e-2023/