Mais uma vez a excelente opinião de (para mim) um dos melhores comentadores da atualidade.
Não concordo, aliás acho exatamente o contrário, isto fez mais pela união da NATO do que todas as últimas décadas juntas e também pela UE, diria até pelo "espirito europeu". Parece-me até que a reacção da população é mais firme do que a dos líderes, isso também tem muito de emocional claro, mas não me parece que seja só momentâneo.
O mesmo sobre a conversa dos europeus materialistas, sem capacidade ou vontade de resistirem e de aguentarem sacrifícios, além das referências caricaturais a causas que pouco ou nada dizem à maioria das pessoas e não são de maneira nenhuma centrais na sociedade. Os russos, chineses ou iranianos estão obviamente mais disponíveis para se sacrificarem em nome do que quer que lhes digam, estão sob ditaduras, são mais pobres, têm menos a perder e menos ou nenhumas alternativas. Não os estamos a invejar, certo? Espero...
Os europeus têm muito mais a perder, têm mais formação e informação, mais espectativas de vida e mais alternativas. Estão menos disponíveis para embarcarem em qualquer aventura que lhes digam, a dizerem amen incondicional a qualquer líder. A conversa da geração fraca e incapaz de sacrifícios é muito antiga e cíclica, é como a conversa de que a nova geração é sempre pior do que as anteriores. Estas coisas dependem das circunstâncias e o que sabemos é que as pessoas são muito adaptáveis, muito mais do que se imagina. Isto tudo para dizer que não se pode confundir a pouca vontade dos europeus em envolver-se nos Iraques e Afeganistãos da vida com uma situação de ameaça existencial sobre os seus países. Quando se ultrapassam certas linhas, quando se colocam as pessoas e as sociedades em situações limite, há muito coisa que se transcende e são justamente as pessoas que muito perdem quem pouco se resigna. Eu não tenho dúvidas de que os europeus dariam uma luta na sua terra muito, mas muito mais forte do que qualquer Putin imagina. Mesmo a Alemanha, que normalmente é apresentada como o exemplo extremo (para o seu nível) de desinteresse e desinvestimento militar e de sociedade aburguesada e pacifista, não tenho dúvidas que se transformaria radicalmente se atacada. Com a base industrial que tem (inclusive militar) e com a capacidade de organização... Há certos fantasmas que é melhor não acordar.
O passo seguinte deveria ser o de incentivar a FSB a provocar a sua Operação Valquíria! Vendo a forma como o criminoso tratou o próprio líder da FSB
Duvido, pelo menos a breve prazo. O Putin está rodeado de yes man, não tolera desvios, além de que ao parece é algo paranoico em geral, como aliás é próprio destes personagens. Talvez a prazo, dependendo do desenvolvimento das coisas. O tipo acabar como um qualquer Kadafi ou Sadam seria algo irónico.