Antigo presidente da Geórgia nomeado governador de Odessa na Ucrânia
O surpreendente anúncio da nomeação de Saakashvili está a ser interpretado como um sinal de Kiev a Moscovo de que a Ucrânia mantêm intenções "pró-ocidentais". O presidente ucraniano Petro Poroshenko nomeou este sábado para o cargo de governador de Odessa o líder pró-ocidental da Geórgia, Mikheil Saakashvili, "que lutou contra a Rússia".
Poroshenko fez as declarações em Odessa, junto ao Mar Negro, perante as câmaras de televisão, ao lado de Saakashvili tendo sublinhado que o antigo presidente da Geórgia "é um grande amigo da Ucrânia.
"Continuam a registar-se muitos problemas em Odessa, nomeadamente na preservação da soberania, integridade territorial, independência e paz", acrescentou Poroshenko. O surpreendente anúncio da nomeação de Saakashvili como responsável governamental da região costeira ucraniana está a ser interpretado como um sinal de Kiev a Moscovo de que a Ucrânia mantêm intenções "pró-ocidentais", apesar da guerra que decorre na zona de fronteira com a Rússia.
"O nosso objetivo é deixarmos ficar para trás conflitos artificiais, que foram artificialmente impostos a esta admirável sociedade", afirmou Saakashvili após ter sido nomeado, em Odessa. "Em conjunto com o presidente e a minha equipa vamos construir uma nova Ucrânia", acrescentou.
Durante o período em que esteve à frente dos destinos da Geórgia, a partir de 2003, o reformista Saakashvili, 47 anos, tornou-se num obstáculo à liderança russa, retirando a antiga república soviética da órbita de Moscovo aproximando-a do ocidente. O colapso das relações acentuou-se em 2008, altura em que a Rússia derrotou a Geórgia durante uma guerra que se prolongou durante cindo dias na região da Ossétia do Sul.
Saakashvili, um poliglota que fala cinco línguas, incluindo ucraniano, já desempenhava funções como conselheiro de Poroshenko tendo obtido a cidadania ucraniana.
Mikheil Saakashvili, que deixou o poder em 2013, depois de conflitos políticos internos provocados pelas reformas e num ambiente de corrupção é uma figura que divide opiniões entre os georgianos. No último ano tem vivido no exílio, depois de as autoridades da Geórgia terem emitido um mandato de captura por abuso de poder, um processo que Saakashvili considera ter motivações políticas.
Depois da morte de cerca de 50 pessoas, manifestantes pró-russos, em maio do ano passado, a região de Odessa, onde se fala russo, ficou sob o poder de Kiev e afastada da guerra que já fez 6.300 mortos.
Nos últimos tempos, uma série de atentados em Odessa contra interesses pró-ucranianos aumentou os receios de que Moscovo pode estar a tentar provocar instabilidade na maior zona portuária do país, situada a apenas 200 quilómetros da Península da Crimeia anexada pela Rússia em 2014.
Lusa