A descolonização de África por parte de potências europeias a partir dos anos cinquenta,foi,afinal,um processo difícil,designadamente para o colonizador,
embora de relance não seja de imediato perceptível.A França,o Reino Unido e Portugal passaram por traumas e alterações políticas imprevistas que
afectaram fortemente a sociedade em que viviam.
Exemplo curioso é o da Espanha em que tudo se passou no melhor dos mundos,dado que a Guiné espanhola e Madrid acordaram fácilmente na transição
e os guineenses foram preparar-se à nação colonizadora,estagiando em Institutos e empresas privadas a fim de exercerem a liderança técnica e política
novo Estado.Aliás refira-se que a Guiné ex-espanhola era dos países com melhor nível de vida em toda a África ,sendo no Continente um exemplo de
gestão pacífica. A Ilha de Fernando Pó faria parte do novo país,embora os autóctones ,por maioria,regeitassem a integração na Guiné ex-espanhola.
Já em liberdade,a nova Guiné travou uma campanha eleitoral dominada por um demagogo populista de seu nome Macías que revoltou a população contra
os técnicos e políticos formados em Espanha,enquanto afundava o país na pobreza em nome do marxismo.Sob o olhar cobiçoso de Marrocos,único amigo
dos Estados Unidos no Magreb. Caído o Sara nas mãos da Polisário orientada pela FNLA e com o apoio indirecto da URSS e satélites, ficou o reino marro-
quino reduzido a uma ilha rodeada pelo mar sarauí. Os americanos detestaram a solução que desequilibrava o "stato quo" regional e,em Outubro o Rei
Hassan divulgou a Marcha Verde pacífica que levou milhares de marroquinos a violar a fronteira e a deitar gasolina no fogo. Juan Carlos I foi a Rabat
falar com o Rei,reiterando o seu compromisso com a paz.Pouco depois era anunciado o Acordo de Madrid que contentava tudo e todos,excepto os prin-
cipais visados. Pelo acordo a Espanha cedia a Marrocos 2/3 da área da Guiné e à Mauritânia uma terça parte. Houve de imediato uma repressão sel-
vagem sobre os sarauís por parte de Marrocos. O que se pode dizer é que o Sara ex-espanhol passou das mãos de uma potência hostil para outra pro-
-ocidental. Para Marrocos foi o chamado tiro no pé,pois por longos anos se arrastou uma guerra de guerrilha com perda de vidas e bens de parte a par-
te com a almejada reconstrução adiada.
Parece que ninguém aprendeu nada com a conferência de Berlin (1844) em que a régua e esquadro dividiram as colónias sem outro critério que não
fosse o apetite voraz das grandes potências.Portugal,sem voz activa contentou-se com o que tinha, mais uns restos do repasto.