O que eu vou referir a seguir, é conversa de café, ainda que com gente que tinha a obrigação de saber alguma coisa. É sempre necessário referir estas coisas, porque eu não comprovei nem investiguei nada sobre o assunto, nem sequer cruzei dados.
Mas essencialmente, quem realmente controlava esses dinheiros, ou passou a controlar esses dinheiros seriam oficiais ligados ao MFA, que afinal tinham alguma legitimidade para o fazer.
De notar que os oficiais do MFA não eram os que estavam nas ruas em 25 de Abril de 1974. Após a revolução, todo o gato sapato a partir de Tenente, afirmava-se «militar de Abril», mesmo que em 25 de Abril de 1974 tivesse ficado encerrado no quartel sem dizer de que lado estava. Alguns nem saíram de casa para evitar problemas. Só apareceram em 26 e 27 de Abril, com cravo na lapela.
Os chamados «militares de Abril» é preciso dize-lo não eram todos comunistas nem eram pagos pela União Soviética. Muitos, apareceram durante a segunda metade dos anos 70 e década de 80 à frente de pequenas empresas que tinham relações com Angola, mas a ligação é obscura.
Alguns alegam que houve militares que utilizaram dinheiro que estava em algum lugar, para iniciarem os seus negócios que em muitos casos eram negócios de exportação. Compravam cá para depois vender em Angola através das empresas dos amigos angolanos (os mesmos que hoje nos emprestam dinheiro), que do lado de lá sobreviviam com a venda desses produtos ou ao estado, ou no mercado negro.
No entanto, esta história ainda que parcialmente verídica (confirmei em conversas informais que houve militares que ganharam dinheiro - embora não muito - com Angola) poderá estar mal contada, já que não me parece que todo o fundo pudesse ser utilizado desta forma.
Parece no entanto claro que a seguir a 1974, com a desestruturação do Estado e com a anarquia que se viveu, houve muita gente que meteu a mão na massa onde havia alguma para gastar.
E as contas do estado português na altura batiam certo e espante-se, não havia praticamente deficit.
Cumprimentos