À menos de decada e meia 400 inquiridos pouco sabiam sobre as F.A. Conheciam as missões de busca e salvamento das FAP, do patrulhamento marítimo da MP e pouco mais. Falavam do exercito na "altura dos fogos" e desconheciam por completo as competências e as intervenções de cada um dos ramos das Forças Armadas Portuguesas ao nivel das missões humanitarias e de utilidade pública. Actualmente, graças as novas tecnologias mais alguma coisa se sabe mas o caminho na promoção e na transparência ainda é longo. E mais acrescento: se actualmente voltassem a inquirir os mesmos individuos os resultados não seriam muito diferentes. Afinal o grande publico não quer saber de defesa, geopolitica e geoestratégia, gostam mais de programas populistas, novelas e futebol. Basta ver como se discutiu a questão dos submarinos U209 PN adquiridos para a Armada, sobretudo por uma classe politica que ou é burra ou nada percebe sobre defesa, soberania, recursos e muito menos foi sequer capaz de referir o pedido feito à ONU para aumentar a nossa ZEE até a Plataforma Continental (quem quer mais tem de ter meios). Pior, sendo que os militares respondem perante esses mesmos politicos incultos e incapazes, nada lhes vale mostrarem seja o que for se o poder politico decide mal. E a maior parte das vezes decide.
E o que são 400 inquiridos num país de 10 milhões?

A opção dos submarinos foi criticada por ser cara e mais uma vez não vir ninguém a público dar a cara... podiam muito bem vir a público dizer "esta aquisição é estratégica para Portugal, reconhecemos que pesa muito no bolso dos portugueses, foi uma escolha do grupo X, e terá as seguintes mais valias...", mas para variar ninguém aparece, deixam a batata quente para os políticos resolver (apesar do lobbie e interesse ser dos militares) e agora sabe-se que pelo menos um militar também estava envolvido nas luvas...(nenhum militar se desmarcou desta acção, o militar em questão não foi despromovido, basicamente para quem está de fora assume que todos são iguais e complacentes com o crime). Por outro lado haverá sempre a questão eterna será que compensa mais investir em 2 submarinos em vez de outro tipo de navios? Mais uma vez as universidades não se meteram, nem foram questionadas sobre o custo beneficio da coisa, provavelmente um dia destes será revelado que o investimento não compensava... como já costuma ser.
Lembro-me perfeitamente de quando saiu a noticia da ZEE, mas depois disso pouco mais se falou. Será somente culpa dos media?
Sabemos algo mais sobre os gastos politicos. É verdade sim senhora, mas e o que não sabemos? E qual a repercusão que esta "transparência" tem na sociedade civil? Sejamos claros, se não existisse austeridade não haveria contestação ao poder politico, manifestações, cartazes, assobios ou apupos. Seria tudo igual, beijos e abraços, bandeiras e palmadinhas nas costas e o voto nos mesmos no dia das eleições. Muito menos se falaria de reforma militar ou não sejamos uma nação "conservadora".
Consideraria a critica politica "uma forma errada de ver as coisas" e "um olhar para o que os outros fazem" se não fosse o poder politico a decidir sobre quase tudo o que é militar. Mas são os politicos que têm "a ultima palavra" , os mesmos politicos que falam de reformas mas não apresentam uma linha reformista com principio, meio e fim. É vender, cortar, poupar, embargar... Corrijam-me se estiver errado mas fez sentido vender 9 a 12 f-16 e aumentar as competencias da FAP no ambito do policiamento aéreo? Qual a lógica de a NATO ter praticamente os mesmos aviões e a maioria dos paises manter uma estrutura de treino também equipada com os mesmo aparelhos? Apresente o poder politico soluções concretas e lógicas em vez de ter um ministro que fala de "navios oceânicos" (não sei ao que homem se referia mas deveriam ser navios oceanográficos).
Mas não te esqueças que quem decide provas de selecção, tipo de instrução, código de conduta etc não são os políticos. Existe um orçamento o qual é gerido por militares, lembro-me que antigamente havia marketing na tv, especialmente na RTP 2, agora nem isso! Desde que acabou o SMO os militares lavaram as mãos.
A contestação e desconfiança politica sempre existiram, basta olhar para a função pública, essa manifestou-se sempre. E no sector privado há muito que há desgosto sobre os políticos só não era tão comum e ainda não é virem a publico, porque muitas das manifestações que assistimos estão na mesma muitos funcionários públicos e familiares, reformados, seguindo-se em menor percentagem desempregados e funcionários do privado
Qual é a lógica de Portugal ter que seguir um exercito tradicional, com altos custos ou ter que seguir de forma intransigente o que os outros países da NATO têm ou deixam de ter? Curiosamente ficam preocupados no que toca a equipamento "eles têm e nós não", mas quando se trata de falar sobre a estrutura, em que há organizações mais bem estruturadas, aí já nenhum generaleco fala, é sempre um assunto omisso.
E os politicos não mudam, mudam sim as suas funções pois as caras são sempre as mesmas. Seja na Assembleia da Républica, no partido, no instituto, na empresa publica ou com capitais publicos, verdadeiros "filões de ouro" para uma reforma churuda e vitalicia ao fim de uma duzia de anos de trabalho. Visitem a AR, Belem, ou a sede de alguns partidos politicos e comparem com as condições dos quarteis ou das bases aéreas. Talvez assim seja comprensivel que tem de se cortar onde se gasta mais e não onde é mais facil, bem como se compreenda e aceite a posição defendida pelo General Loureiro dos Santos no video em questão.
O orçamento da defesa é de longe bem superior ao orçamento da AR. Se é para se cortar onde se gasta mais é simples, é cortar na Segurança Social pois é aí que a maioria do $ está a ser gasto: reformas, abonos, subsídios etc.
O que me parece é que o generaleco quer manter uma força tradicional com 3 ramos independentes e bem definidos, cada um com os seus serviços, sem qualquer interoperabilidade, tal como foi até hoje. Mas não diz onde é que quer ir buscar $, porque não lhe convém dizer "cortem na segurança social".
Todos os sectores foram alvos de cortes e a Defesa continuará a ser, o grande problema é que se corta sempre nos mesmos e nunca onde devia ser, desta vez está-lhes a doer mais porque começou afectar o pessoal do quadro superior e como dizia o outro senhor "já não dá para as despesas...".
Neste fórum não faltam propostas onde poderiam ser feitos os cortes e reduções, as mesmas não ocorrem por algum motivo é, não me parece que seja preciso ser-se uma mente brilhante para perceber dentro da Defesa onde é que há dinheiro a ser torrado e onde é que ele faz falta.