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Forças Armadas e Sistemas de Armas => Força Aérea Portuguesa => Tópico iniciado por: papatango em Fevereiro 22, 2005, 06:15:13 pm
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Pensando na questão do update dos caças F-16A/B da FAP e a sua transformação em F-16AM/BM, e considerando ainda que, estes aviões adquirem capacidades muito superiores, Portugal podería, por exemplo, (num cenário descabelado) deslocar aviões F-16 para Cabo Verde, se fosse necessário efectuar qualquer tipo de operação na Guiné-Bissau?
Fico na dúvida sobre a viabilidade de utilizar livremente os meios disponíveis.
Cumprimentos
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Podemos.
É uma questão muito interessante que, como todas as questões relativas a assuntos militares, se sobrepõe em 2 dimensõs.
Por um lado a teoria e a capacidade militar de efectuar a missão, e por outro a capacidade política.
Não tenho dúvidas que se o poder político fosse favorável a tal operação, ela fosse possível. Desde que Cabo-Verde possuísse as instalações básicas necessárias ( uma pista em condições e alguns weather-shelters ) a operação não iria diferir em muito dos destacamentos portugueses nos NATO Air Meets por exemplo. Caso essas instalações não existam também é possível que a engenharia - com o devido intervalo temporal prévio - as crie.
Claro que estaríamos a falar de um destacamento de, máximo dos máximos, uma dúzia de aeronaves que já representaria um custo diário de algumas dezenas de milhares de euros.
Lá no fundo tudo se resume à vontade política e disponibilidade económica existente. Com dinheiro tudo é possível.
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Bom, eu estou a pensar não em 10 aeronaves, mas sim em duas ou três. A verdade, é que este tipo de avião pode ser determinante em termos de estabelecer a superioridade aérea.
Não existe nada na região que lhe possa fazer frente.
Em Cabo Verde, no Sal, está um aeroporto internacional capaz de receber Boeing-747 e os aeroporto da Cidade da Praia, foi recentemente aumentado. Acho que pode receber o Boeing-757.
A outra questão, naturalmente, prende-se com a distância entre as ilhas e o espaço aéreo da Guiné-Bissau. Creio que ainda é uma viagem de quase uma hora, em vôo comercial, entre Bissau e o Sal.
Provavelmente 2 ou 3 seria muito pouco. no entanto, sería sempre uma posição politica que demonstrasse vontade. Como em todas as coisas, o que conta não é se se vai utilizar um equipamento, é se se mostra estar na disponibilidade de o utilizar.
(É aliás por isso que acho que deveríamos optar por uma marinha contra-torpedeiros e NPO/Corvetas)
Cumprimentos
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Eu ponho a questão noutros termos. Teríamos autorização dos EUA para utilizarmos os aviões fora do contexto da OTAN? E se sim, com todo o armamento disponível? Nomeadamente os AMRAAM?
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Eu ponho a questão noutros termos. Teríamos autorização dos EUA para utilizarmos os aviões fora do contexto da OTAN? E se sim, com todo o armamento disponível? Nomeadamente os AMRAAM?
Os EUA não têm qualquer poder sobre a utilização dos F-16 nacionais, ao contrário do que se passou na década de 1960 com os F-86 estacionados em Bissau. Os F-86 tinham sido entregues como ajuda NATO, e, como tal, estariam condicionados a missões relacionadas com o interesse da Aliança Atlântica ( e não EUA ).
Os F-16s não sofrem da mesma restrição embora a 2ª esquadra, e parte da 1ª ( os EUA pagaram uma percentagem por avião no programa Peace Atlantis I ) tenham sido fornecidas como "contrapartida" pelo uso da base aérea das Lajes.
Um abraço,
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A repetição da História
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Fazem 20 anos.
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O que é que se repete? As dúvidas sem nexo relativamente à liberdade de usar caças em combate? Como se tivéssemos total liberdade de usar uns Typhoon/Rafale/Gripen/ou qualquer outro modelo, onde bem nos apetece.
Existe esta narrativa de que "os EUA não nos vão deixar usar os F-16 contra os seus interesses", como se o mesmo não se aplicasse a usarmos Rafale contra interesses franceses, ou Gripens contra interesses suecos, ou Typhoon contra interesses alemães/italianos/britânicos/espanhóis.
Engraçado que a mesma preocupação não invocam para os Super Tucano, provenientes de um país que se comporta como um vira casacas, e que tem uma política externa inconsistente.
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Quando se vende um caça ( ou outro material ) existem clausulas de utilização . É assim para qualquer material ! Por essa razão , a França produz de tudo, desde o porta-aviões nuclear aos satélites de rens.
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E mesmo a França, se resolver atacar um país que não deve, vai levar tau-tau (sanções) e tau-tau (porrada) de terceiros.
Hoje, a França produz muito do que é seu, mas devido aos custos do material militar (e do seu desenvolvimento), cada vez mais procura parceiros internacionais para os seus programas.
Se nem os EUA nem a China são verdadeiramente independentes, não é a França que o vai ser, e muito menos será Portugal.
Por isso é que para países como Portugal, é importante diversificar os fornecedores, neste caso de equipamento militar. Porque se hoje temos Trump nos EUA, nada nos garante que um dia não haja um "Trump francês" a fazer a mesma porcaria.
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Quem da tau-tau nos americanos?
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Quem da tau-tau nos americanos?
A Europa, se apostar no reforço da sua indústria e deixar de comprar aos cámones.....
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Quem da tau-tau nos americanos?
A Europa, se apostar no reforço da sua indústria e deixar de comprar aos cámones.....
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Quem da tau-tau nos americanos?
A Europa, se apostar no reforço da sua indústria e deixar de comprar aos cámones.....
A pergunta não era bem para ti... 🤣😉
Mas estou de acordo.
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Quem da tau-tau nos americanos?
Os próprios, através da falta de popularidade de certos conflitos, que afectam as eleições. Ao contrário das restantes potências, em que o líder supremo decide, e o povo tem que comer e calar.
De resto, ninguém inicia uma guerra de larga escala e sai verdadeiramente impune. E no tema a ser realmente discutido, nenhuma opção de caça que possamos escolher, poderá ser usado onde bem entendermos, havendo sempre contextos em que quem nos vendeu o avião pode não aprovar a sua utilização.
Basta ver isto:
https://www.amnesty.org/en/latest/news/2024/11/sudan-french-manufactured-weapons-system-identified-in-conflict-new-investigation/ (https://www.amnesty.org/en/latest/news/2024/11/sudan-french-manufactured-weapons-system-identified-in-conflict-new-investigation/)
Se houve drama por causa de um sistema defensivo de origem francesa, alguém acha que não haveria problema algum em usar Rafales contra os interesses de França, ou em violação de algum direito internacional?
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Obviamente que sim.
Só que aparentemente a Europa está a perceber (finalmente) que tem de contar consigo própria para se defender e aos seus interesses.
E nesse ponto até dou toda a razão ao Trump.
Só que Portugal, nesta altura, tem de decidir com quem anda.
Onde é que eu já li isto? Durante anos?
Voltando a Portugal, ou somos europeus, ou americanos. Ou CPLP's? Ou sul-americanos? Ou o que nos der mais jeito e vantagens.
Porque fiéis, ao que parece, só os cães e o bacalhau...
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Portugal não tem que "decidir com quem anda". Portugal tem que fazer compras inteligentes para a Defesa, de forma a que não dependa de um só fornecedor para tudo.
Com isto (e para dar exemplos), Portugal podia operar um caça americano, submarinos alemães, um futuro MPA e artilharia AP francesa, um UCAV multinacional europeu, 4x4 blindado espanhol, NRE+ turcos, fragatas holandesas e por aí fora. Esta é uma solução equilibrada, mas há malta a querer ver problemas nisso, só porque sim.
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Temos submarinos alemães, KC e ST brasileiros, CAESAR franceses, PNM holandês, Reabastecedores Turcos, NPO e NPC português, Fragatas europeias e as próximas provavelmente também, Misseis americanos, PANDUR austríacos, F16 americano, Leopard's alemães/holandeses...
Até nem estamos mal.
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falta ter CV-90 e CB-90 suecos.
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Temos submarinos alemães, KC e ST brasileiros, CAESAR franceses, PNM holandês, Reabastecedores Turcos, NPO e NPC português, Fragatas europeias e as próximas provavelmente também, Misseis americanos, PANDUR austríacos, F16 americano, Leopard's alemães/holandeses...
Até nem estamos mal.
Daí não fazer sentido tanta dramatização em torno do material americano ou não americano. Existem N produtos de Defesa que podemos adquirir de diversos fornecedores, logo a FAP vir a escolher o F-35, não é drama nenhum. Se é para adquirir equipamento americano invariavelmente, que sejam caças, mediante os custos potencialmente elevadíssimos do FCAS e GCAP, sendo o caça da LM a opção mais lógica.
Não faltam outros programas onde podemos adquirir material de outras origens.
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Do que tenho lido, e é sempre coisas faladas de forma superficial pois dificilmente as alíneas de um acordo/contrato (normalmente feito entre países e não entre pais->empresa) destes saem cá para fora, a utilização interna (dentro território) ou para defesa territorial está livre, depois existe algumas para utilização do exterior, aqui depende de situação para situação, e temos vários exemplos que muitas vezes existe a proibição a uma determinada area geográfica ou outras condições. Existem normalmente ainda condições a revendas dos equipamentos, carecendo de autorização.
É claro que nos casos dos caças podemos até ter um caça sem qualquer condição prévia de utilização, mas dada a complexidade do meio e caso a sua utilização vá contra os interesses do país original este pode sempre bloquear e/ou sancionar a venda de partes de substituição ou de atualizações de software, ou até de armamento para o avião, e dada a complexidade dos aviões modernos torna-se difícil contornar a médio/longo prazo este problema (normalmente recorre-se a canibalização da frota).
Por isso é que certos países participam em projetos de desenvolvimento do meio (algo diferente de comprar o meio depois), pois dependendo da fatia de financiamento muitas vezes ficam com acesso a tudo (projetos peças, software, moldes, ...) do avião desenvolvido, isto permite serem independentes no futuro caso existe uma interrupção nas linhas logísticas (desentendimento com pais x que produzia componente y do avião) do avião por algum motivo.
PS: Normalmente, e isto na marinha alguns dos meios (estou a lembrar do Trator de Mar, e acho que a Bimby tb tinha isso) que vão a concurso uma das clausulas é a propriedade para a marinha de todos os componentes (projetos, moldes, ...) necessários à produção do meio.
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E mesmo essa independência, de um país ser capaz de produzir a totalidade das peças para o seu caça, é algo que muito poucos países conseguem fazer. Num país como o nosso, que nunca vai adquirir grandes quantidades de caças, é difícil justificar o investimento na capacidade de produção das ditas peças, para uma frota que dificilmente ultrapassará as 30 unidades.
É sim muito mais prático diversificar os fornecedores de diversos equipamentos, e também de munições para os diversos meios. Isto permite que, perante um cenário em que possam existir condicionantes geopolíticas que impeçam a utilização do meio X para a missão Y, tu tenhas outro meio, de outro fornecedor, que te consiga desenrascar nessa missão.
Isto funciona tanto para limitar o peso das condicionantes geopolíticas, como para não estarmos tão sujeitos às possíveis limitações que um determinado fornecedor possa ter para entregar peças a tempo para o teu meio, ou para fornecer determinadas munições. Isto também te dá versatilidade na resposta a diferentes tipos de adversários, com diferentes capacidades.