Portugueses preferem férias a investir no Brasil
Portugal ocupa a sexta posição dos países com mais turistas em terras do Brasil e ocupa o 45º lugar como exportador. O investimento fica em 839,5 milhões de euros.
Brasil é uma verdadeira terra de oportunidades para os empresários portugueses. Multiplicam-se os exemplos de empresas portuguesas no país de Dilma Rousseff, mas as empresas brasileiras também começam a olhar para Portugal como uma excelente porta de entrada para o mercado Europeu. E o fraco crescimento económico da Europa e a relação privilegiada entre os dois países, sejam elas históricas ou culturais, potenciam esse mesmo reforço económico.
Mas, nem tudo está a correr de feição para o lado português. Para já os portugueses preferem fazer férias do que exportar ou investir no Brasil. Esta é um das principais conclusões que se podem retirar quando olhamos para os indicadores económicos que definem as relações bilaterais entre Portugal e o Brasil. Senão, vejamos. Portugal ocupa o 45º lugar como exportador e, quando falamos sobre investimento, concretamente o líquido (investimento menos o desinvestimento) fixou-se num montante um pouco acima dos 839,5 milhões de euros em 2010. E quanto a destino turístico Portugal ocupa a sexta posição dos países com mais turistas a visitar as terras de Vera Cruz.
Olhemos então para os números. Segundo o World Investment Report 2010, verifica-se uma tendência de crescimento dos valores globais de Investimento Directo Externo (IDE) no Brasil a partir de 2005, tendo registado um aumento de 30% em 2008. Isso permitiu ao país passar de uma quota de 1,3% do total IDE mundial em 2006 para uma quota de 2,7% em 2008. Um resultado que representa um montante que ascende a 45,1 mil milhões de dólares e que colocou o Brasil na 14ª posição no ‘ranking' de países que mais receberam IDE em 2009. Refira-se ainda que, de acordo com os dados publicados pelo Banco de Portugal, o Brasil, depois de ter sido o primeiro mercado de destino do investimento português em finais da década de 90 e início de 2000, apresentou períodos com ligeiras oscilações. Entre 2006-2010, o Brasil nunca desceu abaixo da 5ª posição (só registada em 2009) como país receptor de investimento, e evoluiu para o 3º mercado nos anos de 2006 e 2007 para voltar a cair um lugar (4º mercado) nos anos de 2008 e de 2010. Um resultado também muito conseguido por alguns investimentos turísticos portugueses no Brasil que tem como estratégia empresarial conquistar mais turistas lusos para aquele país. Investidores portugueses como o Grupo Vila Galé, Grupo Espírito Santo, Grupo Pestana, Dorisol, Oásis Atlântico, João Vaz Guedes, o Aquiraz Golf & Beach Villas no Ceará, como "o maior empreendimento turístico português", englobando oito hotéis, o Grupo Dom Pedro e a Solverde.
A par destes investimentos, temos a hidroeléctrica de Peixe Angical (no Estado do Tocantins) cuja construção foi da responsabilidade da EDP Energias do Brasil em parceria com a estatal Furnas, a par de outros investimentos da EDP e da Galp.
Trocas comerciais entre Portugal e Brasil
Também aqui os dados apontam para verdadeiras montanhas russas, sobretudo quando avaliamos a posição do Brasil como cliente de Portugal. Vejamos então por partes. Apesar do resultado positivo conseguido em 2010 com uma melhoria de quatro pontos no respectivo ranking (10ª posição), quando comparado com 2006 (14ª), os montantes das trocas comerciais entre os dois países têm pouca expressão. E quem o diz é a própria AICEP: "os fluxos comerciais envolvem valores relativamente baixos (sobretudo no caso das exportações nacionais)". Trocas comerciais que apresentam uma característica: estão muito concentradas numa gama reduzida de produtos (produtos agrícolas, máquinas e aparelhos, minerais e minérios, produtos alimentares e metais comuns que, no seu conjunto, representaram 80,4% das vendas para este mercado) e apresentam um baixo índice de coincidência entre si. Em 2009, contaram-se 1.089 empresas a exportar para o Brasil, enquanto em 2005 foram 1.032, segundo o levantamento realizado pela agência de promoção do investimento (AICEP).
Em relação à emissão de turistas portugueses para o Brasil, e segundo o Ministério do Turismo daquele país, Portugal posicionou-se como mercado emissor em 6º lugar, em 2008 (depois da Argentina, EUA, Itália, Alemanha e Chile), com 222.558 turistas (4,4%), contra o 3º lugar que ocupou em 2007, ano em que foi responsável por 280.438 turistas (5,6%), embora o número total de turistas que visitaram o Brasil em 2008, ao contrário do registado a nível geral, tenha subido cerca de 0,5%, face a 2007.
Diário Económico