Eu também sou daqueles que tem alguma dificuldade em compreender este fascínio pelo armamento russo. Deve ser mesmo a atracção do desconhecido, ou neste caso talvez seja melhor dizer a atracção do abismo...
Esses equipamentos já deram provas de que são inequivocamente melhores do que os sistemas ocidentais ou israelitas, por exemplo? Se sim, onde e quando?
Mas ainda que o fossem, e isso está por provar, a questão nem é essa.
Comprar armamento não é a mesma coisa que construír uma estrada, um hotel ou qualquer outro tipo de equipamento.
Nós podemos por exemplo, contratar a construção de uma estrada ou auto-estrada com qualquer país, mesmo a Rússia ou a China e isso em nada afecta a nossa segurança. Eles constróiem, nós pagamos, eles vão-se embora e a vida continua.
Com o armamento não é assim. Armamento tem a ver com segurança e soberania. Armamento só se compra a estados aliados ou em que se deposite confiança.
Acontece que, logo por azar, a Rússia é o potencial inimigo da NATO, e por consequência de Portugal. Posto isto porque não se compra armamento russo?
- Porque isso impediria a coordenação das FA's portuguesas com outros países da NATO. Logo um dos principais objectivos da nossa politica de defesa caía pela base.
- Porque em caso de crise e/ou conflito, obviamente que a Rússia nos iria fechar a torneira de substituição de equipamentos, peças, e munições, ficando país de facto desarmado.
Nenhum estado responsável compra armamento como quem vai ao supermercado, e só lhe interessa comprar o que mais lhe convém. Alguns estados podenm fazer isso, mas esses casos são de estados falhados ou estados párias.
E não serve apontar como exemplo a Grécia. A Grécia é um país que do ponto de vista civilizacional e cultural faz parte do mundo ortodoxo, tal como a Rússia e a Sérvia. A Grécia entrou na NATO para se proteger de dos perigos.
1º Do comunismo, no tempo da cortina de ferro.
1º Da Turquia sua inimiga de sempre, e que representa, uma outra cultura, civilização e religião, o que faz dela uma ameaça MUITO séria.
Agora que o 1º dos perigos se esfumou, a Grécia mantém-se na NATO unicamente pelo medo que a Turquia lhe inspira, mas isso não impede que cada vez seja maior e mais forte a sua aproximação à Rússia. Afinal essa é a sua verdadeira vocação.