O exército da GNR

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papatango

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O exército da GNR
« em: Março 21, 2007, 09:32:40 pm »
Numa entrevista dada ao «Jornal das Nove» do canal SIC-Notícias o Ministro da Defesa, foi perguntado sobre se a defesa territorial deverá passar a ser uma função da GNR, passando o exército a ser uma força essencialmente expedicionaria, mais apostada na projecção de força.

Isto faz-me lembrar algumas das nossas discussões sobre a defesa do território, a capacidade das nossas forças de rechassarem uma invasão directa ao nosso território.

Se houver intenção de de facto aumentar a capacidade militar da GNR, teriamos aqui uma das soluções para o que temos vindo a falar no fórum.

A defesa do território, pode ser essencialmente garantida por uma GNR que funciona como policia e em caso de conflito externo como força regular.

Poderia a GNR ser uma força equipada com unidades com força e capacidade suficientes para dissuadir eventuais forças exteriores?

Poderá o exército ter capacidade para apoiar a GNR em acções de defesa do país ?

Poderá a GNR com a sua actual estrutura ter capacidade para dar formação adicional aos seus militares para que tenham capacidade para utilizar por exemplo armamento anti-tanque e armas de calibres mais pequenos?

Que armamentos deveriam ser distribuidos à GNR, de forma a que a força tivesse capacidade militar ?
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Luso

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« Responder #1 em: Março 21, 2007, 09:39:31 pm »
Mais uma ideia americana. Qualquer dia também iremos falar de "posse comitatus". Mas nada de espantar. Aliás começo a ter material para conjecturar sobre os princípios de base deste senhor.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Artic Fusion

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« Responder #2 em: Março 21, 2007, 10:07:03 pm »
Parece-me uma boa ideia...mas o efectivo da Guarda deveria ser aumentado...mais um ou dois regimentos... a formação tinha de ser mudada para a GNR estar preparada para combate puro...
 

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Get_It

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« Responder #3 em: Março 21, 2007, 10:09:04 pm »
Se a defesa territorial passa a ser uma função da GNR, passando o exército a ser uma força expedicionária, então a GNR também teria de ficar com a missão de carácter de protecção civil que o exército agora tem - ao género da Guarda Nacional norte-americana. Ou estarei eu a pensar erradamente que depois o exército vai perder grande parte dos seus meios para a GNR?

Cumprimentos,
:snip: :snip: :Tanque:
 

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Pedro Monteiro

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« Responder #4 em: Março 21, 2007, 10:12:49 pm »
Para os mais distraídos, o Ministro da Defesa reafirmou o que está escrito na Constituição: a defesa militar da República cabe às Forças Armadas. Não está pois em causa o papel das Forças Armadas a nível interno a par com a sua, mais recente, vocação externa.

A mim parece-me que existe aqui uma falsa questão motivada, em parte, pelas declarações do Ministro da Administração Interna (que quis tentar justificar a não extinção, pelo menos a curto prazo, da GNR) e de movimentações dentro da GNR para assegurar um conjunto de missões que justifiquem a sua existência. Com a reforma das forças de segurança que está "em cima da mesa", a GNR terá, seguramente, um problema de identidade...

Nas Forças Armadas julgo que houve sobretudo uma intenção, com as declarações do CEMGFA, de reafirmar a sua missão e papel a nível interno. A defesa militar - numa situação de conflito real - pela GNR não é execuível. Aliás, a surgir essa situação - improvável -, a não intervenção das Forças Armadas seria, julgo, suícida para o futuro da instituição castrense.

Cumprimentos,
Pedro Monteiro
« Última modificação: Março 21, 2007, 10:18:59 pm por Pedro Monteiro »
 

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papatango

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« Responder #5 em: Março 21, 2007, 10:15:22 pm »
Efectivo aumentado ?
Combate puro ?

Creio que para a defesa territorial efectiva, o que é necessário é uma força medianamente treinada, com capacidade de resistência.

Basicamente é a força armada com forças ligeiras, que conhece muito bem o terreno e que pode ter capacidade para atrasar e complicar qualquer progressão no território.

O exército não deixará de ter veículos pesados, de ser a força mais bem armada e tecnologicamente avançada, mas grande parte da capacidade de defesa estaria nas mãos da GNR.

Alguns veículos mais pesados,  armamento como lança granadas de 40mm, canhões de 30mm e meios anti-tanque como mísseis antitanque, que hoje em dia podem ser disparados por pessoas sem uma grande capacidade ou treino militar.

A ideia base, segundo creio, é dar à GNR capacidade de lutar, caso seja necessário, dando-lhe algum treino para operar armas, sem que isso implique transformar a GNR numa força militar convencional.

Ou seja: A GNR não teria artilharia autopropulsada, tanques ou Veículos de Combate de Infantaria.

Este tipo de configuração, seria de facto (se funcionasse) algo extremamente eficiente, porque permitiria às unidades do exército uma liberdade de movimentos considerável, enquanto a GNR atrasava qualquer evolução de tropas adversárias.

Quanto ao exército expedicionário, ele não estaria sempre na situação de "expedição".
« Última modificação: Março 21, 2007, 10:19:59 pm por papatango »
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Pedro Monteiro

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« Responder #6 em: Março 21, 2007, 10:18:17 pm »
Citação de: "papatango"
A iedia base, segundo creio, é dar à GNR capacidade de lutar, caso seja necessário, dando-lhe algum treino para operar armas, sem que isso implique transformar a GNR numa força militar convencional.

Lamento dizer mas o que descreve são os moldes em que a GNR seria empregue, segundo o actual modelo, em caso de conflito no território nacional. Daí a sua natureza para-militar. Tudo o resto não é execuível para uma força para-militar. Transformar a GNR numa unidade de infantaria ligeira será apenas duplicar meios face ao que já existe no Exército. E, de resto, a nível interno, e em tempo de paz, tais forças teriam uma utilidade mínima. Mas em tempos desesperados...  :?

Cumprimentos,
Pedro Monteiro
 

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Artic Fusion

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« Responder #7 em: Março 21, 2007, 10:20:43 pm »
Citação de: "papatango"
Efectivo aumentado ?

Então? Portugal é pequeno, mas um regimento de infantaria (BO) não acha que é muito pouco?

Citar
Combate puro ?

Sim, uma coisa são intervenções policiais outra coisa é combate entre forças militares.

Citar
Ou seja: A GNR não teria artilharia autopropulsada, tanques ou Veículos de Combate de Infantaria.


Mas o regimento de cavalaria não possui Xaimites?
 

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Luso

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« Responder #8 em: Março 21, 2007, 10:29:34 pm »
Citar
Transformar a GNR numa unidade de infantaria ligeira será apenas duplicar meios face ao que já existe no Exército.


Exactamente o meu raciocínio.
Se querem reformar, então que se definam bem as coisas. A Polícia é uma coisa e o Exército é outra. Ponto final. PSP e Exército. A GNR afinal provém da necessidade do Republicanismo caceteiro de ter uma força armada que lhe desse pela força a legitimidade que nunca teve. Entretanto a coisa evoluiu para uma força de segurança... "rural".
Julgo que a ideia do PT passa pelo tentativa de querer fazer mais com o que há, mas por isso é que se cairia na situação de perdas de economias de escala e da tal duplicação de meios.

Preferiria abordar o conceito de "milícia" ou de reservistas treinados.
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papatango

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« Responder #9 em: Março 21, 2007, 10:29:49 pm »
Citação de: "Pedro Monteiro"
Lamento dizer mas o que descreve são os moldes em que a GNR seria empregue, segundo o actual modelo, em caso de conflito no território nacional. Daí a sua natureza para-militar. Tudo o resto não é execuível para uma força para-militar. Transformar a GNR numa unidade de infantaria ligeira será apenas duplicar meios face ao que já existe no Exército. E, de resto, a nível interno, e em tempo de paz, tais forças teriam uma utilidade mínima. Mas em tempos desesperados...


Bom.
Os moldes actuais são os que são, mas os meios também são os que são.
O ministro não poderia fazer outra coisa que não fosse reafirmar o que está escrito na Constituição.

A GNR, já foi a principal força armada portuguesa, a primeira a ter carros blindados e com um efectivo 100% profissional.
A GNR, foi o primeiro exército profissional português, e muitos dos problemas de adaptação que o actual exército está a ter, já a GNR conhece e resolveu há décadas.

A utilização da GNR em caso de necessidade, é algo de lógico e não uma utilização consequência de desespero.

A questão com a GNR, tem a ver com a pressão para a transformar numa força civil e não numa força militar.

A GNR, mesmo hoje, tem provavelmente em termos de capacidade efectiva de defesa mais operacionalidade que o exército.
Isto se pensarmos numa defesa baseada na resistência em pequenos grupos e nucleos, que reconhece a sua incapacidade para enfrentar forças muito superiores, mas que utiliza o seu conhecimento do terreno como vantagem táctica.

Em caso de conflito, o exército não aguentaria mais que 72 horas. Mas alguém acredita que seria possível desarticular a estrutura da GNR em 72 horas?

Não se trata de a GNR fazer o papel do exército. Trata-se de armar e adequar os meios humanos da GNR para que estes possam ser responsáveis pela defesa territorial.

Isto não retira ao exército essa prerrogativa, apenas complementa as capaciadades do exército, que deve ser transformado numa força relativamente pequena, mas extremamente bem armada e móvel.

É o tal exército com um efectivo entre 12 000 e 18 000 homens de que já falámos há tempos, complementado por uma força operacional da GNR, com 10 000 a 15 000 com capacidade para pegar em armamentos modernos.
« Última modificação: Março 21, 2007, 10:32:07 pm por papatango »
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Lightning

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« Responder #10 em: Março 21, 2007, 10:31:41 pm »
A GNR é uma força que cada vez me espanta mais, tem operações especiais, unidade de intervenção, força maritima (guarda fiscal), bombeiros (GIPS), tem mergulhadores, vai ter pilotos nos helicopteros do MAI, cumpre missões no estrangeiro de caracter militar  como o Iraque, talvez o melhor seja acabar com as forças militares e por a GNR a fazer tudo... (ironia)... :evil:
 

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Luso

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« Responder #11 em: Março 21, 2007, 10:37:53 pm »
Citação de: "Lightning"
A GNR é uma força que cada vez me espanta mais, tem operações especiais, unidade de intervenção, força maritima (guarda fiscal), bombeiros (GIPS), tem mergulhadores, vai ter pilotos nos helicopteros do MAI, cumpre missões no estrangeiro de caracter militar  como o Iraque, talvez o melhor seja acabar com as forças militares e por a GNR a fazer tudo... (ironia)... :evil:


Daí o o meu comentário inicial. São conhecida as apologias que o actual MDN faz dos caceteiros republicanos (1.ª República). Ora isso implica a aceitação da ideia de uma Guarda Pretoriana. E por aquilo que vejo da prática do "governo", veja-se a concentração de poderes no PM ao nível da administração interna, ao que se junta a constestação dos militares e da população, mais a obsolescência quase premeditada das FA, então...
Paranóia, talvez mas não tenho errado muito.
« Última modificação: Março 21, 2007, 10:38:56 pm por Luso »
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Artic Fusion

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« Responder #12 em: Março 21, 2007, 10:38:52 pm »
Citação de: "Lightning"
talvez o melhor seja acabar com as forças militares e por a GNR a fazer tudo... (ironia)... :twisted:
 

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Luso

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« Responder #13 em: Março 21, 2007, 10:40:23 pm »
Citação de: "Artic Fusion"
Citação de: "Lightning"
talvez o melhor seja acabar com as forças militares e por a GNR a fazer tudo... (ironia)... :twisted:


E na abordagem aos navios: "- Carta de condução e os documentos da biatura..."
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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papatango

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« Responder #14 em: Março 21, 2007, 10:51:23 pm »
Citação de: "Luso"
São conhecida as apologias que o actual MDN faz dos caceteiros republicanos (1.ª República). Ora isso implica a aceitação da ideia de uma Guarda Pretoriana. E por aquilo que vejo da prática do "governo", veja-se a concentração de poderes no PM ao nível da administração interna, ao que se junta a constestação dos militares e da população, mais a obsolescência quase premeditada das FA, então...


Bom, não foi o governo ou o actual ministro que transformou as F.A. numa estrutura obsoleta.
A questão é que para a tornar numa estrutura moderna, caímos nos mesmos problemas e questões de que já falámos neste fórum.

Considerando a estrutura que se prevê para as forças armadas, com três brigadas, que serão o nucleo operacional das forças, há unidades que não fazem sentido e o total de efectivos do exército é pura e simplesmente demasiado grande.

Mesmo que cada uma das nossas três principais brigadas tenha 6.000 homens, considerando já apoio e logística, mesmo assim temos demasiada tropa para o exército que pretendemos ter.

A ideia de unidades militares de segunda linha (de infantaria) - sejam ou não sejam apenas unidades de papel - que "ficam" por aí sem grande utilidade e serventia é uma ideia que ficou dos planos militares do pós segunda-guerra mundial e que se justifica se houver Serviço Militar Obrigatório.

Com o SMO, o país podia ter uma estrutura que se baseava em parte na existência de unidades com custos de pessoal relativamente reduzidos, que podiam ser "unidades de defesa territorial".

Hoje, isso não é possível.
Por isso tentar utilizar forças como a GNR, dando-lhes formação e armamento e incluindo-as de forma efectiva e coordenada na estrutura de defesa nacional, permite ter essas forças de defesa territorial, com uma diferença: Não ficam parados a ouvir a erva crescer.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...