Tzipi Livni quer formar governo o mais rapidamente possível
A nova líder do partido maioritário Kadima e ministra dos Negócios Estrangeiros de Israel, Tzipi Livni, manifestou hoje a intenção de formar um governo «o mais rápido possível».
No entanto, a tarefa será complicada devido à vitória apertada que obteve sobre o ministro dos Transportes, Shaul Mofaz, nas primárias do Kadima (centro) e pelas fortes resistências que enfrenta entre os membros da actual coligação no governo.
Quando o primeiro-ministro Ehud Olmert renunciar ao cargo, Livni terá um prazo de 42 dias para formar uma nova maioria. Caso contrário, eleições antecipadas podem ser convocadas num prazo de 90 dias.
A nova líder do Kadima conta com a sua popularidade e a reputação de mulher de sucesso baseada A seu favor está também o facto de não estar envolvida em nenhum dos escândalos de corrupção que obrigaram Olmert a prometer renunciar à chefia de Governo.
«Se Tzipi Livni ganhou foi porque, fundamentalmente, a opinião pública aspira outro tipo de dirigente», afirma o jornal Yediot Aharonot.
«A partir de amanhã vou começar a reunir-me com os representantes de outros partidos na Knesset (Parlamento unicameral) para formar o mais rapidamente possível uma nova coligação estável face aos graves desafios que Israel tem pela frente», declarou Livni quarta-feira à noite.
Entre os desafios estão as ameaças externas à segurança de Israel, a necessidade de explorar as possibilidades de obter progressos no processo de paz com os palestinianos e as incertezas económicas provocadas pela crise económica mundial.
Em Gaza, o grupo radical Hamas (Movimento de Resistência Islâmica) reagiu à vitória de Livni afirmando, em comunicado, que a eleição significaria «a continuação da mesma política de repressão e agressão contra o povo palestiniano exercida pelos dirigentes sionistas que a precederam».
Já a Autoridade Palestiniana, através do negociador Saeb Erakat, manifestou esperança no início de negociações de paz «sérias».
Livni apelou à «união» no seio do Kadima, depois da batalha interna pelo poder. O seu rival, Shaul Mofaz, e Olmert à nova líder para a felicitar pela vitória.
A ministra dos Negócios Estrangeiros, considerada uma pragmática, venceu por apenas 431 votos, com 43,1% dos votos, contra 42% de Mofaz, que é considerado um «falcão».
Eli Yishai, vice-primeiro-ministro e líder do partido ultraortodoxo Shass, do qual depende a futura coligação, já impôs condições para que o seu partido integre um governo dirigido por Livni.
Yishai exigiu que o governo «rejeite qualquer negociação sobre o futuro de Jerusalém». O futuro estatuto da área oriental da cidade, anexado por Israel em 1967, constitui um dos principais obstáculos nas conversas com os palestinianos.
O êxito de Livni não garante à ministra dos Negócios Estrangeiros o cargo de primeira-ministra em substituição de Olmert, que anunciou a intenção de renunciar depois da eleição do seu sucessor na direcção do partido, criado em 2005 por Ariel Sharon.
Olmert, suspeito em vários casos de corrupção, pode anunciar a renúncia no próximo domingo. Quando a demissão for efectiva, Olmert continuará a ser primeiro-ministro de um governo de transição, até à formação de um novo gabinete.
Lusa